Protegido pela PF, Ricardo Miranda deixa o Brasil após ameaças de morte

Ouvido pela CPI da Covid, o ex-chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde denunciou o suposto esquema de propina na compra da vacina indiana Covaxin

O ex-chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), deixou o Brasil junto com a família nessa quinta-feira, 28, após sofrer ameaças. Ouvido pela CPI da Covid, ele denunciou o suposto esquema de propina na compra da vacina indiana Covaxin.

Segundo o irmão, Ricardo entrou para o programa de proteção a testemunhas, da Polícia Federal. Ao portal R7, Luis Miranda disse que ficou sabendo somente na quarta-feira, 27, da inclusão do ex-servidor no recursos de sistência. Além de anunciar a viagem do irmão, o parlamentar disse, ainda, que Ricardo foi exonerado do cargo de chefe da Divisão de Importação do Ministério da Saúde após prestar depoimento à CPI da Covid, em junho.

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"Por medo de represálias meu irmão não me falou nada e já está na custódia do programa de proteção a testemunhas", afirmou o deputado ao Estadão. No Twitter, Luis Miranda também falou sobre o caso. "O Brasil não é como nos quadrinhos, onde o bem sempre vence! Meu irmão continuou sendo atacado pelo governo, foi exonerado, por conta das ameaças teve que entrar para o programa de proteção à testemunha e sair do país!", escreveu. Depois, ele concluiu: "@jairbolsonaro cria vergonha na cara, você sabe a verdade!"

O epispodio evolvendo os irmãos Miranda foi um dos mais tensos e importantes da CPI da Covid. Eles acusaram acusaram o presidente Jair Bolsonaro de ignorar denúncia feita por eles sobre um esquema de corrupção no Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin. Em duas ocasiões, eles afirmaram à CPI que contaram tudo a Bolsonaro em reunião no Palácio da Alvorada, no dia 20 de março.

Na conversa, o presidente teria dito que isso seria "rolo" do deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), ex-ministro da Saúde e líder do governo na Câmara. Um dos expoentes do Centrão, Barros negou participação no negócio.

A oitiva resultou em informações importantes sobre a empresa Precisa Medicamentos, que intermediava a compra da Covaxin. O contrato exigia US$ 45 milhões de pagamento antecipado em uma offshore, a Madison Biotech, e depois se descobriu que a quantidade de doses do imunizante era menor do que vinha sendo cobrado. Após as revelações de Luis Ricardo e de seu irmão, o contrato foi cancelado pelo Ministério da Saúde.

Após o caso, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar se houve prevaricação de Bolsonaro, ou seja, se ele deixou de tomar as providências para esclarecer as suspeitas após ser informado sobre o esquema. O caso Covaxin também é alvo de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

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