Mandetta: "Era constrangedor explicar" divergências entre ministério da Saúde e Bolsonaro

Ex-ministro afirmou durante depoimento que o presidente tinha "outra visão" sobre a pandemia

Na manhã desta terça-feira, 4, durante o primeiro dia de depoimentos da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, negou a existência de alguma proposta técnica do presidente Jair Bolsonaro ao ministério quando estava na pasta. Logo depois, Mandetta afirmou que o presidente tinha "outra visão" sobre a pandemia e que percebia um desconforto com o Planalto. 

"Havia por parte do presidente um outro olhar, uma outra decisão que influenciou no seu convencimento. O que havia ali era um outro caminho, que ele decidiu, não sei se através de outras pessoas ou por conta própria", afirmou. Ele completou: "Era muito constrangedor explicar porque o ministério estava indo por um caminho e o presidente por outro".

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"O presidente, na maioria das vezes, compreendia. Eu achava que estava fazendo um bom trabalho. Mas passado dois ou ou três dias voltava para aquela situação que não havia compreendido aquela situação. Eu explicava, ele entendia. Mas, na prática, aí é uma coisa pública e vocês viram". E completou: "Eu explicava com tranquilidade, ele entendia e falava 'ok, entendi'. Aquilo dali ficou como uma coisa, tem outras pessoas que falam outras coisas", completou Mandetta. 

O ex-ministro afirmou também que o isolamento social teria sido uma medida adequada no início da pandemia, quando era ministro. "Naquele momento era fundamental que se fizesse uma fala una em relação à prevenção e que se fizesse o isolamento", afirmou. "Primeiro porque tínhamos baixo número de casos. E porque essa doença entrou pelos ricos, estava no hospital Albert Einstein, no hospital Sírio-Libanês", completou.

O senador e relator da comissão Renan Calheiros (MDB) lembrou das manifestações presenciais contra o isolamento e a defesa do "isolamento vertical", que seria voltado apenas para idosos e vulneráveis. "Todas as recomendações, as fiz. Em público, nos boletins, no conselho de ministros, diretamente ao presidente, a todos os secretários de Saúde", afirmou Mandetta. "Nunca tive discussão áspera, mas sempre coloquei (as recomendações) de maneira muito clara". 

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