O que aliados e oposição já disseram sobre prisão de Bolsonaro
Após STF rejeitar recursos e publicar acórdão, aumenta a discussão sobre a prisão de Bolsonaro. Entenda o caso e as reações de aliados e opositores
16:10 | Nov. 21, 2025
A discussão sobre a prisão em regime fechado de Jair Bolsonaro ganhou força após a publicação do acórdão que rejeitou um dos recursos da defesa no Supremo Tribunal Federal (STF), o qual formalizou a rejeição dos primeiros recursos de sua defesa e de outros réus no caso da tentativa de golpe de Estado.
Condenado a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente aguarda a decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre quando começará a cumprir a pena. Bolsonaro, entretanto, já cumpre prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica desde agosto, após descumprir medidas cautelares.
A expectativa é de que o STF determine a data da prisão decorrente da condenação de setembro já na próxima semana.
O avanço do processo reacendeu pressões políticas. No Congresso, lideranças do PL tratam da anistia para os condenados pelo 8 de janeiro, projeto que também beneficiaria Bolsonaro.
Internamente, dirigentes do partido acreditam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), só pautará o tema quando o STF ordenar a prisão em regime fechado.
STF e defesa: qual a situação de Bolsonaro
Na terça-feira, 18, o acórdão da Primeira Turma foi publicado, oficializando a rejeição unânime dos embargos de declaração.
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Agora, a defesa de Bolsonaro tem até domingo, 23 de novembro, para apresentar novos embargos, conhecidos como embargos dos embargos. Só depois disso o caso poderá transitar em julgado, permitindo a Moraes definir o destino imediato do ex-presidente.
Do ponto de vista político, o futuro de Bolsonaro tem sido explorado por aliados e opositores.
A eventual ordem de prisão em regime fechado intensifica disputas entre bolsonaristas, governistas e oposição, que veem no caso uma oportunidade para pressionar o STF ou reorganizar o debate nacional.
Como aliados de Bolsonaro reagem à condenação e prisão
Entre aliados do PL, a decisão de Moraes de impor prisão domiciliar em agosto gerou revolta. Parlamentares se mobilizaram para visitar Bolsonaro e pediram ao Supremo autorização formal para a visita.
A defesa do ex-presidente afirma haver contradições na decisão de Moraes. Os advogados dizem que o ministro autorizou entrevistas e discursos públicos e que Bolsonaro respeitou essa permissão.
Para eles, não haveria base para medidas mais duras, como a transferência imediata ao regime fechado.
Em mensagens a aliados, o ex-presidente negou qualquer plano golpista, afirmando nunca ter buscado ruptura democrática. A defesa insiste que houve cerceamento, porque não teve tempo suficiente para examinar todo o processo antes do julgamento.
Governadores alinhados ao bolsonarismo também criticaram o STF. Em 4 de agosto de 2025, Romeu Zema (Partido Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Eduardo Leite (PSD) e Ratinho Júnior (PSD) classificaram a decisão como mais um “capítulo sombrio” de perseguição política.
Além disso, aliados afirmam que Bolsonaro teme a prisão em regime fechado e cogitam lançar Tarcísio ao Planalto com promessa de anistia.
O grupo bolsonarista também tentou reforçar a manutenção da prisão domiciliar. Parlamentares visitaram a Papuda, alegaram problemas na estrutura e defenderam que Bolsonaro permaneça em casa por questões de saúde.
Críticas também se multiplicaram: aliados classificaram a decisão de Moraes como “confusa” e viram nela um recuo parcial.
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Como a oposição de Bolsonaro reagiu à prisão
A oposição de Bolsonaro também mostra reações a prisão do ex-presidente desde que prisão domiciliar foi decretada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes. Parlamentares afirmaram que a prisão confirma o Estado de direito e deve servir como alerta.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) escreveu "um tornozelo de cada vez em direção a Papuda", em publicação que compartilhou a notícia da prisão domiciliar do ex-presidente. O post faz referência às medidas cautelares impostas a Bolsonaro, dentre elas o uso de tornozeleira eletrônica.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) ironizou o ex-presidente: "Com isso, o ex-presidente não poderá sair de casa nem mesmo antes das 19h, tornando as nossas ruas mais seguras".
Deputados de partidos progressistas defenderam haver provas de tentativa de golpe e criticam a tese de perseguição.
Outros apontaram que a prisão domiciliar de Bolsonaro agrava tensões e cria uma “tempestade perfeita” contra Moraes dentro do Congresso.
Em setembro, a condenação de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pela tentativa de golpe movimentou as redes sociais de políticos de esquerda.
Por meio de publicação na rede social, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou que a sentença “reafirma a soberania popular expressa nas urnas em 2022” com a eleição de Lula.
Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Exteriores, disse que a condenação é uma lição “para que nunca mais ousem atentar contra o estado de direito e atentar contra a vontade do povo expressa nas urnas”.
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também comemorou, mencionando o plano para assassinar autoridades, descoberto pela Polícia Federal ao longo das investigações sobre o golpe.
“É um marco na defesa da democracia no Brasil e um exemplo para o mundo. Nosso país mostrará que a democracia e a soberania não se negociam e que ninguém está acima da lei”, declarou. (Com Marcela Tosi)