De olho em 2022, Lula conclui série de encontros em Brasília: "Até a próxima!"

Em quatro dias, o ex-presidente se reuniu com figuras importantes do tabuleiro político nacional, como o ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o presidente do PSD Gilberto Kassab. Objetivo: se aproximar do Centrão e atrair nomes hoje próximos ao presidente Jair Bolsonaro

O ex-presidente Lula encerrou nesta sexta-feira, 7, seu "tour" de articulações políticas por Brasília, com vistas às eleições de 2022. Como objetivo principal, atrair o apoio de forças do chamado Centrão, que hoje estão próximas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A abertura da agenda foi na segunda-feira, dia 3, quando Lula se reuniu com o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ). Em pauta, a sucessão do governo do Rio de Janeiro, em crise continuada após o impeachment do ex-governador Wilson Witzel. Freixo deve concorrer ao Palácio da Guanabara pelo PSB, com o apoio de Lula.

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O deputado Marcelo Freixo deve ser candidato ao governo do Rio pelo PSB
O deputado Marcelo Freixo deve ser candidato ao governo do Rio pelo PSB (Foto: Divugação/Redes sociais)

"Conversamos sobre uma aliança ampla, tanto no Brasil como no Rio. Temos que garantir a união dos partidos que naturalmente estariam juntos (de esquerda), e ver quem mais poderia nos apoiar. Falei que meu nome está colocado, tenho conversado com amplos setores e muitos partidos que estão dispostos. A tendência do PT é apoiar essa aliança", disse Freixo

Na terça-feira, dia 4, o ex-presidente teve uma extensa agenda de reuniões com senadores. Ele recebeu a bancada do PT no Senado, os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Kátia Abreu (Progressistas-TO) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).

Segundo Eunício, a conversa com o aliado passou pela política do Brasil e do Ceará. Foram mais de duas horas de reunião. Os dois se encontraram durante a tarde, acompanhados também da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do senador Paulo Rocha (PT-PA).

Lula e Eunício expuseram pela primeira vez o encontro sobre eleições 2022
Lula e Eunício expuseram pela primeira vez o encontro sobre eleições 2022 (Foto: DIVULGAÇÃO)

"Conversa entre amigos, analisamos muitos locais, o presidente abriu a conversa agradecendo à lealdade que sempre tive, o comportamento que sempre tive em todas as horas difíceis", afirmou o emedebista, para quem reunião serviu para analisar bastidores e reencontrar o amigo petista.

Eunício é parte de um grupo de sete emedebistas, entre senadores e ex-senadores, que mantém diálogo frequente com o ex-presidente.

No MDB, Eunício é dos mais próximos de Lula, de quem foi ministro das Comunicações (2004-2005). Ele articula o retorno à política em 2022 - de modo ainda indefinido.

Lula, por sua vez, tem tido agendas políticas com atores de outras legendas, articulando filiações e apoios a quadros de outros partidos. O senador Fábio Contarato (Rede-ES) está no radar de Lula, que quer filiá-lo para a disputa ao Governo do Espírito Santo.

Na quarta, dia 5, o petista recebeu o ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab. O dirigente partidário já foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff, mas hoje comanda uma legenda que está na base do presidente Jair Bolsonaro.

Gilberto Kassab é um dos nomes cortejados por Lula. PSD pode ser crucial no resultado eleitoral de 2022
Gilberto Kassab é um dos nomes cortejados por Lula. PSD pode ser crucial no resultado eleitoral de 2022 (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação )

Kassab negou que vai apoiar Lula para presidente. "Ele, como o Bolsonaro, sabe que teremos candidato próprio", disse ao Estadão. Outros dirigentes do Centrão enxergam neste gesto uma estratégia para que o PSD não se comprometa com nenhum apoio antecipado para eleição de 2022 e possa definir uma posição quando um favoritismo estiver mais claro na disputa pelo Planalto.

