Retrospectiva: 21 personalidades que foram destaque na política nacional em 2021

O POVO selecionou 21 nomes que protagonizaram discussões relevantes e movimentaram a cena política

Eventos decisivos para as eleições que se avizinham marcaram o ano de 2021. CPI da Covid, Orçamento Paralelo, PEC do Voto Impresso, Auxílio Brasil foram alguns do temas que movimentaram a crônica política e deram destaque a personagens que ocuparam o noticiário. Diversos nomes já conhecidos do grande público e outros rostos novos protagonizaram discussões relevantes e projetaram seus lugares nos espaços de poder. Confira personagens que se notabilizaram na política no ano de 2021 e relembre seus feitos neste ano que se encerra.

Jair Bolsonaro

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Neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) conduziu discussões importantes que movimentaram a cena política. Desde de sua já conhecida resistência ao isolamento social à campanha contra as urnas eletrônicas, o presidente protagonizou diversos embates. O ano também foi marcado por arroubos autoritários do presidente e denúncias de suposta interferência nas Forças Armadas.

Um dos primeiros episódios da crise institucional provocada pelo presidente foi a saída dos comandantes das Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica).

Os três comandantes pretendiam apresentar um pedido de demissão conjunto, mas o presidente Jair Bolsonaro se antecipou e determinou que eles não permaneceriam.

O anúncio foi feito um dia após Fernando Azevedo e Silva deixar o cargo de ministro da Defesa. Para o lugar dele, foi escolhido o general da reserva Walter Souza Braga Netto, que até então comandava a Casa Civil.

A mudança foi orientada no curso da reforma ministerial promovida por Bolsonaro em março deste ano com seis trocas no primeiro escalão do governo. Além da Defesa, o presidente trocou os comandos da Casa Civil, Justiça e Segurança Pública, Relações Exteriores, Secretaria do Governo e Advocacia-Geral da União.

Este ano, o mandatário também foi alvo de um "superpedido" de impeachment, assinado por opositores antigos e ex-aliados. O documento que reuniu 45 signatários detalhou todos os demais 123 pedidos contra o presidente que permanecem engavetados e contou com o apoio de partidos políticos, parlamentares e entidades da sociedade civil.

O chefe do Executivo ainda foi alvo da CPI da Covid e teve o nome incluindo no relatório final da comissão, que propôs o seu indiciamento por nove crimes: prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.

Mesmo com o desgaste que sofreu com a CPI, o presidente não recuou e iniciou campanha contra o sistema eleitoral brasileiro. As urnas eletrônicas se tornaram o alvo da vez do mandatário e seus apoiadores. Com apoio dos governistas na Câmara, em agosto, a PEC do Voto Impresso foi para votação do Plenário, onde terminou rejeitada. 

A derrota, todavia, não desanimou o presidente, que convocou apoiadores a irem às ruas no 7 de setembro para manifestação com pautas antidemocráticas que miravam o STF. Com a iminência de uma greve de caminhoneiros e paralisação das rodovias pelos protestos que se estendiam, o mandatário deu uma trégua sob ameaça de crise de desabastecimento.

Dois dias depois, auxiliado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro publicou uma "Declaração à Nação" na qual afirmou que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos Poderes" e defendeu a harmonia.

A marca mais recente da gestão do presidente em 2021 foi a aprovação do Auxílio Brasil - sua aposta para a reeleição em 2022. Bolsonaro fez defesa desmedida do programa de transferência de renda que substitui o Bolsa Família e vigora até o fim do próximo ano. A proposta passou no Congresso Nacional após discussão intensa sobre ameaça de rompimento do teto de gastos e crise na Economia.

Após dois anos ano sem partido, o presidente também filiou-se ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto. Até o ato filiação, no entanto, inúmeras polêmicas rodearam a entrada do mandatário à legenda, entre elas uma intensa discussão com o líder nacional do partido com direito a troca de xingamentos.

O ano também foi marcado pela nomeação do segundo ministro indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), o prometido "terrivelmente evangélico" André Mendonça.

A despeito de emplacar Mendonça, Bolsonaro termina o ano com desaprovação recorde (53%, segundo Datafolha) e enfraquecido entre a classe que deu sustentação à sua eleição em 2018. Na pesquisa Datafolha mais recente, 43% dos evangélicos escolheram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o melhor presidente que o Brasil já teve, o dobro do montante (19%) que indicou Jair Bolsonaro.

