Com Mendonça incerto, Centrão e evangélicos brigam por vaga no STF

Silas Malafaia divulgou líderes cobrando defesa da indicação de André Mendonça para ministros ligados ao Centrão, como Ciro Nogueira e Fábio Faria

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode até não admitir publicamente, mas já circula nos bastidores a informação de que ele teria desistido da indicação de André Mendonça para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Diante de impasse no Senado, a nomeação virou motivo de disputa entre evangélicos e o Centrão, que lançou investida pela vaga.

Indicação de André Mendonça, aliado de evangélicos, aguarda sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado desde julho deste ano, mas o presidente do grupo, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem rejeitado colocar a questão em pauta. O governo chegou a recorrer contra o caso no STF, que decidiu em favor da autonomia do Senado.

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O "veto" a Mendonça, no entanto, não é exclusividade de Alcolumbre, com a maioria dos integrantes da CCJ rejeitando o nome. Na análise dos senadores, o ex-AGU possui proximidade excessiva com Bolsonaro, além de ser considerado um “lavajatista” de 1ª hora.

Se aproveitando do impasse, o Centrão tem ampliado articulações em torno da indicação do atual presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro de Macedo, para a vaga. A indicação foi pauta de jantares realizados semana passada em Brasília e teria apoio de ministros fortes do governo Bolsonaro, incluindo Ciro Nogueira (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).

A investida do Centrão, no entanto, foi alvo de reação dura de líderes evangélicos próximos do Planalto. Nesta segunda-feira, 11, o pastor Silas Malafaia – conselheiro pessoal de Bolsonaro – lançou vídeo defendendo indicação de Mendonça e criticando ministros do Centrão que estariam apoiando indicação de Cordeiro de Macedo.

“A indicação de ministros do STF é política e os ministros Ciro Nogueira, Fábio Faria e Flávia Arruda, que são políticos e ministros do Palácio, são obrigados a defenderem a indicação do presidente Bolsonaro e a trabalharem por André Mendonça. Não querem? Caiam fora”, disse o pastor, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Nas imagens, Malafaia ainda nega que Mendonça tenha sido uma “indicação de pastores”. “Foi o presidente Bolsonaro que indicou, ele só nos perguntou se ele era terrivelmente evangélico (...) não é pastor que está indicando André Mendonça, isso é uma vergonha, um preconceito e uma tremenda de uma safadeza contra André Mendonça”, diz.

A troca na indicação de André Mendonça por um nome mais afastado de lideranças evangélicas é vista como um forte golpe contra o grupo, uma das principais e mais fieis bases de apoio a Bolsonaro. Desde o início do governo, o presidente tem prometido indicar um ministro “terrivelmente evangélico” para o STF.

Ministros citados por Malafaia, Ciro Nogueira, Fábio Faria e Flávia Arruda têm evitado o assunto. Faria, no entanto, já teria se manifestado a Malafaia negando ter participado de jantares sobre a indicação do STF em Brasília. O pastor, no entanto, disse que a negativa apenas não é o suficiente, exigindo declarações públicas de apoio a Mendonça.

Bolsonaro, por sua vez, tem focado atuação no caso em críticas ao presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre. No último domingo, Bolsonaro chegou a recomendar que o senador se "candidate a presidente" no ano que vem, para ter a prerrogativa de indicação de ministros do STF. "Alcolubre teve tudo o que foi possível por dois anos comigo e, de repente, ele não quer o André Mendonça", disse.

 

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