"Comunistinha", "assassino": membros da Anvisa receberam cerca de 150 emails com ameaças e ataques

"Traíra do presidente", "comunistinha", "assassino" e "plano de genocídio mundial" são alguns dos trechos dos e-mail enviados à Anvisa

Diretores e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) receberam cerca de 150 emails com ameaças e ataques entre sexta-feira, 17, até esta segunda-feira, 20. As mensagens foram rastreadas e enviadas à Polícia Federal que abriu um inquérito para apurar o ocorrido. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

As mensagens se intensificaram após a agência liberar o uso da vacina da Pfizer contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, e de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter dito, em uma de suas lives, que solicitou nomes de membros da Anvisa responsáveis pela aprovação do imunizante, afirmando que iria divulgá-los. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, concordou com a decisão do presidente, e também defendeu a divulgação.

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O veículo teve acesso ao conteúdo dos ataques virtuais que, além de ameaças, conta também com ofensas aos técnicos e diretores do órgão. Em uma das mensagens com o título “Vacina para crianças”, enviada no sábado, 18, o autor questiona: “quem vai se responsabilizar pelas mortes e efeitos adversos?” Contudo, autoridades de saúde do Brasil e do mundo, bem como pesquisas clínicas, já comprovaram que os imunizantes contra coronavírus são seguros.

O e-mail diz: "Olá diretor, você liberou essas vacinas experimentais para crianças? Quem vai se responsabilizar pelas mortes e efeitos adversos que são muitos com (sic) trombose, coágulos, doenças autoimunes, miocardites... etc. Saiba que se você não estiver mais encarnado aqui para pagar pela lei do homem no Tribunal Internacional de Haia ainda assim pagará nos planos espirituais."

Outra mensagem de ataque, também enviada no sábado, chama a vacina de “veneno” e classifica a imunização como “plano de genocídio mundial”.

Confira o texto na íntegra:

Um dos e-mails enviados a técnicos e diretores da Anvisa com ameaças
Um dos e-mails enviados a técnicos e diretores da Anvisa com ameaças (Foto: Reprodução)


No mesmo dia, outro e-mail intitulado “Assassinato” acusa os funcionários da agência de “assassinos” e “traíras do presidente”. "Olhe para as tuas mãos, estão sujas de sangue seu assassino desgraçado. Você é mais um COMUNISTINHA sem caráter, traíra do presidente e sem vergonha na casa, usando essa gravatinha vermelha, cor do sangue das criancinhas que você está assassinando”.


E continua: “Passe mal seu fdp. Me processe que quero te desmascarar, vou provar a tua participação na morte de milhares de brasileiros afetados pelas tuas decisões esdrúxula (sic), safado, assassino!"


Anvisa pede reforço na segurança

Após a live de Bolsonaro, a agência lançou nota na sexta-feira, 17, para rebater as declarações do mandatário, afirmando que está sendo alvo de “ativismo político violento”. De acordo com o comunicado, as ameaças à integridade física de diretores se intensificaram após a fala do chefe do Executivo.

“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão", declararam o presidente e os quatro diretores do órgão.

No domingo, 19, a autarquia pediu proteção policial aos órgãos de segurança pública e expediu ofícios pedindo o reforço da segurança de seus diretores ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; ao ministro da Justiça, Anderson Torres; ao procurador-geral da Justiça, Augusto Aras; e à Polícia Federal.

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