Deputados cearenses repercutem postura de Bolsonaro em momento de tragédia na Bahia

Parlamentares de partidos como PT e PDT manifestaram indignação nas redes sociais com as férias do presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu tirar férias com a família em Santa Catarina, para passar a virada do ano, contudo o momento de “folga” do mandatário – como ele mesmo intitulou – vem sendo alvo de críticas pela opção dele de realizar a viagem enquanto o estado da Bahia enfrenta uma realidade trágica causada pelas fortes chuvas na região.

Parlamentares cearenses, entre deputados federais e estaduais, repercutiram o assunto por meio das redes sociais. Além de críticas e indignação em relação à postura do chefe do Executivo de tirar férias, os parlamentares também reclamaram da decisão do governo de negar ajuda humanitária da Argentina e classificaram a postura de Bolsonaro como “cruel”, “lamentável” e “irresponsável”.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Até a terça-feira, 29, as enchentes no estado da Bahia já haviam vitimado 24 pessoas e segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), ao todo, 91.258 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas.

Repercussão

O deputado federal André Figueiredo (PDT), foi um dos políticos a se manifestar nas redes sociais sobre a recusa presidencial do auxílio argentino. A chancelaria do país vizinho havia oferecido assistência de dez “capacetes brancos”, agrupamento especializado em resgate, para ajudar em ações de enfrentamento às enchentes, serviço negado pelo presidente.

Para Figueiredo, Bolsonaro foi “tirano sádico” e “cruel”, por recusar a ajuda da Argentina.

Em entrevista ao O Povo, o pedetista complementou seu posicionamento e reiterou que encara como “irresponsabilidade com os destinos do Brasil”, as férias do mandatário, não somente por coincidir com os transtornos que o povo baiano enfrenta, mas também por, segundo ele, desrespeitar o momento em que o Brasil ainda passa por conta da pandemia.

“O Bolsonaro ficar andando de jet ski, ficar postando fotos demonstrando enorme euforia, num momento de extrema tristeza que o povo da Bahia vem passando, mostra o perfil que ele sempre, desde que tomou posse, teve: de completa irresponsabilidade com os destinos do Brasil. Então é lamentável! Como presidente da República, ele não poderia, em absoluto, tirar férias num momento de dificuldade que a Bahia passa e num momento em que a gente chora mais de 620 mil mortes por conta da Covid. É verdadeiramente inadmissível essa postura de um presidente da República”, disse Figueiredo.

Quem também repercutiu a postura do presidente nas redes sociais foi o deputado José Guimarães (PT). Em seu Twitter, o parlamentar questionou a recusa do auxílio argentino e disparou: “Bolsonaro tem compromisso firmado com o sofrimento do povo, só pode”.

Ao O POVO, Guimarães classificou a atitude do chefe do Executivo como “criminosa”. De acordo com o parlamentar, a postura de Bolsonaro “agride a consciência humana”, uma vez que, enquanto o “país é solidário” e vem se mobilizando para “ajudar o povo baiano”, o presidente “está curtindo lá em Santa Catarina, andando de Jet Ski, zombando, humilhando e cruelmente atentando contra a vida”, argumentou.

“É inaceitável, é uma postura criminosa, porque a Bahia sob uma tragédia, são famílias, brasileiros e brasileiras que estão morrendo, desamparados e que no mínimo, ele devia ter um pouco de alma e coração para ajudar as famílias que estão sofrendo com a tragédia. Ele deveria imediatamente chamar o governador Rui Costa, sentarem, e colocar o governo federal à disposição do governo da Bahia para as ações preventivas, de solidariedade e de reconstrução de todas as cidades que estão sendo destruídas com essa tragédia”, disse, em complemento.

Entre os pedetistas, o deputado federal Leônidas Cristino também usou o Twitter para criticar as ações federais em relação à tragédia baiana. O parlamentar frisou que Bolsonaro está em momento de “lazer”, enquanto o governo da Bahia “reclama” que o auxílio federal é “insuficiente”.

Na esfera estadual, o deputado Renato Roseno (PSOL) foi um dos que também criticou Bolsonaro, e afirmou que o mandatário tem “desprezo pessoal pelo sofrimento das vítimas das enchentes”. Roseno chamou de “negligência criminosa" a recusa de auxílio da Argentina pelo Ministério das Relações Exteriores do governo brasileiro.

Em contrapartida, o representante da base bolsonarista, deputado estadual André Fernandes (Republicanos), saiu em defesa do presidente. Também por meio do Twitter, o parlamentar atacou a imprensa por noticiar que Bolsonaro havia recusado ajuda humanitária.

Já o senador Eduardo Girão (Podemos) afirmou em entrevista ao O POVO, que acredita que “o Governo Federal está fazendo a sua parte” e frisou a liberação de recursos e a visita de ministros de pastas responsáveis na região afetada.

Na terça-feira, 28, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Saúde, Marcelo Queiroga visitaram a Bahia, e se juntaram ao ministro João Roma, da Cidadania que já estava vistoriando cidades baianas impactadas pelas chuvas.

“O Governo Federal está fazendo a sua parte, não apenas com a presença dos Ministros responsáveis mas, sobretudo, com a liberação imediata de recursos. Já foram enviados 20 milhões e chegarão mais 80 milhões”, afirmou o senador.

Girão também lamentou a “politização” durante o momento trágico, “como o que está acontecendo com as chuvas torrenciais na Bahia que já afetam mais de 400 mil brasileiros, a maioria pobres”. “É hora de integrar de forma emergencial os governos municipais, estadual e federal. Nessas horas deve imperar a solidariedade sem partidarismos. Também deve ser bem recebida qualquer ajuda vinda de outros países”, pontuou.

Explicação de Bolsonaro

O presidente explicou o motivo pelo qual recusou a ajuda da Argentina. Em uma série de publicações em sua conta oficial nas redes sociais, ele explicou que auxílio semelhante ao oferecido pelo país vizinho já estava sendo fornecido pelas Forças Armadas e Defesa Civil do Brasil.
De acordo com o presidente, por essa razão “a ajuda argentina não seria necessária naquele momento”.

Contudo, reforçou que, em caso de “agravamento” da situação do Estado, o auxílio poderá ser acionado novamente, ressaltando também que o governo brasileiro segue disponível para receber “ajudas e doações internacionais". Segundo Bolsonaro, o Itamaraty aceitou doações da Agência de Cooperação do Japão (JICA), na terça-feira, 29.

%MCEPASTEBIN%

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

deputados cearenses Jair Bolsonaro tragédia na Bahia repercussão

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar