Macron diz querer "encher o saco" dos não vacinados contra a Covid-19
A três meses de uma nova eleição, presidente da França diz que aqueles que não querem se vacinar cometem uma "imensa falha moral"
O presidente francês Emmanuel Macron disse, em uma entrevista ao jornal Le Parisien publicada esta semana, que pretende dificultar a vida dos franceses que não se vacinarem contra a Covid-19. Macron afirmou querer irritar os não vacinados e que continuará fazendo isso "até o fim" da pandemia.
“Não quero irritar os franceses, passo o dia inteiro reclamando com o governo quando isso acontece. Mas os não vacinados, eu realmente quero irritá-los”, disse, reforçando que aqueles que não querem se vacinar cometem uma "imensa falha moral". Para Macron o ato revela irresponsabilidade dessa parcela dos franceses.
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A resposta veio após pergunta enviada por uma leitora que se identificou como enfermeira e que questionava o governante sobre o adiamento de cirurgias de pessoas vacinadas porque os hospitais estariam lotados cuidando de pessoas que optaram por não se vacinar. Na resposta, Macron utilizou o termo "emmerder", uma linguagem coloquial que tem significado de "encher o saco".
A três meses de uma nova eleição presidencial, as falas geraram ampla repercussão. Editorial publicado pelo Le Parisien aponta que, com a fala, Macron deve ser rechaçado pelos não vacinados, algo em torno de 5 milhões de pessoas na França. Em contrapartida, o cálculo político inverso também é possível, já que com mais de 73% da população vacinada com duas doses, os não vacinados são minoria no país.
Atualmente o governo francês tenta aprovar, no Legislativo, a troca do passaporte sanitário pelo passaporte de vacinação. A proposta apresentada no fim do ano passado visa a exigência de um certificado de imunização para entrar em restaurantes e eventos e para realizar viagens. A regra atual inclui a possibilidade de apresentar um teste negativo de Covid-19 para estar nesses espaços.
Na última terça-feira, 4, a França registrou mais de 271 mil novos casos de Covid em 24 horas. A maior marca no país desde o início da pandemia.