Clãs do Rio tentam se manter no poder após Lava Jato
A despeito da prisão e das acusações das quais o pai, Sérgio Cabral, é alvo - de liderar o maior esquema de corrupção já descoberto no Rio - o deputado federal Marco Antônio Cabral (MDB) tem feito uma campanha discreta, sem anunciar sua agenda. Ele aposta no capital político que deu quase 120 mil votos em 2014 - quando foi o novo deputado federal mais votado do Estado.
"Cabralzinho", como é chamado pela semelhança física com o pai, não cola mais sua imagem à dele. Prefere ressaltar sua atuação no parlamento e se vender como um "jovem que tem história", como diz seu jingle. Por outro lado, sutilmente se refere a ele quando rima "ficar legal" com "Cabral", como se cantava num jingle antigo, na campanha do pai à prefeitura carioca em 1996.
No Facebook, inclui os políticos do lado materno, Tancredo, seu tio-bisavô, e Aécio Neves (PSDB).
A estreante Danielle Cunha (MDB) disputa uma vaga na Câmara com "a missão de carregar o legado político" do pai, Eduardo Cunha, que está preso há 22 meses. Mirando o eleitorado evangélico dele, ela adotou o discurso em defesa "da vida, da família e do Rio".
Seguindo orientação de Cunha, ela pediu na semana passada à Justiça Eleitoral mineira que barre a candidatura da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) ao Senado. Nem Marco Antonio nem Danielle deram entrevista.
Na família dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho (PRP), a novidade é a candidatura do filho Wladimir à Câmara federal. Ele vai dividir voto com a irmã, Clarissa, que tenta a reeleição enquanto o patriarca mais uma vez busca voltar ao Palácio Guanabara. Garotinho está com a candidatura impugnada por causa de acusação de improbidade administrativa.
Em 2017, ele e Rosinha foram presos, suspeitos de crime eleitoral. "É um desejo do Wladimir, e evidentemente não repetirei os 335 mil votos que tive", acredita Clarissa.
Entre os Piccianis houve uma baixa. Com o pai e irmão caçula, Felipe, o único que não é político, respondendo à Justiça, Rafael Picciani, deputado estadual, decidiu não concorrer.
O nome forte em 2018 é Leonardo Picciani, deputado federal e ex-ministro do Esporte de Michel Temer (MDB). No lançamento de sua candidatura à reeleição, no reduto eleitoral de Anchieta, zona norte do Rio, semana passada Leonardo mencionou o pai e Rafael brevemente, mandando-lhes "uma saudação especial, por tudo o que fizeram pelo Estado".
Picciani não acha que a Lava Jato irá lhe tirar chances. "Estou disputando minha quinta eleição. O eleitor tem um histórico meu, independentemente do meu pai, irmão e outros companheiros do partido. Os principais partidos brasileiros tiveram quadros com problemas", afirmou.
Para Cesar Maia - que pleiteia vaga no Senado pela terceira vez enquanto o filho, Rodrigo, tentará a reeleição à presidência da Câmara - a Lava Jato pode afetar o número de votos dos filhos de investigados, mas não necessariamente irá sepultá-los politicamente. "A tradição sempre foi uma marca na política. Isso é geral, em todos os países", disse.
No caso de Bolsonaro, a grande exposição com sua candidatura à Presidência vem inflando as chances dos filhos Flávio, um dos líderes das pesquisas para o Senado, e Eduardo, deputado federal por São Paulo tentando a reeleição.
O cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, acha pouco provável que os "filhos de" com "heranças malditas" tenham sucesso garantido neste pleito, como Danielle Cunha e Marco Antonio Cabral. "Já os que têm a visibilidade do pai, como os filhos do Bolsonaro, ou parte da máquina, como o do Picciani, têm as candidaturas priorizadas pelos partidos", avalia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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