Médicos holandeses descobrem novas glândulas salivares no crânio humano

A descoberta é especialmente importante para melhorar a qualidade de vida de pacientes passando por radioterapias na cabeça, pescoço, garganta ou língua

Pesquisadores holandeses, do Instituto do Câncer da Holanda, descobriram um novo órgão no crânio humano. Trata-se de um par de glândulas salivares localizado na base do crânio, perto da faringe e “atrás” do nariz. A descoberta das glândulas tubárias, como foram nomeadas, foi publicada no periódico científico Radiotherapy and Oncology.

De acordo com o autor principal da pesquisa e cirurgião oral e maxilofacial, Matthijs Valstar, o desconhecimento do órgão até agora provavelmente se dá pela localização escondida das glândulas. Não à toa, a observação das tubárias foi por pura coincidência.

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O oncologista Wouter Vogel e Valstar estavam investigando os efeitos colaterais que a radiação da radioterapia pode ter na cabeça e no pescoço humanos. No processo, eles usaram um marcador que destaca as glândulas salivares para protegê-las da radiação. Foi nesse momento que o inesperado aconteceu: o marcador iluminou duas áreas que, pelo que a Medicina tinha conhecimento, não deveriam ter glândulas.

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Curiosos, eles começaram a investigar o que poderia estar naquela área iluminada. Após verificar 100 pacientes e cadáveres, eles confirmaram a presença de novas glândulas salivares até então despercebidas na anatomia humana. Por estarem próximas à faringe - um tubo que comunica o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao esôfago -, elas foram nomeadas de glândulas tubárias.

Qualidade de vida para pacientes com câncer

 

A função das glândulas salivares é auxiliar no processo de deglutição (engolir a comida) e de digestão. Isso porque a saliva, além de ser lubrificante, contém enzimas que “quebram” os alimentos para absorção de nutrientes. Se esses órgãos forem prejudicados, todo o ato de engolir e digerir é afetado.

E algo que pode machucar as glândulas salivares é a radiação, muito utilizada nos tratamentos de cânceres. Por isso, quando pacientes com cânceres na cabeça, pescoço, garganta ou língua são submetidos a sessões de radioterapia, é essencial que esses órgãos sejam protegidos.

“A relevância da pesquisa se dá pela possibilidade de, sabendo que essas glândulas existem nessa região, poupá-las quando for realizada uma cirurgia e radioterapia”, explica o neurocirurgião pediátrico, Eduardo Jucá. Para ele, é muito interessante que a ciência da anatomia continue avançando e dando base para aprimorar tratamentos já existentes.

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Por outro lado, a função exata das glândulas tubárias ainda deve ser estudada, reforçam os pesquisadores holandeses. No entanto, a hipótese é que seja de lubrificação da boca e deglutição, já que, em 723 pacientes, a dose de radioterapia na área foi associada à xerostomia (baixa produção de saliva) e disfagia (dificuldade de engolir).


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