Jornalista narra agressão de bolsonaristas ao marido em Fortaleza: "Sentimento de medo"

A vítima usava uma camisa vermelha que fazia menção ao "orgulho de ser nordestino"

A jornalista Mara Beatriz, de 44 anos, publicou nas redes sociais relato no qual denuncia que o marido, Janio, foi vítima de agressão por um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso, conforme a profissional, ocorreu na madrugada deste sábado, 5, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

Em entrevista ao O POVO, a esposa da vítima relatou que o marido tinha ido comprar algumas cervejas em um bar próximo à residência em que moram. "Quando estava andando, o carro veio por trás e desceram rapidamente três homens gritando 'seu petista', 'você fo*** nossas vidas, desgraçado' e 'merecia morrer'. Foi tudo muito rápido, ele apagou", conta.

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Mara disse que queria registrar um Boletim de Ocorrência (BO) após o ocorrido, mas o marido, que é autônomo e tem 52 anos, teria afirmado que não adiantaria, pois não lembra de muitos detalhes sobre os agressores ou o carro em que eles estavam. "Além da dor física, ficou um sentimento de impotência e medo", ressaltou.

A jornalista conta que Janio estava sozinho quando as agressões ocorreram. Ele usava uma camisa vermelha que fazia menção ao "orgulho de ser nordestino".

A frase ganhou ainda mais notoriedade após os recentes resultados das eleições presidenciais. O Nordeste foi alvo de xenofobia, principalmente nas redes sociais, após a votação expressiva do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o atual chefe do Executivo com uma diferença superior a 12 milhões de votos nos dois turnos.

Tanto Mara, quanto o marido militam em movimentos sociais. Ela é integrante do "Mães da Resistência", um coletivo formado por familiares de LGBTQIAP+ que lutam pela conquista e fortalecimento de políticas públicas para a comunidade. Mãe de uma adolescente trans, a jornalista é uma das protagonistas do "Tranversais", documentário da Netflix que compartilha histórias e perspectivas de pessoas trans nos seus diferentes contextos.

Na imagem postada nas redes sociais de Mara, durante a tarde, ela mostra algumas escoriações na região do olho de Janio. Além delas, ela conta que há outras nos braços e pernas. "Achávamos que com o fim das eleições isso acabaria, mas não", acrescentou na legenda da publicação.

"Estamos em casa tomando todas as providências e cuidados, mas senti a necessidade de fazer esse post-alerta. Não saiam de vermelho, evitem falar sobre política em público. Até ontem na minha cabeça rodava a frase: o amor venceu o ódio, não podemos nos acovardar. Hoje, a única coisa que consigo pensar é: 'ainda bem que não foi um tiro'".

A jornalista disse ao O POVO que quando o marido sentir-se melhor "física e psicologicamente" tentarão ver se há algum videomonitoramento na região onde as agressões ocorreram.

Na publicação do Instagram, deputadas estaduais eleitas no Ceará em 2022 repudiaram o caso e prestaram solidariedade. "Sinto muito", disse Lia Gomes (PDT) nos comentários. "Que absurdo, amiga! Receba nossa solidariedade", afirmou Larissa Gaspar (PT). A petista ainda destacou a importância de registrar um BO em casos como esse.

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