Indicação de Aline Albuquerque à Arce gera embate entre oposição e base de Elmano
Deputados de oposição alegam que indicação é política e faz parte de estratégia para atrair ex-prefeitos derrotados para a base; Aliados do governador falam em indicação técnica; Aline é ex-prefeita de Massapê e filha do secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque
A indicação da ex-prefeita de Massapê Aline Albuquerque (Republicanos), pelo governador Elmano de Freitas (PT), ao cargo de conselheira da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce) tem gerado embates entre a oposição, que critica a indicação, e a base do governador, que vem defendendo a filha de Zezinho Albuquerque (PP), atual secretário de Cidade do Ceará, como um nome técnico.
Aline é irmã do deputado federal AJ Albuquerque (PP-CE), presidente do Progressistas no Ceará, mas a relação entre os dois azedou após divergências em disputas eleitorais recentes. Com a indicação, Aline deve passar por sabatina na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) ainda nesta semana.
Para o deputado estadual Felipe Mota (União), a indicação representa um "inchaço da máquina" pública. "Estão criando trens da alegria para dar empregos a prefeitos e ex-prefeitos, que eu quero dizer aqui, ex-prefeitos que foram derrotados ou que deixaram seus cargos para querer mostrar essa aproximação", critica. Em 2024, quando Aline tentava reeleição, foi derrotada por Ozires Pontes (PSDB), que recebeu apoio do irmão da ex-prefeita, o deputado AJ Albuquerque.
Mota antecipou que votará contra a indicação. O deputado, que é 3° secretário da Mesa Diretora da Alece, não vê Aline como um nome técnico. "A experiência dela, daria uma grande secretária. Se você pega a Aline, que é ex-prefeita de um município importante na Zona Norte e ela vai para uma Secretaria da Proteção Social, da criança e adolescente, das próprias mulheres, ela seria uma grande secretária", projeta.
Ele continua: "Já na Arce, eu acho que é um campo mais técnico. Eu não quero aqui desmerecer ninguém porque, às vezes, a pessoa tem a formação de ensino superior, tem doutorado, mas é um trabalho mais no campo técnico, decide mais sobre as fiscalizações dos serviços que são executados no Estado. Mas eu respeito, é uma decisão do governador. Ele coloca a pessoa, não sei se por meritocracia ou se por 'políticocracia'".
Nessa segunda-feira, 25, o ex-deputado federal Capitão Wagner (União), também contestou a indicação. “O Elmano está dando emprego para todos os prefeitos derrotados. Não tem nenhuma relação, a questão é voto”, alegou o opositor.
Base defende indicação
Líder do governo Elmano na Alece, o deputado Guilherme Sampaio (PT), vê a crítica da oposição com tons de machismo. "A Aline é uma economista que trabalhou no Tribunal de Contas do Estado e que foi prefeita de uma cidade importante do Interior. E eu acho que isso é um currículo invejável para você compreender o papel de uma agência de regulação, como é o caso da ARCE", defende.
O deputado também comentou a tese, levantada pela oposição, de ser uma iniciativa puramente política, no que diz respeito a manter por perto o PP, partido de Zezinho e que integra a base governista atualmente, em meio ao surgimento da federação União Progressista (UPb).
"Em relação à ligação com o PP, só se agora a oposição quiser que quando a gente vá consultar para sugerir indicações de cargos que cabem ao governo, a gente indique cargos de pessoas ligadas à oposição", ironizou.
Guilherme disse ser "óbvio que quando você ganha uma eleição com seus aliados, você governa com seus aliados. Você não governa com a oposição. Então a oposição está preocupada com isso. Ela melhore o seu discurso, melhore o seu programa, conquiste o voto do povo, ganhe a eleição", disparou.
O deputado De Assis Diniz (PT), 1º secretário da Mesa Diretora da Alece, defende que a ex-gestora “é uma pessoa que tem as qualificações e competências para exercer uma função em uma agência tão importante”, afirmou o petista à Coluna Vertical do O POVO.