Covid-19: estudo aponta que pelo menos 120 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil

Levantamento foi apresentado pelos pesquisadores Jurema Werneck e Pedro Hallal à CPI da Covid-19 nesta quinta-feira, 24

Pesquisa revelada nesta quinta-feira, 24, à CPI da Covid-19 aponta que pelo menos 120 mil mortes poderiam ter sido evitadas no primeiro ano de pandemia, caso o Brasil tivesse adotado medidas preventivas, como testagem da população, isolamento social e estímulo ao uso de máscaras.

Conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de São Paulo (USP), o estudo calculou o excesso de mortes por causas naturais no primeiro ano da pandemia, de março de 2020, após a primeira morte registrada no Brasil, até março de 2021. A partir deste recorte, foram identificadas cerca de 305 mil mortes acima do que seria esperado para este período com base nos óbitos registrados entre 2015 e 2019.

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Com base em relatórios científicos publicados nas revistas Science e Nature, que calcularam a efetividade de ações de isolamento social e restrição às atividades econômicas e educacionais na redução da transmissão do vírus e na mortalidade em diversos países, o estudo constatou que poderiam ter sido registrados 40% menos óbitos até março de 2021, caso as medidas preventivas tivessem sido aplicadas corretamente no país.

Intitulado “Mortes Evitáveis por Covid-19 no Brasil”, o estudo foi apresentado pela diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, e pelo epidemiologista Pedro Hallal. Ambos foram convidados à CPI para explicarem a relevância de medidas não farmacológicas no enfrentamento da pandemia.

"O estudo revelou o tamanho do desastre provocado por políticas equivocadas, incompletas, limitadas e intermitentes no Brasil: são 120 mil vidas que poderiam ter continuado, caso as autoridades tivessem seguido a ciência e gerido a pandemia com responsabilidade", observou Werneck.

A estimativa compreende as mortes diretamente ocasionadas pela Covid-19, além de óbitos indiretos, provocados pelo atraso no diagnóstico ou falta de tratamento de outras doenças em decorrência da saturação do sistema de saúde. O método adotado pelos pesquisadores considerou as medidas de isolamento e restrição de atividades implementadas por governadores e prefeitos no período, ainda que parciais e de baixa intensidade.

Em declaração dada durante a CPI, Werneck detalhou ações que o governo federal poderia ter adotado para reduzir o número de mortes. “As medidas não farmacológicas, como o uso de máscara, distanciamento físico e evitar aglomerações são alternativas importantes. Isso, os estudos mostram, teria feito a diferença. A pandemia foi anunciada em 2019. Era preciso preparar o sistema da saúde com oferta de profissionais treinados em quantidade o suficiente, oferta de leitos de hospitais e leitos de UTI”.

Um segundo núcleo da pesquisa avaliou os efeitos da falta de preparação do sistema de saúde como fator de ocorrência de mortes que poderiam ter sido evitadas. Os resultados obtidos revelaram que cerca de 20 mil pessoas (11,3% do total de registros de internação) morreram à espera de atendimento. Esse dado também se refere apenas aos primeiros 12 meses de pandemia e não considera o período de abril a junho de 2021.

A nota técnica sobre mortes evitáveis por Covid-19 foi encomendada pelo grupo Alerta, que reúne sete entidades da sociedade civil - Anistia Internacional Brasil, Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Oxfam Brasil e Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC).

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