Nas pesquisas intenção de voto, o presidenciável pelo PL aparece em segundo lugar, logo atrás de Lula, e perde em todos os cenários de segundo turno.

Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou à cena política com toda força após retomar sua elegibilidade com decisão do STF que anulou todos os seus processo no âmbito da Lava Jato. O Supremo considerou a Justiça de Curitiba incompetente para julgar os casos envolvendo o ex-presidente e declarou o ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, suspeito.

Apesar de ainda não ter se lançado oficialmente para as eleições presidenciais de 2022, desde que recuperou os direitos políticos, o petista tem intensificado sua agenda de encontros nacionais e internacionais e a presença nas redes sociais.

No domingo, 19, o ex-presidente esteve em jantar ao lado do ex-governador de SP Geraldo Alckmin (ex-PSDB), cotado para ser vice na chapa petista. O encontro entre os ex-adversários foi destacado na mídia com decisivo sobre os rumos do próximo pleito.

No cenário internacional, o ano também foi positivo para o petista. Em tour pela Europa, Lula foi recebido com honrarias de chefe de Estado pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O sucesso diplomático do ex-presidente, todavia, perdeu espaço após declaração sua minimizando a ditadura da Nicarágua, sob o comando de Daniel Ortega, que se mantém no poder há 14 anos.

Lula encerra o ano liderando todas as pesquisas de intenção de voto e com grande favoritismo para as eleições de 2022. Na última pesquisa Datafolha, 51% o escolheram como o melhor presidente da história.


Sérgio Moro

Após cruzar um ano difícil em 2020, o ex-ministro Sérgio Moro voltou à cena política em 2021. O primeiro passo foi retornar ao Brasil após temporada nos Estados Unidos, seguido de sua filiação ao Podemos, de Álvaro Dias, no dia 10 de novembro. Desde então, o ex-juiz tem se consolidado como o nome da "terceira via", mas luta para avançar aos dois dígitos - ele se mantém com 9%.

Além disso, o ano foi movimento para o ex-juiz, considerado suspeito para julgar o ex-presidente Lula em processos da Lava Jato. Em junho, o Plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou a decisão, por 7 votos a 4, da 2ª Turma que declarou Moro suspeito no caso do triplex do Guarujá (SP). Logo em seguida, o ministro Gilmar Mendes declarou a suspeição de Moro em mais dois processos relacionados ao ex-presidente: o do sítio em Atibaia (SP) e a supostas vantagens indevidas envolvendo imóveis em São Paulo, como o Instituto Lula.

Recentemente, Moro lançou a autobiografia "Contra o Sistema da Corrupção (Editora Sextante, 269 pág.)", que conta, dentre outras coisas, os bastidores da Operação Lava Jata e sua passagem pelo governo Bolsonaro como ministro da Justiça e Segurança Pública

Alexandre de Moraes

O ministro do STF ganhou destaque em 2021 ao relatar inquéritos que miram o presidente da República e seus apoiadores, entre eles os que investigam o impulsionamento de fake news e a formação de milícias digitais para atacar as instituições democráticas. No curso das investigações, se tornou um dos principais alvos dos bolsonaristas no STF.

O magistrado ordenou a prisão de apoiadores do presidente como o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) (preso em fevereiro após gravar vídeo com ataques aos ministros da Suprema Corte), o blogueiro Allan dos Santos (investigado no inquéritos das fake news e das milícias digitais) e o líder do protesto de caminhoneiros no 7 de setembro, Zé Trovão.

Combativo aos ataques à Suprema Corte, ordenou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nos endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ), que convocaram protestos violentos contra os ministros do STF às vésperas da manifestação pró-Bolsonaro do 7 de setembro.

Na decisão, o magistrado impediu ainda os investigados de circular até um quilômetro de distância da Praça dos Três Poderes, onde o grupo planejava realizar protestos, e mandou o Banco Central bloquear a chave PIX e a conta a ela vinculada que recebia doações para financiar a mobilização.

Mais recentemente, no dia 3 de dezembro, atendendo a um pedido da CPI da Covid, Moraes determinou a abertura de um inquérito para apurar a conduta do presidente Jair Bolsonaro ao divulgar uma “fake news” que associava a vacina contra a covid-19 ao risco de contrair o vírus HIV.

