Internautas cobram CPI do Sertanejo após polêmicas envolvendo Gusttavo Lima, Zé Neto e Sergio Reis

Declaração ocorre na esteira de críticas feitas pelo também cantor Zé Neto à Lei Rouanet. Artistas sertanejos recebem altos valores em cachês cobrados junto à prefeituras do interior

O cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis disse que o dinheiro gasto pelas prefeituras para a contratação de shows não é dinheiro público como a verba captada via Lei Rouanet. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Reis tentou diferenciar as duas situações porque a Lei Rouanet é um dos dispositivos mais criticados pelo bolsonarismo. “É dinheiro para o público, não é dinheiro público”, declarou o artista em entrevista à Folha.

A declaração ocorre na esteira de críticas feitas pelo também cantor Zé Neto, da dupla Zé Neto e Cristiano, à cantora Anitta. Neto disse que os artistas sertanejos não precisam da Lei Rouanet para se manter no ramo. No entanto, reportagens mostraram que artistas como o próprio Zé Neto recebem altos valores a partir de cachês cobrados junto às prefeituras com critérios mais brandos que os da Rouanet.

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A discussão fez com que a hashtag “CPI do Sertanejo” figurasse entre os assuntos mais comentados do Twitter, gerando repercussão e memes entre os usuários da plataforma, que criticavam o alto valor dos pagamentos, comparando-os com outros gastos municipais, e pediam investigações sobre as verbas utilizadas para a realização dos shows.

Nesta semana, foi divulgado que a Prefeitura de Magé-RJ realizará uma megafesta em comemoração aos 457 anos da cidade. A atração principal será o cantor sertanejo Gusttavo Lima, que tem um cachê previsto de cerca de R$ 1 milhão. O valor é dez vezes maior que todo o investimento previsto pela mesma prefeitura para atividades culturais no município durante todo o ano de 2022.

Além disso, o Ministério Público de Roraima vai investigar a prefeitura de São Luiz pela contratação de um show do cantor Gusttavo Lima no valor de R$ 800 mil. Segundo os cálculos do MP, é como se cada morador da cidade, tanto adultos quanto crianças, estivessem pagando R$ 100 por um ingresso do show. A cidade tem o segundo Produto Interno Bruto (PIB) mais baixo do estado, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Twitter, o jornalista Demétrio Vecchioli mostrou que a dupla de Zé Neto, que criticou a Rouanet, recebeu milhares de reais em cachês. Vecchioli reuniu documentos que mostram os valores cobrados para realização dos eventos. Em um dos shows, pago pela prefeitura de Sorriso-MT, o cachê chegava aos R$ 400 mil, valor muito acima do teto da Rouanet.

“É errado receber dinheiro público pra fazer show? Não é. É lazer para a população. Mas, se vai cagar regra contra a Rouanet, então abre mão dessa grana. Senão é demagogia”, criticou o jornalista, assim como outros usuários o fizeram durante esta semana.

Sergio Reis também criticou a Lei Rouanet na entrevista que deu esta semana, mesmo com os altos valores cobrados por colegas do ramo artístico. “A prefeitura precisa levar lazer para o povo da cidade. Então, meu amigo, se tem uma festa, qual é o problema de ela ter artistas?”, questionou, alegando que jamais precisou de verbas da Lei Rouanet. "Eu nunca peguei Lei Rouanet. Nunca pedi. Não tive necessidade”, encerrou o cantor.

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