Vereadora no Rio Grande do Sul é eleita a contragosto para "embelezar" mesa diretora

Iasmin Rollof não estava concorrendo ao cargo para o qual foi eleita contra sua vontade. A vereadora ouviu como justificativas que ela deveria exercer o cargo para "embelezar" e dar um "tchan feminino" à mesa

A vereadora Iasmin Rollof (PT), 24, foi eleita como segunda vice-presidente da mesa diretora da Câmara de Vereadores do município de Canguçu, no Rio Grande do Sul, sem se candidatar ao cargo e com justificativa dos colegas do legislativo de “embelezar a mesa”. A sessão aconteceu na última quarta-feira, 22, quando foi eleita a mesa diretiva da Casa para 2022.

Pelo menos três votos em Rollof foram dados com a justificativa da beleza da parlamentar, que é a mais jovem da legislatura, a única eleita por um partido de esquerda, bem como, a única vereadora considerada independente, ou seja, que não faz parte das bases governistas ou mesmo da oposição. Para a vereadora, as declarações foram desrespeitosas.

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"Emocionalmente, fiquei muito abalada. Não foi um desrespeito à vereadora Iasmin, mas a todas as mulheres. Ainda estou digerindo, encontrando forças para seguir de cabeça erguida, mas me fez muito mal. Não posso me abalar, porque tem muita gente que confia no meu trabalho", disse em matéria ao site G1.

A parlamentar havia tentando candidatura à presidência da Câmara como representante da oposição, mas foi superada pelo vereador Marcelo Maron (PTB). Na ocasião, contudo, acabou sendo eleita para o cargo ao qual não tinha se candidatado e deverá agora se reunir com o PT para decidir se vai assumir ou não como segunda vice-presidente da mesa. Rolloff afirmou também que não pretende tomar medidas legais contra os colegas.

Segundo Iasmin, a candidatura à presidência da Câmara foi uma tentativa de marcar posição, já que a base governista em Canguçu é composta por 8 dos 15 vereadores que compõem a casa. Após a derrota, uma composição com a base governista foi sugerida, o que proporcionaria à vereadora uma indicação à primeira vice-presidência. Contudo, a petista não aceitou a proposta, o que acredita que tenha sido o motivo para reação machista dos demais parlamentares.

Justificativa

Durante a sessão que elegeu Iasmin, a vereadora ouviu como justificativas que ela deveria exercer o cargo para "embelezar” e dar um “tchan feminino” à mesa. A discussão, que começou ainda na votação para presidente, se estendeu até a eleição ao cargo em que a vereadora acabou sendo escolhida.

"Não é um concurso de beleza, estou ali para trabalhar pelo município. Fui eleita porque tenho propostas e capacidade de exercê-las, não porque sou bonita. Esse tipo de justificativa acaba invisibilizando todo o meu trabalho", disse à reportagem.

Um dos parlamentares que endossaram o voto na vereadora por “beleza”, Arion Braga (PP), depois se retratou afirmando que não tinha a intenção de constranger a colega.

Ainda durante o debate na sessão, Rollof pediu a palavra para contestar os votos. "Quando forem votar em mim, que votem pela minha capacidade intelectual e não pela minha beleza", argumentou.

Iasmin Rollof foi eleita em 2018, com 928 votos e com uma campanha baseada na defesa da agricultura familiar, em políticas de apoio às mulheres e na valorização dos jovens. De acordo com a vereadora, o fato de ser mulher e mais nova que os demais colegas, sempre gerou desconforto. Rollof contou à reportagem que era chamada de "guriazinha" e "bonitinha" na Câmara, até que precisou pedir para que os vereadores parassem com essa atitude.

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