Filha demitida pelo próprio pai após criticar Bolsonaro receberá indenização de R$ 123 mil
Brunna Letícia Venancio disse que um "misto de indignação, tristeza e decepção" foi a motivação para entrar na Justiça
A tatuadora Brunna Letícia Venancio, de 29 anos, terá de receber indenizações que totalizam R$ 123,8 mil, após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, definida na última sexta-feira, 5. A filha ganhou uma ação judicial contra o próprio pai depois de ser demitida, em setembro de 2021, por críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais.
Ao jornal O Globo, a moradora do Macapá disse que um "misto de indignação, tristeza e decepção" foi a motivação para entrar na Justiça contra o seu genitor. “Eu não queria chegar a esse extremo. Não é fácil”, acrescentou.
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Em 8 de setembro do ano passado, ela comentou, nas redes sociais, as manifestações feitas por apoiadores do presidente em todo País no Dia da Independência. "Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre", disse na época.
Seu pai, que na ocasião era seu patrão, não gostou da publicação. "Bom dia, Brunna. Antes de ter as suas exposições de ira e deboche em suas posições políticas, lembre em respeitar quem está do outro lado, não se esqueça que eu tenho posições antagônicas", disse o genitor da jovem em um áudio de WhatsApp, que foi transcrito na sentença, segundo O Globo.
Conforme a reportagem, ambos já haviam se desentendido em outras ocasiões por motivações políticas. Em um dos episódios, a tatuadora levantou a questão de o Brasil ter voltado para o mapa da fome, o que, segundo ela, foi rebatida com agressões verbais. “Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então eu não tocava mais no assunto (....) Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto”, ressaltou.
A jovem contou que se sentiu chantageada pelo pai quando ele disse, conforme relatou ao jornal: “Ou você apaga agora, ou você sabe que posso te punir”.
A empresa ainda pode recorrer da decisão e nega que tenha demitido a tatuadora por suas posições políticas. A jovem foi desligada da instituição, na qual seu pai é um dos sócios, sem justa causa. Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, juíza do TRT da 8ª Região, compreendeu, na sentença, que a conduta da organização viola a legislação por promover discriminação por opinião política.
Indenização
O valor das indenizações, de R$ 123,8 mil, soma uma série de valores: aviso prévio indenizado, saldo salarial de outubro de 2021; 13º salários entre os anos de 2018 e 2021; férias; FGTS; indenização por dispensa discriminatória e também danos morais pela medida; além de indenização por danos morais por transporte indevido de valores.
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