Quem é Fernando Henrique Cardoso (FHC), o ex-presidente que se reuniu com Lula

Aposentado da política, FHC é sociólogo e cientista político. Já foi eleito presidente da República duas vezes, tendo Lula como principal adversário nas urnas

O cientista político e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, popularmente conhecido como FHC, reuniu-se, nesta sexta-feira, 21, com o ex-presidente Lula (PT). Também eleito presidente do Brasil por duas vezes (1994 e 1998), tendo o petista como seu principal adversário, agora, ele se mantém aposentado da política, mas continua sendo referência nacional, principalmente dentro do PSDB. 

FHC esteve à frente do Brasil durante oito anos, tendo sido reeleito em 1998. O seu governo ficou marcado pelas políticas de estabilização da economia e pelas privatizações, mas também destacou-se pela crise energética que atingiu o final de seu mandato, em 2001, que ficou conhecida como crise do apagão. Depois da presidência, FHC passou a dar palestras.

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Nascido no dia 18 de junho de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, na época, capital do Brasil, FHC é filho de Leônidas Fernandes Cardoso e Naíde Silva Cardoso. Por conta da profissão do pai – militar –, FHC mudou-se ainda muito jovem para a cidade de São Paulo. Depois de ter concluído o ensino básico, ele ingressou na Universidade de São Paulo (USP), matriculando-se no curso de Ciências Sociais. Graduou-se em 1952 e, então, seguiu a carreira acadêmica, tornando-se professor universitário.

Ditatura militar

Na sua juventude, Fernando Henrique era próximo do movimento estudantil, simpatizava com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e frequentava grupos de estudos sobre marxismo. A repercussão internacional da invasão da Hungria pela União Soviética fez com que ele se afastasse dos movimentos de esquerda.

Entre 31 de março e 2 de abril de 1964, ocorreram os eventos relativos ao golpe militar de 1964. O início da “caça às bruxas” que se deu no Brasil fez com que FHC tivesse de fugir do país. Ele foi acusado de ser comunista pelo conteúdo ministrado em suas aulas, pelos livros que possuía e porque, na década de 1950, participou ativamente na campanha de nacionalização do petróleo brasileiro, conhecida como “O petróleo é nosso”.

Por estes motivos, FHC acabara sendo perseguido e teve que fugir, após ordem de prisão. Ele foi primeiro para a Argentina e depois para o Chile. Só retornou ao Brasil no começo de 1968, já atuando como professor na USP. A outorga do AI-5, no entanto, fez com que ele fosse compulsoriamente aposentado. FHC participou da fundação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e passou a sustentar-se dando aulas em instituições privadas no Brasil e no exterior.

Política

Em 1970, Cardoso ingressou na carreira política, após aproximar-se de políticos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Candidatou-se a senador pelo estado de São Paulo e ficou em segundo lugar ao receber mais de 1,2 milhão de votos. Sua colocação garantiu-lhe a posição de suplente.

Fernando Henrique durante a década de 1970.
Fernando Henrique durante a década de 1970. (Foto: Domínio Público)

Ele assumiu o cargo de senador em 1982, quando o emedebista Franco Montoro foi eleito governador de São Paulo. Na época, ele envolveu-se diretamente com a campanha das Diretas Já. Em 1986, foi reeleito senador por São Paulo ao receber mais de seis milhões de votos. A eleição de FHC e outros peemedebistas (o MDB já havia recebido o nome de PMDB) foi resultado da grande popularidade do partido por conta do momentâneo sucesso do Plano Cruzado. 

A trajetória fez com que ele se tornasse líder do PMDB no Senado, tendo participado ativamente da Constituinte que elaborou a Constituição Cidadã. Durante os trabalhos dos constituintes, um racha no interior do PMDB levou ao surgimento de um novo partido: o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Agora tucano, FHC participou do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello e aproximou-se do vice, o mineiro Itamar Franco, com o intuito de junto desse articular uma nova agenda de governo para o Brasil. Com a posse de Itamar, ele acabou sendo indicado para ocupar o Ministério das Relações Exteriores.

Plano Real

Brasília - Congresso realiza sessão solene em comemoração aos 20 anos do Plano Real. Na foto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros  (Wilson Dias/Agência Brasil)
Brasília - Congresso realiza sessão solene em comemoração aos 20 anos do Plano Real. Na foto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (Wilson Dias/Agência Brasil) (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Em maio de 1993, FHC foi convocado por Itamar para assumir o comando do Ministério da Fazenda. O objetivo ousado era o de estabilizar a economia brasileira após anos de inflação elevada. FHC formou seu ministério com uma equipe de economistas que implantou o Plano Real em diferentes etapas, entre 1993 e 1994. O sucesso do projeto acabou projetando Fernando Henrique como grande favorito para a eleição presidencial do mesmo ano. Como esperado, ele foi eleito. 

Governo FHC

 

Fernando Henrique Cardoso em evento de posse
Fernando Henrique Cardoso em evento de posse (Foto: FUNDAÇÃO FHC)

Fernando Henrique foi eleito no primeiro turno com mais de 34 milhões de votos, correspondendo a um total de aproximadamente 55% dos votos válidos. O segundo colocado foi Lula, que já na busca pela Presidência recebeu menos da metade dos votos totais conquistados por FHC.

O governo tucano foi marcado pelas iniciativas de garantir a estabilização dos preços e a recuperação econômica. O governo de FHC realizou aumento nos impostos, cortes nos gastos públicos e procurou encher os cofres públicos com dinheiro oriundo da privatização de empresas estatais, com o que arrecadou quase 80 bilhões de dólares.

O político tentou promover uma integração regional pelo Mercosul e garantiu alguns valores praticados pelo Brasil no que se refere à política externa: o pacifismo e a não-intervenção. Ele também tentou garantir uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Na área social, ele criou alguns programas, como o Bolsa-escola, o Auxílio-gás e o Bolsa-alimentação.

Como presidente, porém, ele fracassou ao tentar realizar a desvalorização controlada do real. A desvalorização saiu do controle e o risco da desestabilização econômica acabou voltando ao Brasil, fazendo com que a popularidade do presidente caísse bastante. Em seu segundo governo, após ser reeleito em 1998, elevou-se que o custo de vida e as condições para os mais pobres estavam piorando. 

Com a crise do apagão, a queda na popularidade de FHC ganhou bastante força. Ela foi resultado da má gestão no setor energético do País, resultando em racionamento de energia severa. Os impactos do apagão foram sentidos no PIB e nos cofres públicos.

Fernando Henrique Cardoso entrega faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva
Fernando Henrique Cardoso entrega faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Agência Senado)

O enfraquecimento do PSDB na virada do milênio foi perceptível a ponto de o maior adversário do partido, o PT, ter conquistado grande número de prefeituras no país em 2000. Em 2002, FHC não conseguiu fazer com que seu candidato - o ex-ministro da Saúde José Serra - fosse eleito e, com isso, Lula venceu no segundo turno com mais de 52 milhões de votos, correspondendo a 61% dos votos válidos.

FHC em 2021

Fernando Henrique Cardoso está atualmente em seu segundo casamento com Patrícia Kundrát, realizado no ano de 2014, após se conheceram no Instituto FHC. Ele tem três filhos, entre eles Paulo Henrique, Luciana e Beatriz, frutos da sua primeira esposa, Ruth Cardoso, doutora em antropologia, que faleceu em 2008. Em 2014, FHC casou-se pela segunda vez.

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