Eusébio declara 'Persona non grata' vereador de Joinville

Eusébio declara "Persona non grata" vereador de Joinville após declarações contra nordestinos

Vereadores de Eusébio apontam que posicionamentos do vereador Mateus Batista (União Brasil), de Joinville (SC), atentam contra a dignidade e a identidade nacional

A Câmara Municipal de Eusébio aprovou, na segunda-feira, 15, um requerimento que declara o vereador Mateus Batista (União Brasil), de Joinville (SC), como Persona non grata (Pessoa Não Grata) no município – distante 22 quilômetros da Capital.

A determinação é uma resposta às declarações e proposições feitas pelo parlamentar catarinense, consideradas de caráter discriminatório e xenofóbico contra a população nordestina. O pedido foi apresentado pelo vereador eusebiense Gabriel França (União Brasil), do mesmo partido do parlamentar catarinense.

Reação

O autor argumenta que as falas e iniciativas do parlamentar de Joinville atingem diretamente a dignidade dos nordestinos. O catarinense defendeu um projeto de lei que buscava controlar a migração para as cidades catarinenses, impedindo que o Estado se torne "um grande favelão". A medida é considerada inconstitucional.

Para os vereadores de Eusébio a proposta "afronta princípios de igualdade, fraternidade e respeito às diferenças regionais”.

O autor do requerimento, disse ao O POVO que o vereador de Santa Catarina é um “playboyzinho que quer ganhar mídia em cima de uma exploração xenofóbica dos nordestinos.”

“A gente visa combater e dizer pra esse ‘vereadorzinho’ aí – que muito me desonra ser do meu próprio partido – que ele não conhece nem o Nordeste, nem o Estado do Ceará, nem o Eusébio. (Não conhece) as belezas que a gente abriga, e não conhece, tampouco, a própria cidade dele”, afirmou Gabriel.

Gabriel afirmou ainda que o vereador catarinense justificou a tentativa de controle migratório em entrevistas. “Já vi entrevistas dele dizendo que não é xenofóbico, porque a ideia da lei não é essa, mas nas suas falas, ele alega que a medida é para evitar que Santa Catarina vire um 'favelão'”, ressaltou Gabriel.

No requerimento aprovado em Eusébio, destacou-se que a migração nordestina tem papel fundamental no desenvolvimento econômico, social e cultural do Brasil, e que manifestações preconceituosas contra esse grupo configuram uma agressão à própria identidade nacional.

O que diz o vereador Catarinense

Em nota à imprensa, Mateus afirmou que "não há nenhum projeto de lei devidamente protocolado que vise proibir a migração de qualquer estado específico do país".

"O esboço inicial do projeto se trata de uma proposta de abrangência nacional para controle migratório interno, com foco em planejamento habitacional e em preservação dos serviços públicos, sem qualquer menção a restrições direcionadas a Estados ou regiões específicas. As interpretações equivocadas e distorcidas têm gerado uma onda de ataques infundados", afirmou a nota.

Ainda em publicações de suas redes sociais, o vereador de Joinville afirmou que, desde a divulgação do projeto, vem sofrendo ameaças. Batista acrescentou ainda, em publicações, que as menções de "persona non grata" não o afetam.

"Aqui a gente vai aumentar a estrutura da guarda, controlar a migração e garantir segurança pública de verdade. Podem falar em prisão, moção de repúdio, o que quiserem… nada disso vai me parar. Essa é a pauta mais importante de SC — e eu vou até o fim nessa batalha", destacou.

Caráter simbólico da medida

A declaração de Pessoa Não Grata não tem efeito jurídico prático — como impedir a entrada ou restringir direitos —, mas funciona como um gesto político de repúdio. Em geral, é usada por Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas para marcar posição contra figuras públicas ou autoridades que tenham feito declarações ou tomado decisões consideradas ofensivas.

A aprovação da moção prevê ainda que a decisão seja comunicada ao Legislativo de Joinville e divulgada à imprensa.

Acompanhe as últimas notícias no O POVO News:

Assista também clicando aqui.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar