Reitor da UFC defende respeito aos não vacinados e chama sua oposição de "extrema-esquerda"

O reitor defendeu que a comunidade universitária está "praticamente toda vacinada" e que deve adotar todos os protocolos recomendados pelas autoridades de saúde

O reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, afirmou nesta segunda-feira, 27,  que optou por respeitar a decisão de um dos docentes da instituição de não se vacinar contra a Covid-19.  Ao adiantar que a instituição não deve cobrar comprovante de vacinação aos que queiram retornar às atividade presenciais a partir desta segunda-feira, 27, Cândido disse o professor relatou ter apresentado apenas um quadro leve da doença. 

"Conversei essa semana com um professor e ele disse ‘olha, eu tive a Covid, não senti nada, foi muito leve, eu preferi não me vacinar’, e ele não se vacinou. Mas é uma opção dele, ele hoje leva uma vida normal, mas dentro da opção dele", afirmou, durante entrevista exibida pelo programa Conexão Assembleia.

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O reitor defendeu que a comunidade universitária está "praticamente toda vacinada", e que deve adotar todos os protocolos recomendados pelas autoridades de saúde. "Quem não foi vacinado é quem não quis vacinar, mas a vacina foi disponibilizada para todos (...) Então, hoje nós nós somos potencialmente um local de perigo. Vamos adotar todo o protocolo, álcool em gel, máscara e distanciamento social", disse. 

Todavia, o reitor universitário disse que, apesar de ter ficado assintomático, optou por se imunizar. "Eu me imunizei no primeiro momento. Eu tive a Covid, não senti praticamente nada, foi muito leve, mas tomei pela responsabilidade que eu tenho como reitor da UFC. Então eu tinha que dar o exemplo, proteger as pessoas que estão do meu lado. Na primeira oportunidade eu fui lá e fiz". Porém, ele reiterou: "mas eu respeito o espaço dos outros, porque acho que não tem nenhum problema".

Cândido também foi questionado sobre as polêmicas em torno da sua entrada na gestão na Reitoria. Em 2019, apesar de ter recebido apenas 4,6% dos votos e ficado em último na lista tríplice para a cadeira de reitor, o advogado criminalista foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Na época, ele  enfrentou forte oposição na UFC. 

Sobre o movimento de opositores, Cândido disse não ter sido feito "pela universidade", mas por "um deputado e um vereador" vinculados a linhas ideológicas específicas. "A gente pegava as fotos da época e era só MST, Lula livre. Eu não represento uma linha ideológica dentro da universidade. Eu não acho que a universidade deve ser apropriada por um setor radical. Todos os setores têm direitos. Todos os pensamentos políticos, todas as linhas pedagógicas devem conviver dentro da universidade', defendeu. 

O reitor afirmou que grupos internos de oposição alinhados à "extrema-esquerda" tentam vincular a universidade a linhas ideologias e partidos específicos. "Quando eu fui indicado, houve esse movimento externo que durou 14 dias só. Eu vi gente aqui alinhado politicamente com essa turma aí que passou 60 dias sem entrar (...) essa intolerância de alguns que tentam transformar as universidades brasileiras em palanques políticos, isso é um erro", completou. 

Segundo Albuquerque, o grupo é "muito pequeno" e "não representa muita coisa". "Isso nunca vai mudar porque são pessoas ligadas a partidos de extrema esquerda que não sabem diferenciar a atitude política da atitude acadêmica. Eles querem o reitor como se tivesse escolhendo o presidente do partido político deles. Eu não vim aqui para ser presidente de partido político, vim aqui para administrar uma universidade", criticou. 

O piauiense, ex-diretor da Faculdade de Direito da UFC, ficou muito atrás do segundo colocado, Antônio Gomes de Souza filho, com 3.499 votos, e do mais votado, o então vice-reitor da universidade, Custódio Luís Silva de Almeida, que recebeu 7.772 votos. A indicação foi tão mal recebida na universidade que um protesto reuniu centenas de estudantes, que bloquearam o cruzamento da principal avenida da UFC.

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Apesar dos atos, Cândido voltou a defender que respeitou todos os trâmites legais e que o movimento era "externo". "Quando eu me candidatei eu disse ‘se eu entrar na lista e tiver um voto e for indicado eu assumo porque eu não concordo com o que estão fazendo com a nossa universidade'. Nossa universidade estava caindo muito", disse. 

"Hoje todos os partidos políticos são bem-vindos aqui dentro, de todas as áreas, os professores têm liberdade de cátedra para dotar a linha ideológica que quiserem. Ninguém pode me acusar de ter alinhado a universidade a qualquer posição ideológica ,nem direito, centro ou esquerda", completou Albuquerque. Ele avaliou ainda ter entregue obras que estavam paralisadas desde 2014 .“Estou dando resposta (...) A gente movimentou a universidade e eu vim para fazer essa mudança”, considerou. 


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