André Mendonça

Após chefiar a Advocacia-Geral da União e passar pelo Ministério da Justiça, André Mendonça chegou ao STF no último dia 16 de dezembro. Segundo indicado do presidente Jair Bolsonaro à Suprema Corte, Mendonça foi submetido a longa espera, de cerca de três meses, para ser sabatinado no Senado.

O entrave, imposto pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), criou especulação sobre a aceitação de Mendonça no Congresso e despertou a reação de grupo de senadores insatisfeitos com a demora de Alcolumbre.

Aprovado com 47 votos a 32 (seis além do mínimo necessário), o ex-AGU contou com apoio da bancada evangélica para ocupar a vaga do ex-ministro Marco Aurélio Mello, para a qual foi indicado em julho deste ano.

No Supremo, já é alvo de pedido de suspeição em sua primeira relatoria. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) recorreu ao presidente da Suprema Corte, Luiz Fux, para que o novo ministro seja declarado suspeito e passe adiante notícia-crime envolvendo Bolsonaro e interesses da Havan de Luciano Hang.

Tabata Amaral

O ano de 2021 foi de mudanças para a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), que saiu do PDT após cerca de dois anos de impasse na Justiça.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou a desfiliação da deputada sem a perda do mandato parlamentar com base na Resolução 22.610/2007 do TSE, que prevê a desfiliação com a manutenção do mandato se houver justa causa, como incorporação ou fusão do partido; criação de novo partido; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; grave discriminação pessoal.

Por 6 votos a 1, o tribunal entendeu que o tratamento dado pelo PDT a Tabata por ela ter votado a favor da reforma da Previdência configurou justa causa. Com a saída, a parlamentar se filiou ao PSB, no dia 21 de setembro.

Outro voto dado pela deputada foi motivo de polêmico este ano: a favor da privatização dos Correiros. O posicionamento da parlamentar gerou repercussão negativa nas redes sociais. Em vídeo publicado no seu perfil nas redes, ela se defendeu e justificou o voto.

Luis Roberto Barroso

Ao lado de Alexandre de Moraes, o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) virou alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Nas discussões sobre o voto impresso e denúncias, sem provas, de fraude nas urnas eletrônicas, o chefe do Tribunal Eleitoral se destacou na defesa do sistema brasileiro de votação. Em contrapartida, pesou contra ele a reação de bolsonaristas.

Na esteira do debate sobre a confiabilidade do sistema eletrônico, Barroso promoveu campanhas de informação sobre segurança, transparência e auditabilidade das urnas. Declaradamente, contra o voto impresso, o presidente do TSE fez questão de enumerar os principais problemas que poderiam ocorrer com a eventual mudança, desde custos à ameaça de quebra de sigilo.

Edson Fachin

O ministro do STF foi responsável pela decisão que anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. A decisão que recuperou os direitos políticos do petista foi confirmada, em pouco menos de um mês, em 15 de abril, pelo Plenário da Suprema Corte, por 8 votos a 3.

Em contrapartida, no julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro que ocorreu logo depois, Fachin votou contra. O magistrado argumentou que, como a Justiça Federal do Paraná foi considerada por ele incompetente para julgar os processos de Lula, também o ex-juiz não poderia ter conduzido as ações. Por isso, o questionamento sobre sua parcialidade perde o objeto e não poderia ser julgado.

Ciro Gomes

O presidenciável do PDT se destacou em 2021 realizando os primeiros movimentos visando as eleições de 2022, sendo o principal deles a contratação do ex-marqueteiro do PT, responsável pelas campanhas vitoriosas de Lula e Dilma Rousseff, João Santana.

A aproximação, todavia, também rendeu críticas a Ciro pelo histórico de Santana, que já foi preso e condenado pela Lava Jato a 8 anos e 4 meses de prisão por irregularidades na campanha da ex-presidente Dilma, em 2010.

Em 2021, Ciro aumentou a presença nas redes sociais e em entrevistas e endureceu o tom contra adversários, em especial o ex-presidente Lula. Na tentativa de se consolidar como nome da "terceira via", ele não poupou críticas ao petista.

Ciro termina o ano amargando o quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto e tecnicamente empatado com o ex-ministro Sérgio Moro, para quem tem perdido espaço nos últimos levantamentos.

