Médico cearense cria projeto que traduz receitas em linguagem mais acessível

A prescrição é gerada automaticamente, sendo organizada em horários, com linguagem fácil, informando como, quando e o que tomar. Imagens ilustrativas também auxiliam na comunicação da receita

Ir a uma consulta médica e não entender exatamente o que a receita informa, às vezes, pode parecer mais uma dor de cabeça, seja pelos termos médicos, nomes de medicamentos ou, até mesmo, pela letra do profissional de saúde. Há muitos casos em que a maioria das pessoas, em especial as que tiveram menos acesso ao ensino, tem uma grande dificuldade de compreender as informações passadas nas consultas. Diante do problema, um projeto realizado por um médico cearense é capaz de traduzir a prescrição em uma linguagem mais acessível, facilitando, assim, as orientações de um tratamento médico, de acordo com cada necessidade do paciente.

O projeto Pulsares, do médico Rogério Malveira Barreto, 28, trabalha, desde 2018, na tradução das prescrições. “Por meio de um software online e gratuito, o médico ou qualquer profissional de saúde pode gerar a receita nesse formato fácil para o paciente, que necessita apenas de um login e senha. A prescrição é gerada automaticamente e organizada em horários, com linguagem fácil, informando como, quando e o que tomar. Para auxiliar o público, as instruções também são acompanhadas de imagens ilustrativas dos procedimentos. A prescrição pode ser impressa ou enviada ao paciente por meio de e-mail ou outras formas de envio eletrônico”, explica Rogério.

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A iniciativa do médico surgiu ainda durante a faculdade de Medicina, na Universidade Federal do Ceará (UFC). Durante o curso, Rogério comentou que a forma da comunicação nas consultas chamava a atenção dele. “Sempre percebi que tinha coisas que não eram ditas nas consultas. Dúvidas que importavam. Percebi que alguns pacientes tinham um sentimento de vergonha em dizer que não entendiam o que foi passado”, comenta. Esse foi o estímulo para que o cearense, que atualmente mora em Florianópolis, Santa Catarina (SC), criasse a Pulsares.

Veja como funciona


Pesquisa

Antes de desenvolver a plataforma, Rogério começou trabalhos e pesquisas sobre direitos humanos, investigando, principalmente, o analfabetismo. Segundo ele, a pesquisa poderia trazer respostas para compreender se quando uma pessoa não consegue entender o que é dito durante uma consulta médica, isso pode ou não ocasionar a exclusão dela do processo de saúde. Outra investigação do profissional foi sobre o Letramento em Saúde, campo que aborda a habilidade de uma pessoa de ler, compreender e utilizar informações sobre saúde em busca de melhoria na qualidade de vida de uma comunidade.

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“Na época do internato, eu chegava a ir em alguns consultórios sem jaleco para conversar com as pessoas. Quando eu conversava com elas, num ambiente mais informal, muitas delas me informavam que saíam da consulta dizendo que não sabiam o que tinha na receita, como o que era o termo 'uso contínuo', por exemplo. Nesse momento, eu comecei a adaptar a receita desenhando”, lembra o médico. A partir disso, surgiu a ideia de tirar do papel e transformar a ideia numa plataforma eletrônica que ajudasse essas pessoas.

De acordo com o médico cearense, a Pulsares é baseada três pilares: Comunicação Não Violenta, Design Thinking e Letramento em Saúde. “O letramento em saúde é como as pessoas entendem saúde, são as habilidades em acessar, avaliar, entender e aplicar informações em saúde para se tomar decisões que mantenham ou aumentem a qualidade de vida”, explica o médico.

“A Comunicação Não Violenta é uma forma de cuidar da vida e das necessidades e sentimentos das pessoas em uma relação. Já o Design Thinking é uma abordagem de resolução de problemas focada no ser humano e na colaboração. O objetivo é explorar ao máximo um problema e, principalmente, as pessoas envolvidas”, complementa Rogério. Com a Pulsares, o médico espera poder colocar em prática a saúde que acredita, que parte de uma comunicação mais humana e efetiva. 

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