Após mais de cinco horas na sede da PF, general cearense Theophilo Estevam sai em silêncio

Ele foi um dos alvos da operação da PF que apura suposta tentativa de golpe de Estado organizada por aliados de Bolsonaro

Após mais de cinco horas de depoimento na sede da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 23, em Fortaleza, o general cearense Estevam Theophilo Gaspar deixou o local sem responder à imprensa que o esperava do lado de fora. "Nada a declarar", foi a única resposta do advogado do general. Ambos seguiram em silêncio até um veículo, estacionado na avenida Borges de Melo

Veja o momento 

O cearense foi citado em delação premiada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, como envolvido na tentativa de golpe de Estado contra o resultado das eleições presidenciais de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estevam Theophilo foi convocado para prestar depoimento na PF nesta sexta, um dia após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados serem ouvidos em Brasília no dia anterior.

Embora o depoimento estivesse previsto para começar às 14h30min, Estevam chegou com mais de uma hora de antecedência e subiu para depor por volta de 13h40min. A oitiva, no entanto, teve início no horário marcado pois ocorreu por videoconferência com um delegado da PF em Brasília.

Conforme investigações da PF na Operação Tempus Veritatis, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o general cearense teria concordado com a tentativa de golpe de Estado promovida pela alta cúpula de militares e integrantes do governo do ex-presidente para impedir que Lula chegasse ao poder.

Estevam também seria responsável pelo emprego do Comando de Operações Especiais, que engloba os chamados "kids pretos", força especial que seria responsável pela prisão de Alexandre de Moraes assim que o golpe fosse posto em prática.

Ainda de acordo com a decisão do ministro autorizando a operação, as investigações apontam que o general teria usado a alta patente para "influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado". 

Alvos da operação Tempus Veritatis, os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sergio Nogueira seguiram a estratégia do ex-chefe do Executivo federal e também não responderam aos questionamentos dos investigadores no depoimento da quinta-feira. Ao todo, 24 alvos da operação foram chamados a prestar esclarecimentos sobre o suposto esquema que teria sido montado para anular o resultado da eleição de 2022.

Investigados no mesmo inquérito, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não aderiram ao "pacto de silêncio" que prevaleceu nos depoimentos de outros suspeitos.

Com exceção do depoimento de Estevam Theophilo, as oitivas foram marcadas para o mesmo horário para evitar a comunicação entre os envolvidos. A maior parte das audiências aconteceu na sede da PF em Brasília, mas superintendências no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Ceará também foram reservadas. Apesar de passar mais de cinco horas em depoimento, Estevam não informou à imprensa se permaneceu em silêncio. (colaborou Júlia Duarte)

 

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