No final deste ano, o pedetista foi surpreendido com mandados de busca e apreensão no seu endereço e dos seus irmãos Cid e Lúcio. Os membros do clã Ferreira Gomes se tornaram alvo de operação da Polícia Federal, deflagrada no último dia 15 de dezembro, que investiga supostas fraudes e pagamentos de propina a agentes públicos e servidores envolvidos no processo de licitação para obras do estádio Castelão, em Fortaleza, durante a gestão de Cid à frente do Governo do Estado. Ciro nega o envolvimento.

Ciro Nogueira

O ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) foi peça importante na aproximação do presidente Jair Bolsonaro ao Centrão. Líder informal do grupo no Congresso Nacional, Nogueira passou a articular pelos interesses do governo no Legislativo até assumir a Casa Civil em 4 de agosto. Ele foi escolhido para chefiar a pasta no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. A mudança fez parte de novo capítulo do governo Bolsonaro, quando membros do Centrão passaram a substituir militares em ministérios estratégicos.

Ciro Nogueira chegou ao governo em um momento de grande desgaste do Executivo com o Senado, especialmente devido à CPI da Covid. Experiente, o então senador passou a chefiar o que Bolsonaro chamou de “ministério mais importante” justamente pelo papel de interlocução previsto a quem ocupa essa cadeira — Nogueira é conhecido pelo seu poder de trânsito entre legendas.

Em 2021, também foi personagem central no escândalo do Orçamento Secreto. Na reportagem do Estadão que revelou o esquema, Ciro Nogueira foi apontado como responsável pela indicação de R$ 50 milhões do Orçamento à Codevasf - estatal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional que foi a principal contemplada pelas indicações ao Orçamento pela facilidades que dispõe, como regras menos restritivas para licitação.


Arthur Lira

Eleito para comandar a Câmara Federal no biênio 2021-2022, o deputado Arthur Lira (PP-AL) venceu disputa difícil contra Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do então chefe da Casa Rodrigo Maia (sem partido-RJ). Com apoio do presidente Jair Bolsonaro, foram 302 votos ante os 145 do seu principal adversário.

Ao longo do ano, Lira se tornou um dos principais interlocutores do governo na Câmara e pautou com agilidade propostas de interesse do Executivo, como as PECs do Voto Impresso e dos Precatórios.

Em outra demonstração de alinhamento com Bolsonaro, Lira segurou inúmeros pedidos de impeachment contra o presidente (entre eles o "superpedido", que detalhou outros 123 que permaneciam engavetados) e fez vista grossa a ataques do mandatário às instituições democráticas.

O episódio que melhor ilustrou sua fidelidade ao presidente foi quando pautou a PEC do Voto Impresso no Plenário da Câmara, mesmo após derrubada em comissão especial. No Plenário, a proposta teve o mesmo fim, foi barrada com 218 votos contrários e 229 a favor - para ser aprovada, precisava de 308 votos.

Um das principais frentes da gestão de Lira na Câmara é a aprovação da Reforma Administrativa. Em 2021, o parlamentar trabalhou para dar celeridade à tramitação da proposta, que chegou a ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, em seguida, passou para análise em comissão especial.

As chances de concluir a votação, no entanto, foram afugentadas com imprevistos ao longo de 2021. Lira trabalha com a mesma expectativa para 2022, a considerar o fato de ser ano eleitoral. A proposta, pouco popular, pode afastar a adesão dos parlamentares.


Rodrigo Pacheco

Eleito para comandar o Senado no biênio 2021-2022, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi escolhido com apoio de parlamentares da base e de oposição, com 57 votos.

Apesar de contar com o apoio do presidente na eleição ao comando do Senado, ao longo do ano, Pacheco lidou com desafios que se chocavam com interesses do Executivo, como da decisão de aprovar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Após ataques de Jair Bolsonaro às instituições no 7 de setembro, o senador também reagiu e suspendeu as sessões deliberativas do plenário e das comissões na Casa por dois dias.

Após ter o nome ventilado para uma eventual candidatura à presidência da República, Pacheco abandonou o DEM após três anos e filiou-se ao PSD, de Gilberto Kassab, em outubro. A cerimônia de filiação aconteceu no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília.

Questionado sobre disputar a presidência, Pacheco disse que o propósito e o desejo do partido de ter candidato próprio ao Palácio do Planalto em 2022 é legítimo, mas “tudo tem o seu tempo”.

