PT, PCdoB e PV batem martelo sobre federação; PSB não integra o bloco
A decisão foi tomada durante encontro entre dirigentes das siglas ao final do qual os partidos divulgaram uma nota em que afirmam que se trata de "um passo decisivo para trilharmos a vitória eleitoral nas eleições de 2022"
Sem a participação do Partido Socialista Brasileiro, PT, PCdoB e PV decidiram nesta quarta-feira (9) aprovar a federação partidária, uma aliança que obriga as três legendas a apoiarem os mesmos candidatos nas eleições por pelo menos quatro anos.
A decisão foi tomada durante encontro entre dirigentes das siglas ao final do qual os partidos divulgaram uma nota em que afirmam que se trata de “um marco histórico e um passo decisivo para trilharmos a vitória eleitoral nas eleições de 2022”.
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“Em resposta ao atual momento político”, prossegue a nota, “PT, PCdoB e PV decidem caminhar para constituir a federação e continuarão dialogando com o PSB em busca de sua participação, bem como o envolvimento de outras legendas do nosso campo”.
Validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste ano, a formação de federações é resultado de projeto aprovado pelo Congresso no segundo semestre do ano passado, como parte de uma reforma eleitoral.
Por lei, legendas federadas devem indicar nomes e fazer campanha para os mesmos candidatos, numa união com prazo mínimo de quatro anos de funcionamento. Em 2022, as siglas nessa situação deverão trabalhar conjuntamente nas candidaturas para o governo estadual, Senado, presidente e nas chapas para deputados federais e estaduais.
Deputado federal pelo Ceará e vice-presidente nacional do PT, José Guimarães disse ao O POVO que, embora tenha decidido não participar da federação, o PSB deve apoiar a candidatura à Presidência de Lula. “Vai sair a federação somente de PV, PCdoB e PT. PSB caiu fora, mas os quatro partidos anunciaram apoio ao Lula, inclusive o PSB”, explicou o parlamentar.
Segundo ele, o maior entrave para a adesão do PSB está em São Paulo, onde o ex-governador Márcio França, também presente à reunião, pleiteia concorrer ao Governo paulista.
Nas últimas semanas, PT e PSB até tentaram costurar entendimento no estado, onde o ex-prefeito petista Fernando Haddad também é pré-candidato, mas não chegaram a consenso.
“O problema central é São Paulo. Os deputados querem (a federação), mas eles (os dirigentes) não querem. Agora é tocar a vida”, relatou Guimarães.
Ainda de acordo com o deputado, o passo seguinte é discutir a formação de palanques nos estados, como o Ceará, onde as agremiações federalizadas já integram a base do governador Camilo Santana (PT), que deve deixar o Abolição até 2 de abril para postular vaga no Senado.
“A partir de agora, vamos discutir os palanques do Ceará, com apoio à aliança e a Camilo no Senado”, projetou o parlamentar, que fala em antecipar o lançamento da campanha do ex-presidente Lula para a primeira quinzena de abril como um dos pontos da agenda do novo bloco de partidos.
Além de PT/PV/PCdoB, mais partidos estudam constituir federação, como é o caso de PSDB e Cidadania. Outras legendas, como o MDB, porém, já descartaram compor com outras siglas maiores ou do mesmo porte.
No Ceará, lideranças dos quatro partidos de esquerda vinham se encontrando desde fevereiro, como informou à reportagem o deputado federal e presidente do PSB no estado, Dênis Bezerra.
Conforme o pessebista, a intenção da agenda era antecipar uma eventual formação da federação e já discutir possíveis nomes para uma chapa de candidatos a deputado. A decisão em âmbito nacional, no entanto, deve comprometer essas tratativas.