Qual a relação entre Bolsonaro e a família de Rubens Paiva, de Ainda Estou Aqui
Filme que concorre ao Oscar traz história de família de Rubens Paiva, mas você sabia que há uma relação entre ela e o ex-presidente Jair Bolsonaro?
Com a proximidade da cerimônia do Oscar e a expectativa que paira sobre possíveis premiações ao filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, um assunto retorna à memória: a relação existente entre o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e a família de Rubens Paiva, personagem do filme.
A relação remonta à infância, mais precisamente à cidade onde Bolsonaro passou parte de sua adolescência, Eldorado Paulista (SP), no Vale do Ribeira. Pai de Rubens, Jaime Paiva tinha forte influência política e financeira na região, tendo sido prefeito da cidade de Eldorado e eleito deputado duas vezes, sendo a última em 1968, pelo partido Arena.
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Jaime era proprietário da Fazenda Caraitá, mencionada por Bolsonaro na biografia Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro, escrita pelo filho Flávio. Na citação, Jair comenta que as diferenças de classes na época o incomodavam bastante, e que "parte considerável do território da cidade de Eldorado Paulista era de domínio particular, uma fazenda enorme chamada Caraitá – que hoje seria um latifúndio".
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O ex-presidente já afirmou publicamente, por diversas vezes, sem nenhuma prova, que a Família Paiva protegeu o guerrilheiro Carlos Lamarca, militar que desertou do Exército para lutar contra a ditadura, e viabilizou uma área para a guerrilha. Diferentemente do filho Rubens Paiva, o ex-prefeito Jaime Paiva foi um político de direita.
Além disso, o ex-presidente já afirmou algumas vezes que os filhos de Rubens, retratados no filme que concorre ao Oscar, não passavam de jovens privilegiados com luxos inacessíveis a ele.
Visão antagônica relativa ao período militar
Na década de 1990, como deputado, Jair Bolsonaro constantemente negava, no plenário da Câmara dos Deputados, o assassinato de ex-deputados por militares e contrariava as investigações da Comissão Nacional da Verdade. Bolsonaro chegou a dizer que Rubens foi morto por "guerrilheiros de esquerda".
Em 2014, durante a inauguração de um busto em homenagem a Rubens Paiva na Câmara dos Deputados, o ex-presidente teria cuspido na estátua, chamando-o de “comunista” e “vagabundo”, fato relatado e repudiado nas redes sociais por Chico Paiva Avelino, neto de Rubens, que expressou indignação com o ato.