Delgatti teria incluído no sistema do CNJ falso alvará para soltar integrante de facção

A acusação consta em denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Também foi denunciada a deputada Carla Zambelli, apontada como mandante de uma invasão ao site do CNJ.

O hacker Walter Delgatti teria inserido, em sistema mantido pelo Conselho Nacional de Justiça, um falso alvará para soltar um integrante da facção criminosa Comando Vermelho. A acusação consta em denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta terça-feira, 23, entregue ao Supremo Tribunal Federal. Na decisão, também foi denunciada a deputada Carla Zambelli (PL-SP), apontada como mandante da invasão do site do CNJ.

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Utilizando informações da Polícia Federal, a denúncia da PGR aponta que, além do portal do Conselho, Delgatti teria invadido o Sistema Eletrônico de Execução Unificado – SEEU, por meio do qual é possível ter controle de acesso ao Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).

Neste ambiente virtual, ele teria inserido a decisão de soltura de Sandro Silva Rabelo, o Sandro Louco, condenado a mais de 200 anos de prisão e tido pela polícia local como um dos líderes do Comando Vermelho.

O documento contava com autorização do juiz Leonardo de Campos Costa e Silva Pitaluga, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá. A inserção ocorreu em 5 de janeiro de 2023, um dia depois da inclusão, no site do CNJ, de um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.

Descoberta cinco dias depois, em 10 de janeiro, a falsificação no pedido de soltura foi tida pela PGR como tendo um amplo poder, por ter sido inserida em um sistema no qual qualquer usuário poderia acessar o conteúdo. “O alvará poderia ter alcançado o efeito da soltura de sentenciado a duas centenas de anos de reclusão”, dizem na denúncia.

Sandro segue preso, segundo informado pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso ao G1. Ao todo, o tempo de prisão dele abrange mais de 15 condenações, relacionadas a homicídio, latrocínio, sequestro, porte de arma, roubo e organização criminosa.

Em resposta, a defesa de Delgatti informou: "Walter é réu confesso na invasão do CNJ, portanto não é surpresa a denúncia em seu desfavor. Com relação à denúncia perpetrada a Carla Zambelli, só confirma que Walter falou a verdade", alegaram ao G1.

Entenda a denúncia da PGR contra Delgatti e Carla Zambelli

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito de uma investigação sobre uma invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os dois teriam praticado dez crimes, visando inserção de dados falsos no portal do Conselho.

A invasão ocorreu no fim de 2022, mas a inserção dos dados teria sido realizada em 4 de janeiro de 2023, quatro dias antes dos atos antidemocráticos em Brasília. Delgatti supostamente inseriu documentos falsos, dentre eles um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.

Na denúncia Zambelli é apontada como a mandante da ação, em uma versão que vai de acordo com depoimentos do próprio Delgatti. Ele está preso desde o início de agosto de 2023 e disse que teria recebido R$ 40 mil pelos serviços.

Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal havia concluído o inquérito e indiciado Zambelli e Delgatti pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A decisão passou para a PGR, que concluiu a denúncia e encaminhou para o STF.

 

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