Luizianne Lins permanecerá no PT após cogitar saída, dizem interlocutores

"Dia do fico" ocorre no último dia da janela partidária. Nos bastidores, Luizianne se mostrou divida, situada entre o desejo de mudar e a consciência de que as condições objetivas eram um obstáculo

Líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG) negou ao O POVO que Luizianne Lins (PT) vá mudar de partido. Nas palavras dele, "não tem essa informação". Questionado sobre o significado objetivo da frase, ele respondeu que "ela está no PT, ela é do PT".

O POVO apurou que Waldemir Catanho, articulador político da petista, no início da noite desta sexta-feira, 1, comunicou a pelo menos um psolista que a ex-prefeita ficaria no PT. Ela tem evitado falar sobre o tema com a imprensa. Não respondeu a mensagem do O POVO no WhatsApp. O Psol é um dos partidos com os quais ela vinha conversando.

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A janela partidária está em contagem regressiva para o fim, nesta sexta-feira, às 23h59min. É o período no qual as migrações podem ocorrer sem que parlamentares percam os cargos. Luizianne deu manifestações públicas e reservadas de descontentamento com os rumos da legenda no Ceará.

A crítica central é à adesão do PT ao projeto político liderado pelo PDT dos irmãos Cid e Ciro Gomes, este crítico frequente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador Camilo Santana (PT) e o deputado federal José Guimarães (PT) são os principais líderes petistas defensores da manutenção desta união. Eles têm maioria no PT.

Luizianne considera que o PT deve ter protagonismo na sucessão do governador Camilo Santana (PT), neste ano, sobretudo para assegurar a existência do chamado "palanque leal ao Lula", algo que um nome do PDT, comprometido com as aspirações presidenciais do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), não poderá proporcionar. 

Ela encampou a ideia de candidatura própria petista ao Governo do Ceará ao lado dos deputados estadual e federal Elmano Freitas e José Airton. Em comum, os três manifestavam esgotamento com as críticas e os adjetivos aplicados a Lula por Ciro.

Luizianne rompeu com Ciro e Cid Gomes em 2012. É crítica ao projeto político que eles lideram no Estado — ao lado de Camilo Santana, a quem faz críticas e elogios — e da trajetória partidária dos dois. Para Luizianne, Ciro não é progressista como costuma se afirmar. 

A a ex-prefeita de Fortaleza teve conversas com membros do Psol, como com a pré-candidata do partido ao Governo, Adelita Monteiro, o presidente Alexandre Uchoa, presidente do Psol no Ceará, Tecio Nunes, da executiva nacional, e João Alfredo, filiado ao Psol, ex-petista e pré-candidato a deputado federal.

Também dialogou com petistas aos quais é alinhada, como o deputado federal Elmano Freitas (PT). Um interlocutor com quem O POVO conversou reservadamente, e que esteve com Luizianne, disse que ela estava dividida, com inclinação à mudança. 

A fonte dividiu a questão em duas dimensões. Uma é a inclinação pessoal, o desejo de mudar. A segunda são as condições objetivas para que isso ocorra. "Se eu pudesse lhe dizer, acho que ela tem um desejo, mas o grupo político dela não concorda. Se são 17 horas e ela não decidiu, é porque não vai sair, a não ser que surpreendentemente, ela diga que vai sair", disse àquele horário.

Avaliou que, por mais que Luizianne não esteja na Democracia Socialista, a "DS", tendência interna criada em 1979 e que teve participação na concepção do PT, ela é naturalmente vinculada a este campo, com membros dele ocupando espaços no mandato dela.

"Uma coisa é você tratar com assessores, que tem relação pessoal e profissional com você, que podem até concordar com saída por solidariedade, outra é tratar com organização política, que está ocupando cargos no PT, faz parte da Executiva Nacional, tudo isso pesa numa hora dessa", analisou.

No ato de filiação da deputada estadual Augusta Brito (PCdoB), nessa quinta-feira, 31, Luizianne fez forte discurso de elogio à nova correligionária e simultaneamente de críticas aos caminhos do PT no Ceará.

Denunciou o machismo que existe até mesmo em organizações partidárias de esquerda e comparou a relação com um partido a de um casamento, com altos e baixos, de modo a sugerir transtornos na própria relação com o PT, mantida há 33 anos.

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