Estupro de menina Yanomani: "Parece que civilização tem significado apenas para um grupo de homens"

Ministra do STF, Cármen Lúcia, manifestou-se sobre o caso, relatado por Júnior Hekurari Yanomami, liderança indígena, em um vídeo publicado nas redes sociais na segunda-feira, 25

Na abertura da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta-feira, 28, a ministra Cármen Lúcia pediu a palavra para chamar atenção para denúncia do estupro e morte de uma indígena Yanomami, de 12 anos, por garimpeiros, na comunidade Aracaçá, na região Waiakás, em Roraima. O caso foi relatado por Júnior Hekurari Yanomami, liderança indígena, em vídeo publicado nas redes sociais na segunda-feira, 25.

Cármen Lúcia pediu providências imediatas de autoridades, como o Ministério Público, para a apuração do caso. Durante a fala, a ministra ressaltou ainda que os povos indígenas são vítimas de violência e barbárie há 500 anos no Brasil.

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“Parece que a civilização tem um significado apenas para um grupo de homens. O Poder Judiciário atua sobre provocação. O cidadão atua pela dor. Essa perversidade não pode permanecer como estatísticas, fatos da vida, notícias”, disse.

Cármen Lúcia também lembrou que o Supremo está votando, desde o início do mês, questões ambientais, relacionadas, em especial, à Amazônia brasileira. “Os crimes que tratamos [na área ambiental] têm relação com os crimes contra indígenas. Precisa ficar esclarecido que o direito à vida está sendo rigorosamente descumprido e ignorado pelas instituições. Não se faça silêncio em relação às mortes das mulheres indígenas”, completou.

Em resposta à provocação de Cármen Lúcia, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, afirmou que o Ministério Público Federal está investigando a denúncia e que tem feito um trabalho na região para a proteção dos povos indígenas.

O presidente da Suprema Corte, ministro Luiz Fux, também assegurou que, caso chegue ao STF, o caso será tratado com prioridade, e lembrou que a questão está sendo analisada pelos observatórios do Meio Ambiente e dos Direitos Humanos, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No vídeo em que traz a denúncia, Hekurari conta que recebeu informações de que garimpeiros invadiram a comunidade. “Os garimpeiros violentaram, estupraram ela e ocasionou o óbito. O corpo da adolescente está na comunidade. Também me informaram que uma criança e uma mulher foram levadas, a criança está desaparecida no rio”, relatou.

 

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