Os impactos da ida de Capitão Wagner para o PSL, ex-partido de Bolsonaro

Além de unificar ainda mais a oposição, troca partidária garante melhor tempo de propaganda e mais verba do fundo eleitoral. Migração de Wagner deve ocorrer no ano que vem, quando também assume a presidência da sigla no Ceará

A saída do deputado federal Heitor Freire (PSL) da presidência do partido no Ceará, no próximo domingo, 1º, oficializa a mudança na liderança da legenda que, a partir desta data, será de responsabilidade do grupo político do deputado federal Capitão Wagner (Pros). A aproximação tem como objetivo unificar alas de oposição ao grupo dos Ferreira Gomes no Ceará.

“Nosso grupo recebe o PSL com muita satisfação. Um grande partido que vai agregar tempo de TV, candidatos a deputado federal e deputado estadual na eleição do próximo ano e esse somatório traz muita força para a gente”, afirmou Wagner, que é deve migrar para o PSL no primeiro semestre do ano que vem.

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De acordo com o parlamentar, o professor Rafael Rocha, articulador político próximo a ele, assumirá, inicialmente, o comando do partido. “Os políticos que ocupam mandato neste momento não tem possibilidade de migrar por conta da janela partidária ser apenas em março. Em virtude disso, o professor Rafael é quem assume o partido”, explica.

Na prática, os benefícios da troca partidária de Wagner se traduzem em um melhor tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV e mais verba do fundo eleitoral, já que o PSL figura ao lado do PT como as duas maiores bancadas da Câmara dos Deputados.

Nas eleições municipais de 2020, ambos foram os que mais receberam verba do Fundão, com R$ 199 milhões e pouco mais de R$ 200 milhões, respectivamente. No ano que vem o PSL deve ser, novamente, um dos maiores beneficiados com verbas do fundo e tempo de TV.

Quando disputou a prefeitura da Capital no ano passado, Capitão Wagner tentou formalizar aliança com Freire antes do pleito, mas não obteve sucesso. O novo arranjo ocorre em meio às especulações de que Wagner deverá disputar o Governo do Estado no ano que vem. Apesar da oposição não ter batido o martelo, ele já se coloca à disposição para a disputa.

Além de Wagner e Freire, o grupo tem entre os apoiadores o senador Eduardo Girão (Podemos) e os prefeitos Vitor Valim (Caucaia), Glêdson Bezerra (Juazeiro do Norte) e Roberto Pessoa (Maracanaú). Caucaia e Juazeiro são os municípios com o 2° e 3° maiores colégios eleitorais do Estado, enquanto Maracanaú tem o uma das maiores economias do Ceará.

Cleyton Monte, pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC) aponta que Wagner busca uma “competitividade” com eventual migração para o PSL. “O capitão sabe que tem que arriscar caso queira ser governador. Isso porque ele está diante de um governo (Camilo) bem avaliado e com muitos partidos na base. Se você não se arrisca, dificilmente consegue. Ele busca competitividade”, diz.

Segundo Monte, há possibilidade de nova associação de Wagner ao presidente Bolsonaro (sem partido), eleito pelo PSL em 2018. “Na campanha para prefeito, em 2020, Wagner tentou neutralizar o apoio de Bolsonaro e mostrar autonomia. Se ele migra para o PSL, praticamente casa com Bolsonaro. Por quê? porque por mais que não seja o partido do presidente, é o partido mais governista que há. A bancada do PSL vota, na maioria das pautas, com o governo”, explica.

Segundo o especialista, isso pode ser “negativo”, porque a avaliação de Bolsonaro no Ceará não é boa. “Foi o único estado onde ele terminou em 3° no pleito de 2018 e sua avaliação não mudou significativamente desde então. Com certeza ele (Wagner) vai ser bombardeado nesse sentido”, reforça, analisando que o grupo de oposição no Ceará fará um “cálculo de campanha” colocando os prós e contras na mesa.

Em maio, Heitor Freire confirmou o convite para Capitão Wagner migrar para o PSL e nesta sexta-feira, 30, divulgou uma carta a correligionários confirmando a mudança na presidência e reforçando apoio a Wagner como pré-candidato a governador do Estado.

“Passo agora o comando para o meu amigo deputado federal e futuro governador do Ceará, Capitão Wagner, onde juntos vamos nos empenhar para aumentar nossa bancada na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional”, disse Freire, esclarecendo que ocupará a vice-presidência estadual e a presidência da sigla em Fortaleza.

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