Ministros do TCU se chocaram com manipulação dos dados do relatório citado por Bolsonaro

O verdadeiro relatório do órgão considera, inclusive, a possibilidade de subnotificação dos casos de Covid-19 no Brasil

A manipulação das informações de um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) chocou os seus ministros. Um documento apócrifo que circula nas redes sociais, com o título "Da possível supernotificação de óbitos causados por Covid-19 no Brasil", traz informações falsas, atribuindo-as ao órgão.

Os mesmos dados falsos foram citados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que garantiu, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, que teve acesso a documento do TCU que questionava o número de mortos pela covid no Brasil. Segundo o presidente, 50% dos óbitos teriam sido superdimensionados. Ele disse ainda ter repassado a informação para jornalistas de sua confiança.

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“Em primeira mão aí para vocês. Não é meu. É do tal de Tribunal de Contas da União. Questionando o número de óbitos no ano passado por Covid. E ali o relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por Covid ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, declarou.

A informação sobre supernotificação precisou ser desmentida pelo órgão por meio de uma nota oficial, publicada na noite dessa segunda, 7. “O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que 'em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por Covid', conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”, diz o documento.

O verdadeiro relatório do TCU destaca, inclusive, a possibilidade de haver subnotificação de casos de Covid-19 no Brasil, que já ultrapassa 17 milhões de infectados. A única vez que o documento considera a possibilidade de superdimensionamento é no trecho em que especula sobre os critérios de transferência de recursos adotados pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios. No entendimento, os repasses com com base no número de infectados, poderia, em tese, levar algum gestor a manipular as notificações. Um dos ministros do tribunal destaca, porém, que essa parte do texto, feita por técnicos, se trata de uma hipótese, sem comprovação real.

Segundo informação do jornal Folha de S. Paulo, os integrantes do tribunal não pretendem "discutir ou se contrapor publicamente ao presidente. O órgão deve se limitar a desautorizar as informações".

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