Sarto diz que deixa o PDT se o partido continuar como 'puxadinho do PT'

Ex-prefeito falou do futuro na política, pregou união da oposição e criticou a "hegemonia" petista

17:15 | Jul. 09, 2025

Por: Marcelo Bloc
Café da Oposição com José Sarto, ex-prefeito de Fortaleza (foto: FÁBIO LIMA)

O ex-prefeito de Fortaleza José Sarto afirmou que cogita deixar o PDT caso a sigla mantenha alinhamento atual com o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele se colocou como parte da oposição, elogiou os aliados Roberto Claudio e Ciro Gomes e falou sobre o próprio futuro político. Sarto participou do Café da Oposição, na manhã desta quarta-feira, 9, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

"Cogito (deixar o PDT); desde que o partido que eu estou hoje não siga esse alinhamento que a gente pensa fazer, em nível nacional, estadual e municipal. Se o PDT continuar como um puxadinho do partido do governo (PT) hoje, aí a nossa ideia é de, no tempo devido, estudar, conversar com as pessoas que a gente está conversando, com os amigos, com os correligionários, para uma mudança de partido", explicou, lembrando ter tempo para definir isso, já que a eleição acontece apenas em 2026.

Recentemente, mesmo com deputados estaduais na oposição, o PDT no Ceará sinalizou integrar base do governador Elmano de Freitas (PT).

PSDB

Sarto comentou a possibilidade de migrar para o PSDB, admitindo que ocorreram reuniões com aliados. "O senador Tasso (Jereissati), o ex-governador, eu tenho o privilégio de ter tido uma convivência muito harmônica. Nós temos nos reunido sistematicamente, o Ciro, o Tasso, Roberto (Cláudio), o (Capitão) Wagner, o PL, por vezes através do Carmelo (Neto), por vezes através do deputado André Fernandes. A gente tem se reunido para construir um consenso programático que se estabeleça contra essa hegemonia. Estamos discutindo".

Planos para 2026

O ex-prefeito, que foi vereador de Fortaleza e deputado estadual, admitiu que sairá candidato em 2026. No entanto, questionado se disputará novamente uma vaga na Assembleia Legislativa ou se tentará uma cadeira na Câmara dos Deputados, Sarto despistou.

"Eu sou candidato a construir essa oposição. Pode ser como jogador, como técnico, pode ser como gandula, pode ser plateia. Pode ser qualquer coisa, mas a minha ideia é construir essa oposição", brincou, ressaltando que essa não é uma decisão apenas dele.

RC ou Ciro?

Quando questionado sobre quem seria o nome ideal para disputar o Governo do Estado pela oposição em 2026, se Roberto Cláudio ou Ciro Gomes, o prefeito adiou a discussão. "São dois excelentes quadros da política brasileira e da política estadual. Quem quer que seja o candidato desse sentimento de construção de uma oposição, qualquer que seja ele", disse.

E prosseguiu: "O nome ideal é o nome que, no tempo devido, esse conjunto de forças que são contraditórias, por vezes, mas que se convergem num pensamento único de combater uma hegemonia, qualquer nome que for apontado por esse grupo terá o apoio de todos que estão compondo essa oposição".

Relação com bolsonaristas

O ex-prefeito de Fortaleza afirmou continuar tendo divergências de pensamentos com parlamentares bolsonaristas, com os quais teve embates, principalmente durante a pandemia. No entanto, lembrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível.

"Pelo que está estabelecido na legislação eleitoral, ele (Bolsonaro) é inelegível. Então, creio que não sendo candidato, eles vão apresentar uma candidatura que vai fazer o antagonismo ao petismo em nível federal e em nível estadual. Esse projeto deve ser discutido, porque também não adianta só apresentar um nome, primeiro tem que reunir as condições legais necessárias. Tem que ser elegível, defendo a tese que se vai construir uma candidatura que tenha chances reais de mudar a trajetória do poder no Brasil".

Sarto falou que é necessário superar divergências. "Para você ver em que ponto nós chegamos. Essa hegemonia (PT) é tão deletéria, tão prejudicial, que a gente precisa colocar de lado as nossas divergências pessoais. Porque, se eu ficar olhando pelo retrovisor, eu vou ficar vendo críticas que me foram feitas ou críticas que eu fiz, eu vou esquecer o Estado. O Ceará não suporta mais essa hegemonia".

Convergência maior

O pedetista defendeu que se chegue a um consenso, pensando nas eleições, já que o grupo da oposição no Estado teria mais convergência hoje do que divergências.

"Vamos continuar tendo divergências. Eu continuo com o mesmo pensamento que sempre tive. Continuo tendo divergências, mas as nossas convergências hoje são maiores, são mais imperativas do que a divergência. Qual a nossa convergência? É colocar o projeto alternativo de poder, que devolva o Ceará para o cearense, que tome o comando da economia e combata a criminalidade", finalizou.