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Covid-19 na China gera ansiedade e pânico em grávidas

Cerca de 50 milhões de pessoas estão em quarentena em Wuhan e em outras cidades na província de Hubei
11:44 | Mar. 06, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Angustiadas pelo coronavírus, várias mulheres chinesas grávidas dão à luz com medo, evitam exames pré-natais no hospital para reduzir qualquer risco de infecção, ou vão a clínicas privadas - mais caras, porém consideradas mais seguras.

Xie, uma jovem mãe, explica à AFP que teve de dar à luz a filha sozinha, sem o marido, ou qualquer outro membro da família, já que ninguém podia acompanhá-la ao hospital de Wuhan (centro), o epicentro da epidemia.

A cidade, cujos 11 milhões de habitantes estão em quarentena desde o final de janeiro, responde por 62% dos casos de Covid-19 registrados na China. Quase toda a população de Wuhan está confinada em suas casas.

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Por medo de ser contaminada em hospitais, Xie desistiu de passar pelos exames pré-natais. De qualquer modo, os inúmeros obstáculos em Wuhan teriam dificultado. "Eles me deixaram passar quando fui dar à luz", diz a mulher. "Mas, quando cheguei, havia apenas um quarto disponível", conta.

"Durante a minha estada, tive que usar máscara e luvas. Lavei minhas mãos regularmente e mal saí da cama", relata Xie.

Cerca de 50 milhões de pessoas estão em quarentena em Wuhan e em outras cidades na província de Hubei. Os vídeos de propaganda divulgados pela mídia mostram, regularmente, voluntários que levam mulheres grávidas a hospitais.

Xu Tingting, originalmente de Huanggang, município fronteiriço de Wuhan, diz à AFP que teve grandes dificuldades em encontrar um veículo quando as contrações começaram. "Pedi aos meus pais que me levassem ao hospital. Mas demorou duas horas para encontrar um veículo. Fiquei apavorada. Pensei em dar à luz sozinha na minha casa", lembra ela.

Agora, as duas mães têm medo da ideia de ir até o hospital com seus bebês, dois meninos.

Em toda China - com mais de 80.000 pessoas infectadas e 2.900 mortas -, as grávidas estão preocupadas. Em Pequim, Angelika Fu dará à luz em duas semanas. Ela escolheu uma clínica privada, apesar do preço dez vezes maior do que o de um hospital público. "É mais caro, mas queremos evitar tantas pessoas e nos sentirmos mais seguros", disse à AFP.

Os serviços de ajuda psicológica afirmam terem visto um forte aumento na demanda. "Em um mês, dezenas de grávidas e mães jovens telefonaram, totalmente apavoradas", explica uma voluntária de uma assistência telefônica criada pela igreja protestante em Pequim.

A epidemia ocorre em um contexto em que a taxa de natalidade está em declínio na China, por isso, apesar da flexibilidade da política que limita o nascimento, o governo agora permite que os casais tenham dois filhos.

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