Participamos do

Consumo da carne de morcego pode ser o responsável por espalhar o vírus ebola

A prática de consumir animais selvagens, além de ser comum é um hábito da população da região africana
15:34 | Out. 20, 2014
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

A epidemia de ebola ainda é uma incógnita para muita gente. Apesar de não saber exatamente de que maneira o vírus é transmitido há uma especulação que a doença pode ter ganhado grandes repercussões após o consumo de carne de morcego.

Morador de uma vila na Guiné, no leste da África, a criança de dois anos, apelidade por infante zero comeu carne de morcegos, após sua família ter caçado duas espécies de morcegos conhecidas por hospedar o vírus.

O menino morreu em dezembro de 2013. Segundo a BBC esse poderia ser considerado o início da epidemia. Nessa região o consumo de carne de morcego é comum e frequente.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

A prática de consumir animais selvagens, além de ser comum é um hábito da população daquela região africana. É estimado que na Bacia do Congo, as pessoas consomem cinco milhões de toneladas de carne de animais selvagem por ano.

Os Morcegos não são os únicos animais menos convencionais que chegam as mesas de famílias africanas: chimpanzés, ratos, cobras e até porco-espinhos são mortos para um consumo.

O grande problema está na transmissão de sérias doenças, que são passadas por esses animais, dentre eles o morcego.

Eles são hospedeiros ideias, já que oferecem resistência ao vírus ebola. A infecção acontece por meio de suas fezes ou de algumas frutas que eles tocarem.

Mesmo com tanta especulação, ainda não é possível saber exatamente como o ebola é transmitido de animais para humanos.

O virologista da Universidade de Nottingham, Johnathan Ball, disse que há uma “espécie intermediária” no processo, apesar de também de haver algumas evidências de possa pegar ebola diretamente de morcegos.

"Mas é difícil para o vírus saltar a barreira das espécies até os humanos. O vírus teria que primeiramente ganhar acesso via sangue, contaminando células, para se replicar", disse.

A maioria dos que consomem essa carne de animail selvagem já compram o produto cozido ou defumado. O risco, no entanto, é muito maior para quem manuseia o material cru.

Uma enquete revelou ainda que os caçadores de morcegos tiveram contato com o sangue dos animais, além de terem sido mordidos ou arranhados por eles.

Além de saber que a origem da doença é animal, é importante lembrar que, embora as chances de infecção sejam raras, elas são possíveis.

Combate ao consumo da carne

A atitude das autoridades sanitárias está sendo lidar com o problema da contaminação pelo consumo de carne de animais selvagens.

Na Libéria, um dos países afetados pela epidemia, foi proibido à venda de carne desse tipo de animal. No entanto, é alegado que, por conta da proibição, ocorra o mercado negro. Além também do choque cultural.

"Estamos falando de uma sociedade em que há o sentimento de que você não se alimentou de forma apropriada se não tiver comido carne. Não há grandes rebanhos que possam servir como fonte alternativa", explica Marcus Rowcliffe, da London Zoological Society.

O jornal Washington Post questionou a prática abertamente. Já a revista New Scientist pediu uma proibição como forma de proteção à fauna.

"Sabemos que houve uma contaminação de um morcego para uma criança na Guiné, mas, desde então, esta epidemia teve transmissão de humano para humano.

As pessoas estão muito mais expostas por conviver com humanos do que por comer morcegos", afirma a antropóloga Melissa Leach, da Universidade de Sussex.

O alerta para o risco do contato com o animal foi dado por especialistas que temem e acreditam que novos casos são apenas questão de tempo.

"É inevitável que vejam novos casos de ebola ou outras doenças transmissíveis por morcegos por causa das doenças que estes animais abrigam. Os riscos podem ser baixos, mas as consequências seriam graves", explica Rowcliffe.

 

Redação O POVO Online

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente