Além de Dayany Bittencourt, veja outras esposas de políticos cearenses que entraram para a política

Para além das conexões com maridos e parentes próximos, mulheres cearenses possuem um histórico próprio na política local

Com o anúncio da filiação de Dayany Bittencout ao Republicanos nesta quarta-feira, 23, a pauta sobre a entrada de mulheres na política cearense e de que forma ela é associada a cônjuges ou parentes masculinos foi reavivada. Dayany é esposa do deputado federal Capitão Wagner (Pros) e estaria planejando sua candidatura a uma vaga de deputada federal no ano que vem.

Focados na popularidade do deputado na política local, muitos descrevem Dayany Bittencourt apenas como “a esposa do Capitão Wagner”; e ela mesma mudou o nome de seu perfil no Instagram para “Dayany do Capitão”, aprofundando ainda mais a conexão.

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Não é de hoje que pessoas, de ambos os sexos, são influenciadas a adentrar no âmbito político por parentes próximos. No entanto,de acordo com a professora Monalisa Soares, coordenadora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora no Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem), da mesma universidade, quando essas pessoas são mulheres, o enfoque dado às "conexões" é quase sempre maior; e as esposas de políticos são associadas aos seus companheiros como se não tivessem uma trajetória política própria.

“No caso da Dayany, tem outros elementos que reforçam essa narrativa, que é a possibilidade de candidatura ao governo do Ceará pelo seu companheiro. Caso ele perca a eleição, a ideia de que ela possa ser candidata a deputada federal seria uma forma de ‘ocupar’ o lugar que está sendo retido hoje pelo Capitão Wagner”, pondera.

Monalisa ainda destaca que, apesar de sofrerem com as afirmações de que estão sob a sombra do seu companheiro, o mais importante é que as mulheres que participam da política tenham um interesse genuíno pelo assunto. “Levar as demandas mais urgentes e ter disposição para lutar por esses direitos é o que vai diminuir o nosso déficit de representação”, diz.

Em um cenário nacional em que, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é avistado um aumento de 19,2% no número de vereadoras eleitas e uma redução de 32% no de municípios brasileiros que não elegeram nenhuma, ainda está longe de chegar a um equilíbrio com os 52% da população brasileira que são mulheres.

O POVO destacou alguns casos de mulheres cearenses que escolheram a vida pública e são relacionadas a políticos.

Aderlania Noronha (SD)

Aderlânia Noronha é uma política cearense, nascida em Parambu, na Região do Sertão dos Inhamuns. Filiada ao Partido Solidariedade, foi eleita a segunda mais votada à Deputada Estadual no pleito de 2014. Em seu primeiro mandato (2015-2019), foi a primeira mulher a compor a mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, apoiando pautas relacionadas à defesa das mulheres, dos idoso e do público infantojuvenil. Aderlânia também é esposa do deputado federal Genecias Noronha (SD) e atuou como primeira-dama de Parambu de 2005 a 2010.

Dra. Silvana (PL)

Silvana Oliveira de Sousa, mais conhecida como Doutora Silvana (PL), é uma política cearense, nascida em Fortaleza, capital do Ceará. Formada em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2010, assumiu o cargo de deputada estadual suplente pelo partido PMDB. Em 2014, foi eleita deputada estadual. Defende pautas como a inviolabilidade de princípios religiosos, a saúde e a vida. É casada com o médico, pastor, ex-vereador de Fortaleza e ex-deputado estadual Jaziel Pereira (PL).

Patrícia Saboya (PDT)

Patrícia Saboya é uma política e pedagoga sobralense filiada ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). É neta paterna do ex-senador Plínio Pompeu e tetraneta do ex-senador do Império do Brasil, Vicente Alves de Paula Pessoa. Foi esposa do político Ciro Gomes (PDT), ao lado de quem foi primeira-dama do estado e da capital cearense. Em 1996, Patrícia elegeu-se vereadora de Fortaleza, e, em 1999, já deputada estadual, criou a Frente Parlamentar pela Infância e Adolescência. Em 2002, foi eleita a primeira senadora do Ceará. De 2003 até o início de 2006, foi vice-líder do governo Lula no Senado e em 2009, foi eleita quarta secretária da Mesa Diretora do Senado Federal, sendo a primeira senadora cearense a ocupar esse posto. Hoje é conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Casos de protagonismo político feminino não associados a relações com políticos

Maria Luíza Fontenele (PT)

Maria Luíza Fontenele é uma política, professora e ex-prefeita de Fortaleza entre 1986 e 1989. Nascida no município de Quixadá, foi deputada estadual eleita pelo partido extinto MDB e reeleita pelo PMDB. Participou da oposição à ditadura civil-militar e do Movimento Feminino pela Anistia aos presos e perseguidos por crimes políticos. Também foi a primeira mulher a ser eleita prefeita de uma capital de estado brasileiro a primeira prefeita de capital eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Atualmente integra o movimento Crítica Radical.

Luizianne Lins (PT)

Luizianne de Oliveira Lins é uma jornalista, professora universitária e política cearense, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). É deputada federal pelo Estado do Ceará e ex-prefeita de Fortaleza. Disputou a reeleição nas eleições municipais de 2008, ganhando no primeiro turno. Ocupa, desde 2015, a relatoria da Comissão de Combate à Violência contra a Mulher do Congresso Nacional. Foi presidente do PT Fortaleza de 1999 a 2001 e presidente do Diretório Estadual de 2010 a 2013.

Augusta Brito (PCdoB)

Augusta Brito de Paula é uma política cearense e a primeira mulher eleita e reeleita deputada estadual pelo PCdoB no Ceará. Foi a primeira mulher líder do Governo na história da Assembleia Legislativa do Ceará e atua hoje como vice-líder do Governo na Casa. A parlamentar foi duas vezes prefeita da cidade de Graça, na região da Ibiapaba e, em seguida, ocupou o cargo de secretária de educação em São Benedito. Em 2014 foi eleita deputada estadual pela primeira vez e reeleita ao cargo em 2018.

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