Prevent estimulou competição de médicos para impulsionar kit covid, diz dossiê 

Nos "dias de pico", mais de 250 kits eram entregues a pacientes, afirma o documento

A direção da operadora de saúde Prevent Senior estimulou uma competição entre médicos para impulsionar a prescrição do kit covid. De acordo com dossiê elaborado por 12 profissionais da empresa e entregue à CPI da Covid , os fatos ocorreram durante o ano de 2020, no auge da pandemia. 

A Prevent Senior nega as denúncias, acrescentando que elas são "sistemáticas e mentirosas". O kit covid é composto por uma série de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da doença, podendo até causar efeitos colaterais graves em determinadas pessoas a depender de comorbidades e do quadro de saúde em geral.

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De acordo com a denúncia, os profissionais da empresa eram "controlados por gráficos que demonstravam o desempenho, induzindo a competitividade entre os médicos, que passaram a ter 'metas' de prescrição de medicamentos". Esses gráficos eram distribuídos internamente em grupos no WhatsApp por um dos diretores da Prevent, o cardiologista Rodrigo Esper, como forma de tentar engajar a equipe, aponta.

Além da política de estímulo, a direção ainda faria cobranças aos médicos quando os resultados não estavam agradando. Em mensagem de WhatsApp identificada como sendo de 10 de maio de 2020, Esper encaminha gráfico intitulado "Inclusão Protocolo: Tele x PS". "Tele" se refere à teletriagem (atendimento virtual) enquanto PS se refere ao Pronto-Socorro do hospital Sancta Maggiore, pertencente à rede.

Em outra mensagem, posteriormente, escreveu: "Pessoal, não podemos perder o foco. Voltamos a ter rendimentos ruins. Não podemos perder o tônus. Ainda não atingimos o pico da epidemia e caímos o rendimento. Peço que imediatamente todos os tutores de plantão conversem com suas equipes e salientem a importância do tratamento precoce. Isso é muito importante! Obrigado."

De acordo com fotos dos saquinhos distribuídos a pacientes às quais a reportagem obteve acesso, um exemplar do kit ainda contava com azitromicina e hidroxicloroquina, mas também ivermectina (antiparasitário), corticoide, vitaminas e suplemento alimentar de proteína em pó.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e estudos realizados em vários países, até o momento, não há remédio algum com eficácia comprovada contra a covid-19. Alguns fármacos, no entanto, são utilizados nos hospitais a fim de amenizar o impacto dos sintomas pós-contaminação, como febre, problemas respiratórios, entre outros.

Com informações do portal UOL

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