Michelle Bolsonaro

No ano de 2021, a primeira-dama Michelle Bolsonaro acompanhou um novo capítulo de um dos principais escândalos que envolve o seu nome e o de membros da família Bolsonaro. Em julho, o STF formou maioria de votos a favor do arquivamento do pedido de investigação sobre os cheques depositados por Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na conta da primeira-dama, no valor de R$ 72 mil, entre os anos de 2011 e 2016.

Em outubro, no entanto, Michelle esteve envolvida em nova suspeita de irregularidades. Naquele mês, a Procuradoria da República do Distrito Federal decidiu investigar a suposta atuação da primeira-dama para favorecer empresas de amigos com empréstimos da Caixa Econômica Federal.

Michelle teria feito gestões junto ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a fim de obter a liberação dos empréstimos para comerciantes e pequenos empresários do setor de serviços.

Esta ano, a primeira-dama também se destacou na defesa do nome de André Mendonça ao STF. Recentemente, Michelle viralizou comemorando a aprovação pelo Senado da indicação do ex-AGU à Suprema Corte.

Em vídeo que circulou nas redes sociais, Mendonça, familiares do ministro, Michelle e mais um grupo de pessoas aparecem acompanhando, pela televisão, o anúncio do resultado da votação no plenário do Senado. Nas imagens, Michelle aparece pulando e vibrando com a aprovação, chegando a falar em línguas.

Omar Aziz

Presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSB-AM) ocupou a cadeira como membro da ala independente, mas fez oposição ferrenha ao governo Bolsonaro no decorrer das investigações pela comissão.

O parlamentar esteve no centro do debate sobre a pandemia e se tornou alvo de bolsonaristas dentro da colegiado. Nesse período, viu crimes atribuídos a ele se tornarem assunto nas diversas campanhas difamatórias de apoiadores do presidente contra os trabalhos da comissão.

Atualmente, Aziz integra, junto a outros membros da cúpula da CPI, a Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19, criada para acompanhar os desdobramentos das investigações e do relatório final aprovado na comissão, além de monitorar as políticas públicas de enfrentamento à pandemia no País.

Renan Calheiros

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (DEM-AL) assina documento final que propôs o indiciamento de duas empresas e 78 pessoas, dentre elas o presidente Jair Bolsonaro, a quem foram atribuídos nove crimes. O relatório de Renan foi aprovado no dia 26 de outubro, por 7 votos a 4. O documento de 1.289 páginas foi elaborado ao longo de seis meses de trabalhos.

Assim como Omar Aziz, Renan integrava a ala independente da comissão, mas se tornou um forte opositor do governo ao longo das investigações.

Durantes os trabalhos do colegiado, o parlamentar protagonizou discussões acaloradas com senadores governistas e se tornou bode expiatório nas campanhas de difamação contra a comissão. Nesse período, viu investigações da Operação Lava Jato que o envolviam serem revividas.

Simone Tebet

Membro da bancada feminina da CPI da Covid, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) teve papel destacado na comissão e participou de sessões emblemáticas, como a oitiva que recebeu os irmãos Miranda. .

Tebet foi responsável por extrair do deputado Luis Miranda o nome do líder do governo, deputado Ricardo Barros, entre os envolvidos em supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Logo após a revelação, a senadora presidiu o restante da sessão daquele dia, em gesto de homagem de Omar Aziz, que cedeu a cadeira.

Após passagem pela comissão, o nome de Tebet começou a ser ventilado para uma possível candidatura à presidência da República ou como vice de chapa na corrida pelo Planalto.

No último dia 8 de dezembro, o MBD oficializou sua pré-candidatura à presidência. Até o momento, a senadora se consolida como a única presidenciável mulher para 2022.

Irmãos Miranda

Os irmãos Luis Ricardo Miranda e Luis Carlos Miranda foram os responsáveis por denunciar supostas irregularidades na aquisição da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Então servidor de carreira do MS, atuando no setor de importação do Departamento de Logística em Saúde, Luis Ricardo foi quem identificou e denunciou indícios de irregularidades.

Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) em 31 de março, ele relatou pressão para assinar o contrato de compra. Logo depois, o servidor foi chamado para depor na CPI da Covid, em 25 de junho, onde reafirmou suas suspeitas de que a compra da Covaxin foi parte de um esquema de corrupção.

Após passagem pela comissão, Luis Ricardo abandou o cargo no MS e deixou o país junto à família sob ameaças. Atualmente ele é assistido pelo programa de proteção às testemunhas.

