Quixadá: vereadora do PT denuncia violência política de gênero

Quixadá: vereadora do PT denuncia violência política de gênero durante sessão na Câmara

Diretório do PT repudiou agressões verbais em sessão da Câmara de Quixadá e fala em perseguição política e de gênero; vereadora diz ter passado mal e desmaiado após ataques verbais do colega

A vereadora Mônica Borges (PT) afirmou ter a saúde abalada após ser alvo de agressões verbais do colega Jackson Perigoso (PSB), durante uma sessão da Câmara Municipal de Quixadá – município distante 169,61 quilômetros de Fortaleza – na terça-feira, 14. Em publicação no Instagram, a parlamentar relatou ter passado mal e desmaiado após o episódio, que classificou como "violência política de gênero”.

Segundo Mônica, o conflito ocorreu durante a votação de um projeto que prestava homenagem a Dom Adélio Tomasi, bispo responsável pela criação do Santuário de Nossa Senhora Rainha do Sertão, um dos principais pontos de turismo religioso do município.

“Dentro da Câmara Municipal — o espaço que deveria ser da democracia, do diálogo e do respeito — eu fui violentada verbal e emocionalmente por um colega vereador”, escreveu a parlamentar. “Tive minha fala cortada, fui desrespeitada, hostilizada e acabei passando mal, chegando a desmaiar e ser levada ao pronto-socorro”, relatou.

O POVO tentou contato com o vereador Jackson, por meio de número de telefone disponibilizado na plataforma da Câmara Municipal e por e-mail disponibilizado no mesmo local, para solicitar posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. No caso de resposta do parlamentar a matéria será atualizada.

Reservadamente, interlocutores do partido do parlamentar, o PSB, informaram que Jackson é suplente e que assumiu o cargo após licença de um colega na Casa. Ainda segundo as lideranças da sigla, o partido tomou conhecimento do ocorrido e vai apurar o caso.

PT Quixadá divulga nota de repúdio e cita perseguição

O Diretório do PT de Quixadá emitiu nota de repúdio, confirmando o episódio e atribuindo as agressões verbais ao vereador Jackson Perigoso, identificado como integrante da base aliada da gestão municipal. No texto, o partido afirma que Mônica é alvo de “agressões e perseguição política e de gênero” desde que anunciou a intenção de disputar a Prefeitura de Quixadá.

“O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras manifesta profundo repúdio às ações de agressão manifestadas pelo parlamentar da base aliada da gestão municipal, Jackson Perigoso, contra a companheira Mônica Borges durante sessão na Câmara dos Vereadores nesta terça-feira”, diz trecho do comunicado.

“Seu mandato (de Mônica) é constantemente atacado e ameaçado por forças retrógradas, representadas e traduzidas hoje pelas falas incivilizadas, interrupções mal-educadas e atropelos ante a defesa da companheira de seus projetos na Casa Legislativa”, conclui a nota.

O partido também classificou o episódio como reflexo do “machismo e bolsonarismo” que, segundo o texto, persistem na política local. O documento foi publicado em grupos oficiais do partido e confirmado pela reportagem.

Violência política de gênero no Brasil

A denúncia de Mônica Borges se soma a outros episódios recentes de violência política contra mulheres no país.

Segundo dados do Observatório de Violência Política contra a Mulher, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os casos de agressões e ameaças a mulheres em cargos públicos — especialmente vereadoras e prefeitas — aumentaram nas últimas eleições municipais, com destaque para ataques verbais e virtuais.

A Lei nº 14.192/2021, sancionada para coibir esse tipo de prática, tipifica como crime qualquer forma de violência física, psicológica ou simbólica contra mulheres em atividade política, prevendo pena de até quatro anos de prisão. Ainda assim, conforme relatórios da ONU Mulheres e do próprio TSE, o Brasil enfrenta altos índices de subnotificação e impunidade, sobretudo em cidades do interior, onde muitas denúncias não chegam a ser formalizadas.

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