Ivo x Christianne; Valim x Deuzinho: veja lista de prefeitos e vices que já romperam no Ceará

O relacionamento entre prefeito e vice-prefeito pode, por muitas vezes, resultar no rompimento político entre ambos. Pensando nisso, o O POVO fez um levantamento de quantos prefeitos e vice romperam no Estado do Ceará

A relação conflituosa entre o prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PSB), e a vice, Christianne Coelho (PT), ganhou novos rumos quando mais de 20 funcionários ligados ao gabinete da vice foram exonerados. Dessas 20 pessoas, onze constam na edição do Diário Oficial do Município, publicada no último dia 5 de março.

Antes desse episódio, fontes afirmaram ao O POVO que o nome de Christianne estaria sendo evitado em eventos promovidos pela Prefeitura de Sobral. Em comunicado, a assessoria da gestão municipal alegou “que os secretários sempre representaram o prefeito nas solenidades”, mas não explicou sobre a falta de menção ao nome da vice.

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Mas Sobral não se trata de um caso isolado no Ceará. Muito pelo contrário. Desavenças e consequentes rompimentos entre prefeitos e vices marcam a política local, como você pode observar na lista abaixo: 

Caucaia

A disputa entre o prefeito de Caucaia, Vitor Valim (PSB), e seu vice, Deuzinho Filho (União), ganhou destaque no ano passado após acusações de que Deuzinho estaria utilizando verba pública para fins pessoais. Contudo, grande parte da atual rivalidade entre ambos está concentrada na tramitação do projeto de lei que autoriza a venda de imóveis pertencentes ao Município, prevendo uma arrecadação de R$ 60 milhões com a alienação dessas propriedades.

Deuzinho se mostrou contrário à proposta de Valim. Ela autoriza a venda de terrenos em que "não foi dada a efetiva destinação pública [...], desprovidos da finalidade pública e, consequentemente, sem cumprir a função social". A proposta, enviada à Câmara Municipal de Caucaia, foi aprovada por unanimidade e registrada no Diário Oficial do Município.

Como justificativa, a prefeitura argumenta que a venda desses imóveis possibilita que escolas, hospitais e espaços de “promoção de cultura, lazer e similares” sejam construídos nesses espaços, e apontou que, caso os terrenos permaneçam desocupados, "poderão ser objeto de ocupação desenfreada por parte de particulares".

Em janeiro deste ano, Deuzinho anunciou que estaria encerrando as atividades no gabinete. Segundo ele, a decisão se deu após ele ter sido obrigado a deixar o local de trabalho e “consequentemente exonerar toda a equipe”. Ele afirmou que recebeu um ofício do prefeito da cidade, Vitor Valim (PSB), anunciando a redução de recursos do gabinete.

“O prefeito enviou ofício remanejando quase todo orçamento do nosso gabinete e sobrou somente para pagar o meu subsídio e da minha secretária, inviabilizando total o funcionamento”, seguiu.
“E fui obrigado a sair do meu local de trabalho e consequentemente exonerar toda a equipe, veículos sem combustível, computadores devolvidos”.

Em contrapartida, o prefeito Vitor Valim alegou que prezava pela verdade e “pelo uso responsável dos recursos públicos do município” e que “no ano de 2021 foi gasto pela vice-prefeitura o valor de R$ 891.284,77, já no ano 2022 foi gasto mais de R$ 2.848.340,95 e em 2023 o valor alcançou R$ 1.770.082,12”.

“Reforçando o compromisso com a entrega e melhoria na qualidade de vida de todos os caucaienses, a gestão municipal está realizando uma reforma administrativa e financeira em todas as secretarias municipais. Sendo ainda previsto em 2024, o gasto na vice-prefeitura, no valor de R$ 461.500,00, a serem utilizados conforme critério prioritário do gestor da pasta", disse em nota encaminhada ao O POVO na época.

Posteriormente, Deuzinho informou que estaria prestando serviços à população em um gabinete itinerante montado em praças públicas da cidade.

A primeira ação foi realizada duas semanas após ele ter sido expulso do gabinete, como uma resposta ao ofício encaminhado pela Secretaria de Governo de Caucaia a Deuzinho, cujo texto comunicava uma redução significativa nos valores destinados ao gabinete do vice-prefeito.

Os desentendimentos entre Valim e Deuzinho começaram a surgir nas eleições de 2022, quando o atual prefeito decidiu apoiar a candidatura do atual governador Elmano de Freitas (PT) e o vice-prefeito ficou ao lado de Capitão Wagner (UB). 

Aracati

Em 2022, a parceria entre o prefeito Bismarck Maia (PDT) e a vice Denise Rocha Menezes (PT) chegou ao fim. Ambos estão no segundo mandato à frente da prefeitura de Aracati, tendo concorrido juntos em 2016 e 2020. O rompimento ganhou amplitude em junho de 2022, após a vice-prefeita anunciar que iria se candidatar ao cargo de deputada estadual.

O relacionamento piorou depois que Denise registrou um boletim de ocorrência contra o filho do prefeito, Guilherme Bismarck (PDT), que atuava como secretário da Casa Civil na gestão do pai, após ser xingada por ele. O secretário, no entanto, acusou a petista de ter sido homofóbica e disse que, ao longo da gestão do pai, manteve uma relação de carinho com Denise, mas acusou a vice de agir com “interesses pessoais”. Guilherme também foi candidato a deputado estadual, ficando na suplência do PDT.

