Olimpíadas: Para além dos jogos, evento reflete conflitos geopolíticos; entenda

De união entre países em conflito até boicotes, confira como o maior evento esportivo também representa um palco para manifestações políticas

Apesar do Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendar a proibição de manifestações políticas no pódio, as Olimpíadas se tornaram o maior evento esportivo internacional com espaço para a expressão e manifestação política. 

Em 2018, durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, o mundo pode visualizar a aproximação entre as duas Coreias. Em sua 1ª visita à Coreia do Sul, Kim Yo-Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, apertou a mão do presidente sul-coreano, Moon Jae-In.

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Durante momento considerado inviável devido os conflitos entre as regiões, os atletas norte e sul-coreanos desfilaram unidos. Juntos, eles carregaram uma bandeira que mostrava o território da península sobre um fundo branco. Tal união só aconteceu em outras duas ocasiões, ambas nas Olimpíadas de Verão: Sydney (2000) e Atenas (2004). Neste ano, as duas Coreias aceitaram juntar seus atletas em 3 esportes: basquete feminino, canoagem e remo.

Os desdobramentos durante o campeonato, contudo, nem sempre foram marcados por momentos de paz. Em 1956, socos, pontapés, arranhões e sangue na piscina foi o cenário da disputa na semifinal do polo aquático nos Jogos de Melbourne. A busca pela medalha entre Hungria e União Soviética se tornou um conflito político dentro da água. Antes dos jogos, a capital húngara, Budapeste, havia sido invadida e um conflito armado estava em desdobramento.

No ano de 1992, nos Jogos de Barcelona, na Espanha, doze dos 15 países da ex-União Soviética competiram sob a bandeira olímpica e o nome de "Equipe Unificada", mas no pódio tocava o hino de cada ex-república soviética. As ex-repúblicas da União Soviética tinham se dissolvido e entrado em colapso há pouco tempo.

Na mesma edição, o Comitê Olímpico da África do Sul foi readmitido depois de ficar anos suspenso por conta do apartheid ainda existente no País. Nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, um grupo de 32 países, dos quais 24 eram africanos, decidiu não participar do evento em protesto ao fato de a emblemática seleção de rugby da Nova Zelândia, os famosos All Blacks, ter feito uma excursão em território sul-africano.

Os 32 países queriam que os neozelandeses fossem proibidos de participar dos Jogos Olímpicos de Montreal por terem furado o boicote à África do Sul, mas o COI não aceitou a exigência e eles optaram por ficar de fora da Olimpíada.

Com o aparecimento de Nelson Mandela e o fim do apartheid, a África do Sul foi autorizada a voltar aos Jogos Olímpicos e pôde reestrear em Barcelona. Na edição espanhola da Olimpíada, Derartu Tulu, atleta negra, da Etiópia, ganhou a medalha de ouro dos 10.000 m rasos, derrotando Elana Meyer, atleta branca, sul-africana.

Naquele ano, a Iugoslávia (sem Croácia, Eslovênia e Bósnia e Herzegovina)   foi proibida de competir por causa de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (757) em virtude da guerra civil. Mas, após negociações, o COI conseguiu que os atletas iugoslavos de esportes individuais participassem sob a bandeira olímpica como "Participantes Olímpicos Independentes" (IOP).

Em 2016, no Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a judoca Majlinda Kelmendi, do Kosovo, chorou depois de receber a medalha de ouro. Aquela era a 1ª medalha do país, que só teve seu Comitê Olímpico Nacional reconhecido pelo COI em 2014, depois de uma disputa territorial para se declarar independente da Sérvia, em 2008, e sem ser reconhecido pela ONU.

A medalha de ouro foi a principal conquista da judoca. O seu prêmio maior, no entanto, foi ver a bandeira do Kosovo no alto da Arena Carioca 2 ao som do hino do país. O triunfo sobre a italiana Odette Giufrida na categoria meio-leve foi acompanhada pelo presidente do COI, o alemão Thomas Bach, e do Kosovo, Hashim Thaçi.


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