Intranquilidade com ameaça de nova onda afeta potencial de imunidade da população, diz diretor da Anvisa

Barra Torres afirmou que, no "exercício da gestão pública", seria muito importante "manter, preservar, cultivar a tranquilidade das pessoas, a tranquilidade da nossa população"; a declaração acontece após crítica de Bolsonaro à agência

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou nesta quarta, 8, que os sentimentos de "intranquilidade" e "preocupação" gerados pelo contexto da pandemia da covid, em especial pelo avanço da variante ômicron e a ameaça de uma nova onda, causam danos no organismo das pessoas e afetam o potencial de imunidade da população. 

A declaração ocorre um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL), crítico da obrigatoriedade do passaporte vacinal para entrada no país, questionar publicamente a postura da agência.

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"A mente preocupada, a mente intranquila, a mente fustigada por incertezas, ela acaba levando a um organismo mais suscetível de adoecer. E nós não queremos isso de maneira nenhuma.", afirmou Barra Torres.

Em discurso a representantes da indústria, nessa terça-feria, 7, o presidente Jair Bolsonaro questionou a pressão da agência por medidas restritivas que, segundo os técnicos do órgão, ajudariam na prevenir o alastramento da ômicron. Na ocasião, ele chegou a usar um palavrão.

“Estamos trabalhando com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, p…? De novo vai começar esse negócio?”, questionou o mandatário, em tom elevado, durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com empresários do setor.

Alinhados com o posicionamento de Bolsonaro, os ministérios da Casa Civil, da Saúde e da Justiça anunciaram ontem a reabertura de fronteiras brasileiras com outros países. Em contrapartida, as autoridades nacionais passarão a exigir isolamento de cinco dias para viajantes que não se vacinaram e um teste de covid (do tipo RT-PCR, padrão ouro) realizado até 72 horas antes. A portaria deve ser publicada na noite desta quarta, 8.

Sem citar a Presidência da República ou qualquer outra liderança do governo federal, Barra Torres declarou que, no "exercício da gestão pública", seria muito importante "manter, preservar, cultivar a tranquilidade das pessoas, a tranquilidade da nossa população."

"Esta Agência Nacional, que é a agência daqueles que se vacinam, daqueles que ainda não se vacinaram completamente e daqueles que também optam por não fazê-lo, somos a Agência Nacional de todos esses brasileiros.", pontuou.

Nos bastidores da Anvisa, houve reclamações em relação ao pronunciamento de ontem do presidente da República, quando ele se dirigiu à Anvisa de forma grosseira, de acordo com o entendimento de membros da agência. Desde então, a cúpula da entidade regulatória passou a avaliar a possibilidade de emitir uma resposta pública. Isso, no entanto, não ocorreu.

As declarações de Barra Torres foram feitas durante abertura da 19ª reunião extraordinária pública da diretoria colegiada da Anvisa —que é transmitida ao vivo pelo YouTube.

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