“Por cinco anos como chefe da Casa Civil de Aracati, mantive uma relação de verdadeiro carinho pela Denise, mesmo encontrando com ela somente às sextas-feiras. Se em ocasiões não pude lhe atender em reivindicações, foi apenas baseado na orientação de priorizar os mais humildes e não aos interesses pessoais, no respeito ao patrimônio público, a moral e ao dinheiro do povo”, afirmou por meio de nota, na época.

Santa Quitéria

O rompimento da chapa aconteceu em janeiro de 2023, quando a vice, Lígia Protasio (PP), utilizou suas redes sociais para criticar o prefeito Braguinha (PSB) e informar que iria deixar de apoiar a gestão. Na gravação, ela fala sobre "ingratidão" por seu grupo político ter escolhido apoiar o gestor após "ninguém querer chegar perto por medo de ser perseguido".

Ela aponta no vídeo que Braguinha não conseguiu permanecer unido, quando vice, nas chapas em que foi eleito. A relação dos dois vinha desgastada e foi acirrada com o processo eleitoral de 2022. Ela alega que foi “gradativamente podada” de suas funções e disse que ela e sua família foram “vítimas de um estelionato eleitoral”.

No início de abril, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) afastou o Braguinha por suspeita de corrupção. Outros quatro secretários deixaram o cargo temporariamente. Poucos dias depois, a vice foi empossada como prefeita.

Pelas redes sociais, Braguinha alegou que há "forte perseguição política". "Seguimos fortalecidos com nosso propósito de construir uma Santa Quitéria melhor para todos de forma limpa e transparente, não baixaremos a cabeça diante dos ataques e investidas que estamos sofrendo", afirmou.

Pindoretama

Apesar de integrarem a mesma legenda, o vice-prefeito de Pindoretama, Raimundo Cândido (PL), decidiu romper com o grupo do prefeito Dedé Soldado (PL). A decisão foi anunciada para os assessores do mandatário e a justificativa seriam as denúncias de irregularidades na educação e saúde.

Em março de 2023, conforme noticiou O POVO, os vereadores Sabryna Rocha (PP) e Silvia Reis (PSB) denunciaram ter encontrado alimentos, que seriam destinados à merenda escolar, enterrados em uma escola localizada no distrito de Pratiús, em Pindoretama. As parlamentares alegaram ter recebido denúncias de populares sobre o caso e que, ao se deslocar até o local, encontraram gêneros alimentícios enterrados.

À época, a Prefeitura de Pindoretama emitiu um comunicado informando que tem "rigoroso controle" do estoque para evitar que alimentos vencidos sejam disponibilizados para unidades escolares e que alguns produtos ofertados são "enviados em quantidade superior ao necessário" para evitar que faltem alimentos para os alunos. Há a perspectiva de que o vice possa concorrer às eleições municipais deste ano.

Limoeiro do Norte

Em Limoeiro do Norte, o rompimento foi acompanhado de um suposto sumiço do prefeito José Maria Lucena (PSB). A vice-prefeita Dilmara Amaral (PDT) rompeu relações com o prefeito durante a gestão e disse haver informações extraoficiais sobre a situação do ex-aliado, além de uma dificuldade de contato com Lucena.

A oposição no município destacou que o prefeito teria se ausentado do Executivo por mais de 15 dias e não passou o cargo para a vice-gestora. A suposta ausência do prefeito foi investigada pelo Ministério Público (MPCE), que realizou audiência sobre o caso, em que o prefeito compareceu virtualmente.

Em fevereiro deste ano, a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte votou pelo afastamento de Dilmara, que assumiu como prefeita interina. Ela foi acusada pelos crimes de corrupção e fraude no direcionamento de licitações.

A gestora foi suspensa das atividades com 13 votos favoráveis, número que inclui todos os parlamentares de sua base na Câmara. A posse do presidente da Câmara para o cargo de prefeito, Darlyson de Lima Mendes, o Paxá, (PSB), ocorreu logo em seguida.

Tianguá

Já em Tianguá, o Ministério Público apura a capacidade civil do prefeito Luiz Menezes (PSD). O gestor e o vice-prefeito Alex Nunes (PL) estão rompidos desde o começo do mandato. A dupla foi eleita nas eleições suplementares de 2019 e repetiram a chapa no ano seguinte, sendo reeleita.

Em caso similar ao de Limoeiro do Norte, teria acontecido um suposto “sumiço” do prefeito ainda em agosto de 2022. O motivo seria a saúde delicada do gestor, internado em um hospital, chegando a ser tratado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A ausência teria acontecido por mais de 15 dias, prazo que o cargo deveria passar para o vice-prefeito. No início de março, a vereadora Nadir Nunes (PL), do mesmo partido do vice e aliada dele, usou seu tempo no plenário para acusar que, sem o gestor, a Prefeitura estaria sendo gerida pelos assessores do prefeito e pela primeira-dama. A situação foi apurada pela Câmara Municipal e foi arquivada.

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