Ao lado dele, o deputado Luis Carlos Miranda (DEM-DF) deu sustentação às denúncias. Alertado pelo irmão do esquema, Luis Carlos, então apoiador de Bolsonaro, articulou um encontro com o presidente no Palácio do Planalto para contá-lo suas suspeitas. Na ocasião, segundo ele, o presidente teria dito que pediria à Polícia Federal para investigar o caso. A PF, por sua vez, não foi acionada até a passagem dos irmãos pela CPI.

Durante depoimento na comissão, Luis Carlos foi responsável ainda por apontar o nome do líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), como chefe do esquema.

Nise Yamaguchi

A médica oncologista e imunologista ganhou destaque após passagem pela CPI da Covid no dia 1º de abril. A médica foi convidada a falar à comissão depois de ser citada pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, em seu depoimento aos senadores.

Na ocasião, Barra Torres confirmou que houve uma reunião no Planalto na qual foi discutido alterar a bula da cloroquina via decreto, para que o medicamento passasse a ser indicado contra a covid-19. Ele confirmou a presença de Yamaguchi na ocasião.

Nise se destacou como uma das principais defensoras da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19 e membro de um suposto "gabinete paralelo" de aconselhamento ao governo federal sobre as medidas de combate à pandemia.

Sua passagem pela CPI foi acompanhada com polêmica e denúncia de assédio moral por parte dos senadores.

No último dia 21 de dezembro, a médica lançou sua pré-candidatura ao Senado pelo estado de São Paulo. Ainda sem legenda, Nise defendeu sua candidatura como "independente" e prometeu se filiar ao partido "mais ético que encontrar."

Paulo Guedes

O ministro da Economia Paulo Guedes enfrentou um ano turbulento e testemunhou baixo desempenho e quedas sucessivas do setor no País. Este ano, também esteve envolvido na discussão sobre a aprovação do Auxílio Brasil e escândalo de manter uma offshore em paraíso fiscal.

Uma reportagem da piauí revelou que o ministro mantinha empresa nas Ilhas Virgens Britânicas mesmo após entrar no governo do presidente Jair Bolsonaro em 2019. A investigação foi conduzida pelo “Pandora Papers”, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que conta com veículos jornalísticos de diversos países.

Na prática, o negócio não é considerado ilegal, desde que o saldo mantido fora do País seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Entretanto, o Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, para evitar autofavorecimento a partir de informações privilegiadas.

Na discussão sobre a PEC dos Precatórios e o Auxílio Brasil, Guedes precisou fazer vista grossa ao descumprimento da lei de responsabilidade fiscal para viabilizar o programa de transferência de renda a R$ 400, 00 defendido pelo governo.

Em meio a especulações sobre abandonar a pasta, tendo em vista a política de respeito ao teto de gastos que sempre defendeu, Guedes se manteve ao lado do presidente, mas viu debandada no seu ministério.

No dia 21 de outubro, quatro secretários da Economia pediram demissão dos cargos: Bruno Funchal (Tesouro e Orçamento), Jeferson Bittencourt (Tesouro Naciona), Gildenora Dantas (secretária-especial-adjunta de Tesouro e Orçamento) e Rafael Araujo (secretário-adjunto do Tesouro Nacional).

Guedes encerra o ano assistindo a queda do PIB em 0,1% e Brasil entrando em recessão técnica.

 

 

Damares Alves

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, encerra o ano de 2021 como uma das poucas que se mantem no cargo após sucessivas mudanças no alto escalão do governo Jair Bolsonaro. 

O nome da ministra chegou inclusive a ser apontado para compor chapa ao lado do presidente nas eleições de 2022.

Damares é vista como uma das mais "populares" entre os bolsonaristas. A ministra deve concorrer a um cargo no próximo ano, mas ainda não há definição sobre qual, nem por qual estado. Dentre as opções, estaria o Senado ou a Câmara dos Deputados por São Paulo, Goiás ou Distrito Federal.

A ministra é fiel aliada do chefe do Executivo e defendeu o veto de Jair Bolsonaro ao projeto de distribuição gratuita de absorventes para mulheres de baixa renda.

"Hoje, a gente tem que decidir. A prioridade é a vacina ou é o absorvente? As mulheres pobres sempre menstruaram nesse Brasil e a gente não viu nenhum governo se preocupar com isso. E agora o Bolsonaro é o carrasco, porque ele não vai distribuir esse ano", disse a ministra.

 

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