Via de São Paulo com nome de torturador na ditadura passará a se chamar rua Frei Tito
Rua Sérgio Fleury, que leva o nome do torturador do religioso cearense durante a ditatura militar brasileira (1964-1985), fica localizada no bairro Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulistaA Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto que dá o nome de Frei Tito à via hoje identificada com o nome do torturador Sérgio Fleury. A rua fica localizada no bairro Vila Leopoldina, na zona oeste da Capital. A mudança foi celebrada pelo vereador Antônio Donato (PT-SP), que é coautor da proposta.
Ex-delegado-chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), o chamado Sérgio Paranhos Fleury ordenou e acompanhou sessões de tortura de perto, incluindo a de Frei Tito, que foi submetido à palmatória e choques elétricos durante três dias.
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Estudante de Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), o frade católico entrou no alvo dos militares após participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), no ano de 1968. Pouco tempo depois, em 1969, Frei Tito foi preso acusado de oferecer infraestrutura a Carlos Marighella, guerrilheiro comunista líder da ALN (Ação Libertadora Nacional), morto naquele ano após emboscada organizada por Fleury.
Exilado na França, onde, traumatizado pela tortura, procurou tratamento psiquiátrico, Frei Tito cometeu suicídio no ano de 1974.
Sob o comando de Fleury, o Dops tornou-se um dos piores centros de tortura e morte da ditadura. Tendo em vista seu histórico, no ano de 2009, o município de São Carlos (SP), também aprovou a retirada do nome do torturador em uma rua de dois quarteirões. A via passou a se chamar Dom Hélder Pessoa Câmara, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo emérito de Olinda e Recife, reconhecido defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil.
Na capital paulista, uma lei promulgada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) permitiu a troca de nomes dos logradouros que prestem homenagem a “autoridade que tenha cometido crime de lesa-humanidade ou graves violações de direitos humanos”. A primeira solicitação foi pela retirada do nome do ex-delegado-chefe do Dops.