Deputados cearenses repudiam tarifaço de Trump: 'Não aceitamos ameaças'
Texto assinado pelo presidente Romeu Aldigueri condena a unilateralidade das ações do governo dos Estados Unidos contra o Brasil
Deputados cearenses aprovaram, em sessão plenária nesta terça-feira, 5, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), um manifesto com críticas ao tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump contra o Brasil. Assinado pelo presidente da Casa, deputado Romeu Aldigueri (PSB), o manifesto "em favor da economia e do povo do Ceará" recebeu apoio de 31 dos 46 parlamentares.
No documento, o presidente da Alece destaca a postura de enfrentamento do governo americano e o interesse do Ceará em resolver a questão, reforçando que o Estado não aceitará ameaças. Apesar de não ter votos contrários, dentre os deputados de oposição na Alece, apenas Felipe Mota (União Brasil) e Heitor Ferrer (União Brasil) votaram sim.
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Oposição estava presente, mas não votou
Deputados estaduais da oposição foram críticos ao manifesto, e embora presentes no Plenário 13 de Maio, não votaram, nem contra e nem a favor.
Os parlamentares que não votaram foram: Alcides Fernandes (PL), Antônio Henrique (PDT), Cláudio Pinho (PDT), Sargento Reginauro (União), Lucinildo Frota (PDT), Queiroz Filho (PDT) e Pedro Matos (Avante).
Ao O POVO, Alcides afirmou que tal medida é uma "pegadinha" do presidente da Alece, Romeu Aldigueri.
O que diz o texto
Na redação do manifesto há uma crítica à unilateralidade das ações do governo dos Estados Unidos, argumentando que elas prejudicam a economia do Ceará, a criação de empregos e setores produtivos estabelecidos no Estado.
Aldigueri enfatiza a resiliência do Ceará e seu compromisso com o multilateralismo, condenando a postura dos Estados Unidos e classificando-a como um ataque à soberania brasileira. Por fim, manifesta a intenção de unir forças para defender os setores mais afetados, como pescados e castanhas de caju, contra o que ele considera uma injustiça.
Confira na íntegra o que diz o manifesto
Manifesto em favor da economia e do povo do Ceará
Em respeito a todos os cearenses, repudio a unilateralidade do Governo dos EUA, cujo resultado será de perda de empregos, desmonte de cadeias produtivas e desconstrução de setores que demoraram anos para montar a logística necessária a fim de estruturar suas operações.
O estado do Ceará tem surpreendido o Brasil com convergências que construíram a melhor educação pública do país, além de um turismo competitivo, uma infraestrutura cuja evolução é inegável, um debate democrático civilizado, uma integração entre poder público e iniciativa privada pautada no republicanismo, o surgimento de líderes nacionais e outros frutos que somente podem nascer em terras que priorizam a vontade coletiva em detrimento da pessoal.
Atitudes que se refletem em um mercado saudável e pujante, agregador e voltado para nossas necessidades de crescimento, só são possíveis em ambiente de paz, inclusive comercial. Porém o Brasil, exímio e inquestionável defensor do multilateralismo, é penalizado por um tarifaço em virtude do voluntarismo do Presidente americano que, motivado por razões incompreensíveis sanciona o país, atingindo de forma cruel um estado pobre que luta há décadas para entregar o melhor para seu povo.
Relações diplomáticas devem ser fundamentadas em diálogo e técnica. Jamais na chantagem e opressão. O Ceará é parte de uma nação lutadora, de uma brava gente, com separação entre poderes, com história de superação e não baixará a cabeça jamais para a injustiça, o autoritarismo e os ataques a sua soberania e sua gente.
Portanto, somo minhas forças ao Estado, à União, ao setor produtivo e a diversas instituições, para defender os setores mais atingidos, a exemplo de pescados, castanhas de caju, água de côco, cera de carnaúba, couros e calçados, para encontrar soluções. Porque não aceitamos ameaças. Nunca.
Deputado Romeu Aldigueri
Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará
Com informações do repórter Guilherme Gonsalves
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