Síncope vasovagal: entenda o quadro que já afetou Pazuello e Cid Gomes

O ex-ministro da Saúde precisou adiar depoimento à CPI da Covid. Cid Gomes chegou a desmaiar em plenário no ano de 2019

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, passou mal na tarde desta quarta-feira, 19, após depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O depoimento teve de ser suspenso e será retomado nesta quinta-feira, 20. Vinte e três senadores estavam inscritos para fazerem perguntas, segundo o G1.

Segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, o ex-ministro teve uma síncope de vasovagal. É o mesmo quadro que já afetou o senador Cid Gomes, em 2019. Na ocasião, o pedetista desmaiou durante seu discurso. O parlamentar foi socorrido por colegas da Casa - incluindo o próprio Otto - e teve sua saúde restabelecida. O caso dos dois personagens trata-se de um problema que pode afetar qualquer pessoa.

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Síncope é a perda súbita e transitória de consciência onde o indivíduo acorda espontaneamente. Segundo o médico Ronaldo Távora, profissional do Hapvida que é especialista em arritmia cardíaca, -, existem vários tipos de síncope e, no caso da vasovagal, o paciente apresenta grande quantidade de sangue concentrada nos membros inferiores, fato que dificulta a circulação do fluido pelo restante do corpo, especialmente pelo coração e cérebro.

O médico elucida que a síncope vasovagal não é uma doença, mas neurorreflexos que todas as pessoas possuem, reagindo de formas diferentes. "As pessoas reagem de formas diferentes a dor, e também reagem de formas diferentes aos neurorreflexos", exemplificou.

Quando chega pouco sangue no cérebro, ele manda sinais para o coração com o objetivo de tentar manter a mesma quantidade do fluido circulando na região. Consequentemente, o coração bate mais rápido e mais forte, para suprir a necessidade, mas ele bombeia com pouca quantidade de sangue.

"O coração reenvia sinais para o cérebro informando que aquela ação foi excessiva e, por isso, o cérebro sinaliza para que os vasos se relaxem (vaso) e bata mais lento (vagal). Desta forma, a pressão arterial despenca e o indivíduo perde transitoriamente a consciência e o tônus postural, daí a queda", explicou Távora.

Entenda síncope vasovagal
Entenda síncope vasovagal (Foto: Luciana Pimenta e Marcelo Justino/infográfico)

Segundo o site do Ministério da Saúde, ambientes fechados ou aglomerados, ficar em jejum, horas em pé ou ansioso também são determinantes para desencadear o problema.

No caso de Cid, o cearense foi posicionado com costas no chão e as pernas para cima, fator que - de acordo com Ronaldo -, facilitou o retorno da consciência do pedetista.

"Deitado, o sangue que outrora estava nas pernas retorna mais rápido ao coração e isso aumenta o volume de sangue ejetado (débito cardíaco), normalizando o fluxo cerebral em poucos segundos. Por isso o indivíduo acorda rápido embora fique tonto ainda por alguns minutos", explicou o especialista.

"Alguns indivíduos são mais sensíveis do que os outros e algumas situações podem potencializar um possível desmaio. Até 15% da população pode ter algum desmaio em algum momento da vida", adverte o profissional.

Há tratamento?

Não existe um tratamento específico para a síndrome vasovagal. Se o seu diagnóstico for confirmado, medicamentos podem ser receitados em alguns casos, para evitar a queda da pressão arterial, mas geralmente os cuidados são comportamentais. Os portadores dessa síndrome aprendem a evitar alguns ambientes e a controlar as situações que podem desencadeá-la.

Quais são os sintomas
O médico indica alguns sintomas que são comuns em pacientes com síncope de vasovagal, mas alerta que é necessário procurar sempre orientação médica para ter diagnóstico mais preciso.

"O paciente apresenta turvação visual, começa a ver pontos regressivos e a visão vai escurecendo de fora para dentro. Em poucos segundos ele pode retornar a consciência. A recuperação é rápida", afirmou. Ronaldo também revela que alguns métodos popularmente utilizados quando há algum desmaio - como fazer o paciente inalar álcool etílico -, não são eficazes quando há uma síncope vasovagal. "Deitar a pessoa é a melhor escolha. Isso melhora o retorno renoso do sangue para o coração. Mas a principal coisa a se fazer é uma consulta cardiológica".

Locais fechados, com grande aglomeração de pessoas - como igrejas, praças esportivas e shows -, má alimentação e passar muito tempo em pé potencializam a síncope vasovagal.

Cuidados
Algumas atitudes podem ser tomadas para que a síncope vasovagal seja controlada. Estar bem hidratado e alimentado e fazer exercícios físicos que privilegiem os membros inferiores colabora para minimizar os efeitos.

Ronaldo, no entanto, adverte que se o paciente não reagir bem a esses métodos, precisa passar por uma reabilitação autonômica, orientados - na grande maioria das vezes -, por fisioterapeutas. Isso vai possibilitar que o paciente se adapte a situações que podem provocar desmaios.

Outras dicas:

- evite ficar em pé por períodos longos;
- beba bastante água (2 litros por dia), pois ajuda a aumentar a pressão arterial e a prolongar a capacidade de ficar em pé por mais tempo;
- evite bebidas desidratantes, como álcool;
- evite ambientes quentes e fechados;
- movimente as pernas e as panturrilhas enquanto estiver em pé;
- se começar a sentir algo estranho, deite-se com as pernas elevadas;
- se for desmaiar, deite-se ou aproxime-se do chão para não se machucar na queda.

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