Em discurso antivacina, Bolsonaro coloca em dúvida eficácia da imunização para crianças

Bolsonaro insinuou ainda, mesmo sem provas, que a Anvisa e "pessoas taradas por vacina" poderiam ter "interesses" ocultos no aval à aplicação das doses da Pfizer

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta quinta-feira, 6, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela autorização à vacinação infantil contra a Covid. Em entrevista à emissora pernambucana TV Nova, ele usou de um discurso nada científico para colocar em dúvida a eficácia do imunizante da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos.

O chefe do Executivo nacional disse desconhecer que alguém nessa faixa etária tenha morrido em decorrência da doença no Brasil. Ao contrário do que disse o presidente, informações do SIVEP-Gripe, base de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mostram que 301 crianças e adolescentes de 5 a 11 anos morreram em razão da pandemia desde março de 2020. No total, foram 6.163 casos registros. 

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Reportagem do UOL ressalta que, em 2020, data do início da pandemia, foram 156 mortes. Já no ano passado, o sistema nacional de saúde contabilizou 145 óbitos no público de 5 a 11 anos. Esses números representam uma incidência de 29,96 casos e 1,46 óbitos a cada cem mil habitantes do grupo etário de referência.

Nesta quinta, Bolsonaro pediu que pais e mães "conversem" entre si e com vizinhos para decidir a possibilidade de vacinar ou não os respectivos filhos. Ao defender que esse público não estaria sujeito a complicações decorrentes da contaminação por Covid-19,  presidente buscou desencorajar a imunização da faixa etária de 5 a 11 anos. 

"Eu pergunto: você tem conhecimento de alguma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de covid? Eu não tenho. Na minha frente tem umas 10 pessoas aqui. Se alguém tem, levanta o braço. Ninguém levantou o braço na minha frente", disse o chefe do Planalto.

A Anvisa já confirmou que o produto da Pfizer é "seguro e eficaz na prevenção da covid-19 sintomática, na prevenção das doenças graves, potencialmente fatais, ou condições que podem ser causadas pelo [vírus] Sars-CoV-2". A informação foi comunicada oficialmente pela entidade em 22 de dezembro, seis dias após a reunião que resultou na aprovação do uso do imunizante.

Bolsonaro insinuou ainda, mesmo sem provas, que a Anvisa e "pessoas taradas por vacina" poderiam ter "interesses" ocultos no aval à aplicação das doses da Pfizer desenvolvidas especificamente para crianças e adolescentes.

"A própria Pfizer diz: outros possíveis efeitos colaterais podem acontecer a partir de 22, 23 e 24. E você vai vacinar teu filho? Contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida, pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupadas com outras doenças no Brasil", afirmou o presidente. 

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