Bolsonaro joga com religiões por popularidade, diz 1ª mulher a liderar conselho de igrejas

Segundo a pastora Romi Márcia, o presidente mantém postura "híbrida", meio católica e meio protestante, de olho em agradar parcela do eleitorado

Primeira mulher a assumir a secretaria geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a pastora Romi Márcia avalia que o presidente Jair Bolsonaro (PL) mira a busca por popularidade ao tomar ações voltadas para o público religioso do Brasil.

“O Bolsonaro é um baita de um esperto. Vem de uma tradição católica, daqueles católicos como tem muitos no Brasil, que se dizem católicos mas não são frequentadores. Então se batizou nas águas do Rio Jordão um pouquinho antes de se tornar candidato, como se tivesse recebido uma unção para isso”, diz Romi, em entrevista à BBC Brasil.

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"Mas olha só: quando um novo fiel pentecostal quer ser batizado, tem de renunciar ao seu batismo anterior para poder aceitar o novo, porque isso simboliza a conversão. Bolsonaro não fez isso. Ele manteve um pé no catolicismo e um pé no pentecostalismo. Com isso ele consegue jogar com as duas maiores vertentes do cristianismo no Brasil", diz a pastora.

"E joga também com os grupos ultraconservadores da Igreja Católica Romana, tem adesão desses grupos. Isso garante a ele a popularidade, garante para ele um certo aspecto de que ele é popular. Quando vai aos cultos, diz que é evangélico, não é católico. Quando vai à Igreja Católica, diz que é católico, e não evangélico", continua.

Na entrevista à BBC, ela também critica a escolha de André Mendonça como ministro “terrivelmente evangélico” no Supremo Tribunal Federal. "Como seria se o presidente fosse candomblecista e dissesse que 'quero um ministro terrivelmente candomblecista'? Ou 'uma ministra terrivelmente feminista?' Não. A pessoa tem de estar preparada para o cargo".

Reconhecida pelas posturas progressistas, a gaúcha atuou como pastora luterana em diversos temas, desde a defesa de direitos sexuais e reprodutivos até temas como relações de gênero. Em 2012, ela assumiu a secretaria geral do Conic e passou a participar mais ativamente do debate público.

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Jair Bolsonaro igrejas evangélicas conservadorismo religião

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