Relembre casos de corrupção durante a ditadura militar no Brasil

Apesar de defensores do regime acreditarem que foi um período de pouca corrupção, a ditadura militar foi marcada por casos de propinas e desvios de verbas

A ditadura militar carregava consigo a ideia de que os governos do período praticavam menos atos de corrupção. Contudo, alguns casos relevam o contrário. A época foi marcada por esquemas de propinas e desvios de verba, por exemplo.

Em um estudo recente, o professor Henrique Pedreira de Campos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), falou ao Uol que "a ditadura militar foi um celeiro de corrupção".

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Ganhador do Prêmio Jabuti com o livro "Estranhas Catedrais", ele explica que "a gente não tinha esses mecanismos funcionando de forma ampla durante aquele período". Dessa forma, "menos denúncias de corrupção apareciam na mídia, em ambientes públicos, no Parlamento". Confira exemplos abaixo:

Jornalista

Em sua pesquisa, Campos se deparou com o caso do jornalista Alexandre Von Baumgarten, que escrevia um livro sobre o fornecimento de material radiativo, de urânio enriquecido, para o Iraque fazer sua bomba atômica.

Ele foi assassinado em uma ação do Sistema Nacional de Informação (SNI). Com três tiros, seu corpo foi encontrado na Baía de Guanabara. Para ele, esse é um caso de como a ditadura perseguia quem pretendia denunciar corrupção e práticas irregulares no período.

Contrabando na Polícia do Exército

Cabos, capitães e sargentos do Rio de Janeiro do 2º Batalhão da Polícia do Exército se envolveram, na década de 1970, no contrabando carioca. Artigos como roupas de luxo, perfumes e bebidas eram roubados e revendidos no município. Os produtos eram roubados até de outros contrabandistas.

O capitão Aílton Guimarães Jorge e outros nomes do combate à guerrilha eram envolvidos no esquema, que foi descoberto pelo SNI. O capitão Guimarães, por exemplo, largou o Exército e se tornou o maior articulador do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Ele virou patrono da Vila Isabel e presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).

Caso Lutfalla

Paulo Maluf, antes de assumir o estado de São Paulo, foi acusado de corrupção no caso da empresa Luftalla. Quando estava em processo de falência, a empresa têxtil dele, Sulvia, recebeu dinheiro de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE). Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento, esteve envolvido no caso, mas não foi punido.

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Camargo Corrêa

O ex-ministro Delfim Netto foi um dos nomes mais denunciados por corrupção durante a ditadura. Em 1974, ele foi acusado pelo então chefe do SNI, general João Baptista Figueiredo, de beneficiar a empreiteira Camargo Corrêa na licitação para construção da hidrelétrica de Água Vermelha, em Minas Gerais.

Além disso, quando embaixador na França, ele foi acusado de prejudicar de forma ilegal o banco Credit Commercial de France. A instituição teria se recusado a pagar U$ 60 milhões para construção da hidrelétrica de Tucuruí também pela Camargo.

Governos biônicos

A oposição ao Regime Militar cunhou o termo “biônico” para classificar agentes públicos que não eram eleitos por voto popular. No governo do General Médici, uma análise do SNI apontou os indicados do presidente para os governos estaduais.

Na Bahia, Antônio Carlos Magalhães foi acusado, em 1972, de beneficiar uma empresa em que era acionista. Já no Paraná, Haroldo Leon Peres extorquiu um empreiteiro em mais de U$ 1 milhão. Esse, por exemplo, foi escolhido após ser elogiado pela postura a favor do regime.

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