Lava Jato denuncia esquema de manipulação de taxas de câmbio que gerou prejuízo de R$ 95,6 milhões à Petrobras

Onze pessoas foram denunciadas em esquema que direcionava contratos de câmbio da Petrobras para o Banco Paulista, que cobrava taxas acima do valor médio de mercado. O sobrepreço era divido entre os investigados

Onze pessoas foram denunciadas pelo núcleo da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) por um esquema de manipulação de taxas nas operações de câmbio entre a Petrobras e o Banco Paulista. A acusação aponta um esquema de lavagem de dinheiro que direcionava o fechamento de contratos de câmbio para o Banco Paulista que, à primeira vista, contava com taxas menores em relação aos demais bancos.

Para o funcionamento do esquema, o grupo também contava com um integrante do banco Bradesco, que apresentava taxas menos competitivas, garantindo a negociação do concorrente com a estatal. “Os funcionários públicos ou cotavam só com o Paulista, ou cotavam com o Paulista e com o Bradesco, sendo que participava da organização também um operador da mesa do Bradesco, que oferecia taxas piores do que o paulista, para que este vencesse a concorrência”, explica MPF em nota.

A denúncia foi apresentada pelo Núcleo da Lava Jato no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na sexta-feira, 30, na esteira da 74ª fase da operação Lava Jato, deflagrada em novembro de 2020.

Ainda segundo o MPF, funcionários do banco cobravam sobrepreço nas operações cambiais e dividiam o valor excedente entre si. A propina era recebida por meio de contratos fictícios entre o Banco Paulista e a empresa QMK Marketing. O prejuízo para a Petrobras é estimado em mais de R$ 95 milhões.

As investigações apontam que, nas operações de compra de dólar com o Banco Paulista, em 88% das vezes, as taxas pagas estavam acima do valor médio do mercado. Em 66% das situações, a taxa era a maior do mercado no dia da negociação. Nas negociações de venda, no entanto, em 82% das vezes, a taxa ofertada estava abaixo da média do mercado.

Segundo a apuração, o esquema teria ocorrido entre 2008 e 2011. A Procuradoria solicita que todo o valor envolvido seja devolvido à petroleira, com atualizações. Além disso, pede que a Justiça Federal condene os acusados ao perdimento de valores e ao pagamento de danos morais gerados à estatal.

Os denunciados são:


Larry Carris, gerente de operações no mercado interno da Petrobras: denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e peculato.

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Elizabeth Sinopoli, administradora sênior da diretoria financeira da Petrobras: denunciada pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e peculato.


Marcos Aurélio Fernandes, supervisor de câmbio: denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.


Alice Braga, funcionária do Banco Paulista: denunciada pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.


Álvaro Vidigal, sócio do Banco Paulista: denunciado pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.


Tarcísio Rodrigues Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista: denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.


Thiago Lazari Palamim, gerente da mesa de câmbio do Banco Paulista: denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.


Robson Aranha Martins, gestor do escritório de representação de câmbio do Banco Paulista: denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.


Paulo Barreto, membro da mesa de câmbio do Banco Paulista: denunciado pelos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.


Maria José Amaral, sócia da QMK Marketing: denunciada pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.


João Romero Lopes Filho, sócio-administrador QMK Marketing: denunciado pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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CORRUPÇÃO CÂMBIO LAVA JATO MANIPULAÇÃO

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