No mesmo dia, o petista teve reunião com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), arquirrival de Jair Bolsonaro. Lula teria pedido unidade no estado Rio para que o atual presidente possa ser derrotado em seu reduto eleitoral.

Nesta quinta, almoçou com o também ex-presidente José Sarney (MDB), nesta quinta-feira, 6, em Brasília. Um dos temas da conversa, na casa de Sarney, foi a montagem de palanques estaduais na eleição presidencial de 2022. Pré-candidato ao Palácio do Planalto desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou seus processos na Lava Jato, Lula tem conversado com dirigentes de vários partidos, do Centrão à esquerda, para garantir um amplo leque de apoios.

Ex-presidente Lula (PT) se encontrou com o ex-presidente José Sarney (MDB) nesta quinta-feira, 6, em Brasília
Ex-presidente Lula (PT) se encontrou com o ex-presidente José Sarney (MDB) nesta quinta-feira, 6, em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert)

Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o ex-presidente quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos estados. Exemplos disso são Alagoas, onde o grupo de Renan Filho (MDB) busca permanecer no comando, e Pará, governado por Helder Barbalho (MDB), pré-candidato à reeleição. Lula é próximo dos pais dos dois governadores.

O senador Jader Barbalho (MDB-PA), pai de Helder, esteve com o petista na segunda-feira. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), pai do governador de Alagoas e relator da CPI da Covid, não se reuniu com ele, mas tem estado em constante contato por telefone. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), aliado regional dos Calheiros, esteve com Lula nesta quarta-feira, 5.

"Historicamente sempre tivemos aliança PT e MDB no Estado de Alagoas, mas a gente tem que discutir qual vai ser o caminho, não foi aberta essa discussão ainda", afirmou Isnaldo.

"Conversamos sobre o Brasil, o momento atual, as preocupações dele na pandemia, esse momento que a gente está vivendo. (Lula fez) um comparativo no trato dele com as relações exteriores, como era à época e como ele está vendo o momento", afirmou o líder emedebista.

Uma reunião entre Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), havia sido articulada pela bancada petista no Congresso, mas não aconteceu. De acordo com o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), o ex-presidente não conseguiu ajustar um horário. Além de Sarney, Lula passa esta quinta se reunindo com embaixadores. "Ficou para buscar uma saída nesta quinta, mas acabou que os dois estão super ocupados. (Lula) Está cheio de agenda com embaixadas e não tem tempo. Ficou pra próxima vinda", disse o líder do PT ao Estadão.

Os diplomatas que se reuniram com o petista nesta quinta são o embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, e o da Argentina, Daniel Scioli. Lula tem se encontrado com representantes internacionais para se informar sobre a aquisição de vacinas contra a covid-19. Na noite de segunda-feira, o ex-presidente compareceu a um jantar com o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms.

A agenda com Pacheco seria o primeiro encontro do petista com um chefe de poder desde que retomou seus direitos políticos, após o Supremo Tribunal Federal anular suas condenações na Lava Jato. O encontro estava previsto para acontecer na residência oficial do Senado. Pacheco contou tanto com o apoio de Bolsonaro quanto do PT para chegar ao comando do Senado. Ontem, o presidente do Senado participou, ao lado de Jair Bolsonaro, de um evento do Ministério das Comunicações sobre a tecnologia 5G.

Dirigentes do PT negaram que Bolsonaro tenha agido para evitar o encontro entre Lula e Pacheco, mas enxergaram uma atuação do Planalto para evitar que o ex-presidente se reunisse com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

As intenções de Lula
O ex-presidente tem buscado ampliar o leque de alianças do PT e procurado conversar com políticos fora do espectro da esquerda. De volta ao palco eleitoral depois da decisão do STF que deu de volta seus direitos políticos, Lula se movimenta para atrair políticos do Centrão como aliados em 2022. O bloco dá sustentação ao presidente Jair Bolsonaro na Câmara, mas o petista aposta em desgarrados de partidos que hoje estão com o governo para compor palanques regionais.

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