Hostilizado por bolsonaristas, padre Lino ganha rede de apoio nas redes sociais

Diversas lideranças religiosas, políticas ou ligadas a movimentos sociais se manifestaram em apoio pároco, alvo de ameaças após críticas ao presidente

Vítima de ataques e protestos organizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, o padre italiano Lino Allegri, 82, tem movimentado verdadeira rede de apoio de religiosos, lideranças políticas e movimentos sociais do Ceará e de todo o Brasil.

Sacerdote da Paróquia da Paz, na Aldeota, Lino vem sendo alvo de ataques desde 4 de julho, quando fez críticas à condução de Jair Bolsonaro da pandemia de Covid-19 no País. Após uma série de ameaças e "patrulhas" de bolsonaristas contra sermões do padre, a paróquia decidiu afastar o religioso temporariamente das missas.

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O caso motivou o padre Júlio Lancellotti, pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, da cidade de São Paulo, a enviar mensagem de solidariedade ao italiano durante missa no último domingo, 18. Em vídeo, Lancellotti afirma estar junto de Lino "na luta pela libertação, pela vida, com esperança", e diz que a "retórica do ódio tem que ser enfrentada com diálogo".

Também no último fim de semana, diversos políticos do Estado se manifestaram sobre os episódios de violência e ameaças contra o padre. Classificando as ameaças contra o padre como "inaceitáveis", o governador Camilo Santana (PT) anunciou no domingo que reforçou a segurança da paróquia e determinou a abertura de um inquérito para apurar o caso.

Também no fim de semana, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), se manifestou sobre as ameaças. “ Mais um grave episódio de intolerância e uma afronta aos ensinamentos cristãos”. Já o presidente da Assembleia, Evandro Leitão (PDT), publicou nesta segunda-feira, 19, nota de “solidariedade ao Padre Lino e a todos e todas que sofrem com o preconceito e a intransigência”. Outros parlamentares se manifestaram sobre o caso.

Além de políticos, diversos movimentos sociais e entidades da sociedade civil também manifestaram apoio ao padre Lino após as agressões. Logo após o primeiro episódio de violência contra o padre, ocorrido ainda no início de julho, o Comitê Estadual de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua (Cepop), também lançou nota em repúdio "à violência, intolerância, fundamentalismo e posturas antidemocráticas".

Já nesta segunda-feira, 19, a organização da Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE) lançou nota de solidariedade contra "fanatismo e ódio bolsonarista". Outros grupos, como o Coletivo Rebento – que une médicos críticos ao governo Bolsonaro – e a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Ceará (Adpec), também lançaram notas de solidariedade ao padre.

Nas redes sociais, movimentos autônomos lançaram uma série de abaixo-assinados em defesa do pároco, tendo um deles atingido, até a noite desta segunda-feira, 19, a marca de 7,2 mil assinaturas. Nascido na Itália em 1938, o sacerdote vivem em Fortaleza desde 1991, quando iniciou como pároco nos bairros Genibaú e Tancredo Neves.

Críticos do padre acusam ele de utilizar a Igreja da Paz para fazer "proselitismo político" e "pregar o progressismo". As críticas começaram após o padre manifestar, durante uma missa, críticas a Jair Bolsonaro e lembrar das mais de 500 mil mortes por Covid-19 no Brasil.

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