Pesquisa: quase um terço dos nordestinos faz "chá de revelação" para bebês

Estudo da marca de produtos para bebês Huggies descobriu que, no Nordeste, 29% das pessoas que esperam filhos realizam evento para anunciar sexo da criança; pesquisa ouviu mil pessoas em todo o País

Quase um terço das pessoas esperando filhos no Nordeste realiza o chamado "chá de revelação". Os dados estão em uma pesquisa realizada pela marca de produtos para bebês Huggies.

Segundo o estudo, 29% do público nordestino da pesquisa afirmou realizar eventos para anunciar o sexo da criança. A região é a única em que festas do tipo são mais comuns: no restante do País, a maior parte das pessoas realiza "chás de bebê" - no Sudeste, 65% dos casais relatou fazer estes eventos.

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A diferença é que, em um evento, anuncia-se o sexo da criança, e as possibilidades de presentes são mais genéricas. No outro, habitualmente em estágios mais avançados da gestação, costuma-se dar presentes direcionados aos padrões de gênero.

O estudo, chamado "Parentalidade Real", ouviu casais heterossexuais e homafetivos de diversos grupos raciais e classes sociais. A pesquisa foi feita em fevereiro deste ano, e os dados têm sido divulgados em etapas pela Huggies desde julho.

"Chás de revelação" recebem críticas

A prática, no entanto, não é consenso. A realização de "chás de revelação" é criticada, até mesmo, pela suposta criadora do primeiro evento do tipo.

A estadunidense Jenna Karvunidis, em 2008, fez dois bolos, um com recheio azul, outro com recheio rosa. Ela os deu à cunhada junto com o resultado, lacrado, do exame que indicava o sexo da criança. A orientação era de que ela abrisse o exame e levasse apenas o bolo correspondente à festa que estavam organizando.

A tática foi um sucesso e, após escrever em seu blog pessoal sobre a festa, Jenna foi entrevistada por uma revista especializada em gestação. O periódico, frequente nas salas de espera de exames pré-natais, acabou popularizando a prática. Com isso, ela é considerada "criadora" dos "chás de revelação".

A primeira filha de Jenna, Bianca, nasceria daquela gravidez. A criança, hoje com 14 anos, não se prende a estereótipos de gênero, apesar de se identificar como uma garota cis (ou seja, que se reconhece no sexo atribuído ao nascer).

Foi Bianca que começou a apresentar aos pais questões como padrões sociais atribuidos a homens e mulheres, transgenereidade e não-binareidade. Desde então, a criadora do "chá de revelação" passou a ser contra a prática.

Jenna pontua que, quando teve a ideia, buscava apenas envolver a família com sua gravidez. Seu irmão havia tido um filho meses antes do nascimento de Bianca, e os parentes não pareciam muito animados com uma nova gestação.

No entanto, conforme a prática se popularizou, os "chás de revelação" já causaram incêndios florestais e até mesmo mortes. Por isso, atualmente, a mulher se diz contra a realização destes eventos.

Na comunidade LGBTQIA+, os "chás de revelação" também são duramente criticados. O motivo é que os eventos acabam gerando expectativas sobre o genital de um bebê, que, ao crescer, pode não se identificar com o gênero designado.

Além disso, a prática fortalece estereótipos de gênero, como a ligação entre a cor azul para homens e a rosa para mulheres. A ideia de escolher presentes para os bebês somente após a definição do sexo estabelece, também, que existam "coisas de menino" e "coisas de menina".

Por fim, os "chás de revelação" acabam não levando em conta a existência de pessoas não-binárias e intersexo. Enquanto o primeiro grupo não se enquadra nas definições de gênero masculino e feminino da sociedade ocidental, o segundo diz respeito a uma série de condições médicas em que as pessoas não estão, biologicamente, nos padrões de homem (com cromossomos XY e produção de testosterona como principal hormônio sexual) ou mulher (com cromossomos XX e produção de estrogênio).

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