Quem é general Heleno, ex-ministro do GSI que depõe à CPMI do 8/1
O general prestou depoimento à CPMI como testemunha, nesta terça-feira, 26, e se recusou a responder a 14 questionamentos feitos pelos parlamentares na primeira parte da sessão.
17:19 | Set. 26, 2023
O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi convocado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do 8/1.
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O general prestou depoimento à CPMI como testemunha, nesta terça-feira, 26, e se recusou a responder a 14 questionamentos feitos pelos parlamentares na primeira parte da sessão.
Quem é o general Augusto Heleno
Augusto Heleno Ribeiro Pereira nasceu em Curitiba em 1947. Foi o primeiro comandante brasileiro da Força da Paz das Nações Unidas no Haiti, entre os anos de 2004 e 2005, que tinha um efetivo de 6.250 homens.
Entre 2007 e 2009, Heleno atuou como comandante militar da Amazônia, contudo, deixou o posto por dissidência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Atualmente como general da reserva, Heleno iniciou a carreira como cadete em 1964, ano em que o regime militar foi instaurado no Brasil. Na década seguinte, os laços com o ex-presidente Bolsonaro foram estabelecidos.
Heleno e Bolsonaro
A relação entre o general e o ex-presidente se deu a partir do ano de 1970, na Academia Militar das Agulhas Negras, em Rezende (RJ). À época, o ex-mandatário era cadete e o futuro ministro treinava a equipe de pentatlo.
Os ideais de Heleno e Bolsonaro convergiam na maior parte do tempo, o que fez com que surgisse um burburinho de que o general seria vice-presidente do candidato à presidência, em 2018.
No entanto, Augusto estava filiado ao PRP, que não tinha interesse em apoiar a candidatura de Bolsonaro pelo PSL. Heleno abandonou a legenda e ajudou o amigo a escrever seu plano de governo.
“Fabricaram uma história de que eu teria recusado ser vice da chapa de Bolsonaro. Isso é uma calúnia, eu jamais disse isso. Desde o primeiro momento eu encarava como uma missão a ser cumprida”, destacou Heleno na convenção de lançamento da candidatura do presidenciável, em julho de 2018.
Em 1980, Heleno conquistou o status de oficial, Bolsonaro, por sua vez, o de rebelde. A classificação se deu após o ex-presidente escrever um artigo que seria publicado na revista Veja, afirmando que os salários dos militares eram baixos. Outra acusação se baseava no fato de Bolsonaro ter sido investigado por detonar bombas em unidades do Exército.
Ambas as acusações não foram provadas.
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Foi nesse período que houve o distanciamento da política e das Forças Armadas, como recordou o próprio general em outubro de 2022.
“Toda minha vida de oficial foi após o regime militar (encerrado em 1985). As Forças Armadas meio que se vacinaram contra essa participação política. E nós somos responsáveis, eu que passei meu tempo todo a minha fase de comandante pós-regime militar tive a perfeita noção que estava fora [desse meio]”, garantiu Heleno em entrevista ao programa Band Eleições, em 2018.
Após ganhar a disputa presidencial, Bolsonaro nomeou Heleno como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Anterior a isso, o general estava confirmado para o Ministério da Defesa.
Augusto Heleno na CPMI
O general foi convocado a prestar depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do 8/1. A convocação se dá após o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, realizar uma delação premiada.
Nas declarações, Cid revela que Bolsonaro promoveu uma reunião com a cúpula das Forças Armadas para discutir a possibilidade de um golpe de Estado que visava impedir a posse do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dentre os participantes do encontro estava o general de confiança do ex-presidente, Augusto Heleno.
“Não existe um ajudante de ordens sentar numa reunião com comandantes das Forças. Isso é fantasia”, disse Heleno durante o depoimento desta terça-feira, 26. Uma foto publicada pelo próprio governo Bolsonaro, entretanto, prova o contrário.
Na mesma sessão, Heleno perdeu a paciência com a relatora da comissão, Eliziane Gama (Cidadania) após a senadora questioná-lo acerca de eventual fraude às urnas eletrônicas em 2022. Heleno afirmou que não poderia confirmar a fraude, e se exaltou com a pergunta da relatora: "É pra ficar puto, né?".
“Já tem o resultado das eleições, já tem um novo presidente da República, pô, eu não posso dizer que foram fraudadas, foram examinadas”, seguiu. “Ela (Eliziane) fala as coisas que ela acha que tem na cabeça, porra, é pra ficar puto”.
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