Zema fala em união contra o Norte-Nordeste por protagonismo: "Estão muito na nossa frente"

Governador de Minas Gerais diz que há tratamento diferenciado e que estados "muito menores conseguem aprovar uma série de projetos em Brasília"

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) defendeu, em entrevista veiculada neste sábado, 5, uma estruturação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) para firmar uma aliança contra os estados do Norte e Nordeste. Na visão do governador, os estados estavam sendo tratados de forma diferente e o grupo deve atuar em bloco no Congresso Nacional sempre que possível.

“Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, nê? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos, nós queremos - que é o que nunca tivemos - que é protagonismo político”, afirmou ao Estadão.

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O consórcio já existia, mas tomou fôlego com a votação da reforma tributária. Agora, a cada 90 dias o grupo se reunirá para programar ações conjuntas. O motivo seria o protagonismo político que os estados do Norte e Nordeste teriam por meio de suas bancadas, resultando em aprovações favoráveis aos interesses do grupo.

O Consórcio Nordeste, por exemplo, que reúne os nove estados nordestinos, atuou em forte oposição à gestão de Jair Bolsonaro (PL) e tomou decisões conjuntas que contrariavam o Governo Federal, como para a aquisição de vacinas durante a pandemia de Covid-19.

O governador fez queixas sobre como, em sua visão, estados “muito menores, em termos de economia e população” conseguem aprovações de projetos no Congresso. “Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”, afirmou.

E continuou: “Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor.”

Segundo Zema, embora o Cossud existisse, não tinha fôlego político e estrutural porque os governadores “ficavam com o pé atrás”, pela presença do ex-governador João Doria (sem partido), que tinha pretensões de se candidatar à Presidência.

“É que, como (João) Doria sempre foi um candidato potencial à Presidência, essa candidatura dele, atrapalhava o grupo. Os outros governadores ficavam com um pé atrás. Agora, não. Esse grupo é coeso. A reunião de BH foi a oitava, a melhor de todas. Mas foi a primeira dentro desse contexto de formalização”, disse o governador.

O grupo se reuniu antes da reforma tributária ser votada e dialogou com os 256 deputados federais do Sul e do Sudeste. “Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente. É preciso tratar a todos da mesma forma. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cossud vai fazer esse papel porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara", disse.

Houve espaço, na entrevista, para críticas a Bolsonaro, a quem apoiou no segundo turno. Zema considerou que o governo teve nota oito, mas pecava na comunicação. Bolsonaro tinha " a eleição na mão" e foi figura central para "unificar a direita". "Teve uma comunicação ruim, principalmente a dele. Eu daria nota 5. Por que não adianta você fazer certo e comunicar o contrário. Não foi falta de alerta, da equipe que estava com ele de que isso acabaria prejudicando-o", afirmou.

"Teve até entregas, mas parece que em vez de comunicar as entregas, gastava o tempo negando a pandemia, brigando, parece que se perdeu nessa questão", complementou.

 

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