COP-26: Receosos, empresários tentam amenizar isolamento do Brasil e influenciar debates 

CEOs e executivos da área de sustentabilidade de grandes empresas estão temerosos com o isolamento do Brasil e com a ausência de iniciativas adotadas pelo o presidente Jair Bolsonaro nas principais discussões ambientais

Preocupados com a imagem do Brasil diante do cenário internacional e após a falta de protagonismo nacional  nas negociações climáticas, um grupo de empresários brasileiros participa nesta segunda-feira, 1º de novembro, de uma complexa agenda de reuniões, seminários e apresentação de compromissos na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-26), em Glasgow, na Escócia.

Receosos com o isolamento do País e com a ausência de iniciativas adotadas pelo o presidente Jair Bolsonaro nas principais discussões, CEOs e executivos da área de sustentabilidade de grandes empresas estão dispostos a influenciar decisões e contribuir no debate. 

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O presidente da Suzano e Walter Schalka, um dos líderes do movimento empresarial, afirma que a COP-26 não é um evento corporativo, mas de transformação. “O mais importante é trabalhar para termos metas ambientais mais ambiciosas e de mais curto prazo, além de buscar a forma de financiar isso, o que passa pela criação do mercado de carbono global”, afirma o membro da Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura, ao jornal Estadão

Com o faturamento anual de R$ 30 bilhões, o executivo pretende instigar o contato com líderes mundiais e diplomatas. Em conversas consideradas positivas com o ministro Joaquim Leite (Meio Ambiente), ele critica a falta de melhores ação contra o desmatamento ilegal na conferência. “O Brasil precisa assumir posições de reversão da curva de desmatamento, apresentando ações. Sem isso, vai ficar fragilizado", completa.

“O sucesso de uma boa negociação tem de ser ouvido também pelas empresas, defendeu Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). Ela reúne 80 grupos responsáveis por quase metade do PIB brasileiro. 

Um dos objetivos das empresas alocadas temporariamente em Glasgow é mostrar seus compromissos ambientais, apresentar casos bem-sucedidos em sustentabilidade e participar dos muitos eventos programados para as duas semanas de conferência. Grupos isolados buscam participar de reuniões inclusive que acontecem em hotéis e espaços públicos e privados pela região. 

Diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, Jorge Soto, diz que a empresa vai levar ao evento seu biopolietileno, produto desenvolvido a partir da cana-de-açúcar. Ele conta que a companhia costuma ser questionada por clientes sobre desmatamento. “Temos códigos de conduta e controle sobre a cadeia de etanol. Independentemente da situação do governo, temos de sempre colocar o que estamos fazendo.”

Um dos exemplos está a Klabin, integrante de um um grupo formado pelo governo britânico, chamado Business Leaders da COP-26. Em posição privilegiada, a empresa buscar se integram aos debates em prol de mudança da matriz energética global. Já a Bayer espera avanços no Artigo 6 do Acordo de Paris e na regulação do mercado do carbono, afirma o diretor de Sustentabilidade para a América Latina, Eduardo Bastos.

Todavia, a participação ativa do empresariado foi prejudicada pela dificuldade de credenciamento e estadia. A expectativa do evento é receber 25 mil pessoas, mas a cidade tem 15 mil quartos de hotel. Segundo o Estadão, o Bradesco conseguiu uma credencial e seu representante ficou hospedado em Edimburgo, a 1 hora de trem de Glasgow. A empresa, em parceria com outros bancos, o Bradesco tem comandado medidas de desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Outro caso é a Vale, que enviou três executivos para a COP-26, que vão se alternar durante dez dias em 30 eventos previstos, conta Maria Luiza Paiva, diretora de Sustentabilidade. Um dos mais importantes será o evento com o setor siderúrgico, principal cliente da mineradora.

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